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Bernardo Mello e Gabriel Martins
Presidente se inclui em análise sobre políticos e coloca dúvidas sobre parte do Congresso: 'Tem gente que não é apenas conversar'
Bolsonaro gesticula durante cerimônia na Firjan, nesta segunda-feira (20) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
RIO - O presidente Jair Bolsonaro declarou, durante homenagem na Federação das Indústrias do Rio (Firjan) nesta segunda-feira, que "o grande problema" do Brasil "é a nossa classe política" . A declaração foi feita pelo presidente em discurso após receber a Medalha do Mérito Industrial na cidade. Na última sexta, Bolsonaro compartilhou um texto via WhatsApp que carregava tom crítico contra a classe política e dizia que o país era "ingovernável" fora de "conchavos políticos".
Bolsonaro falava sobre a pluralidade religiosa do Brasil, e destacava que "todos têm espaço aqui", quando fez sua menção à classe política. O presidente fez uma referência ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella , e ao governador Wilson Witzel , que também estavam presentes na cerimônia na Firjan, e incluiu a ele próprio na sua avaliação sobre a atuação dos políticos em geral.
- [O Brasil] É um país maravilhoso que tem tudo para dar certo, mas o grande problema é a nossa classe política. 'É nós', Witzel, 'é nós' Crivella, sou eu, Jair Bolsonaro, é o Parlamento em grande parte, é a Câmara Municipal, a Assembleia Legislativa. Nós temos que mudar isso. Não existe maior satisfação para um político do que ser reconhecido em qualquer lugar, do Brasil ou fora do Brasil. Ser reconhecido pelo lado bom. Temos que mudar o destino do Brasil - declarou Bolsonaro.
O presidente ensaiou um aceno ao Congresso ao dizer que deseja "conversar", mas voltou a levantar suspeitas sobre os interesses que guiam parte dos parlamentares.
- O que eu mais quero é conversar. Mas sei que tem gente que não é apenas conversar - afirmou.
Bolsonaro falava sobre a Medida Provisória 881, chamada de MP da Liberdade Econômica, enviada pelo governo federal ao Senado, quando fez uma análise mais ampla sobre as propostas que tramitam nas duas Casas legislativas.
- [As pessoas] Querem agilidade para votar as propostas na Câmara e no Senado. E se Câmara e Senado têm propostas melhores que as nossas, que coloquem em votação. Não há briga entre os Poderes. O que há é uma grande fofoca que nos inviabiliza por vezes - disse Bolsonaro, numa crítica à atuação da imprensa.
Bolsonaro enalteceu ainda o fato de ter escolhido alguns de seus ministros por indicação de bancadas temáticas na Câmara - casos de Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura) -, e disse que "não tem como dar certo" uma administração que se guia por interesses partidários. O presidente garantiu que tem "confiança em 100%" nos seus ministros.
Entre os ministros que acompanhava Bolsonaro na Firjan estavam Bento Albuquerque (Minas e Energia), cuja atuação foi elogiada pelo presidente em seu discurso, e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), alvo de críticas de algumas alas do governo. Bolsonaro fez menção a Santos Cruz no início do discurso, ao dizer que ele tem "uma função difícil sob sua responsabilidade em Brasília".
- Imagina se eu não tivesse confiança em 100% nos ministros que indiquei? Como não conseguem nos derrubar por medidas outras, por assim dizer, ficam o tempo todo metendo uma cunha entre nós - declarou.
Após o pronunciamento de Bolsonaro, o porta-voz da Presidência Otávio Rêgo Barros reforçou que Santos Cruz também acompanhou o presidente em sua viagem aos EUA, na última semana.
- O ministro acompanha e dialoga diariamente com o presidente. O entendimento entre eles (em relação aos ataques) é: vida que segue - disse o porta-voz.
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