sexta-feira, 24 de maio de 2019

ANÁLISE: O que acontece depois da renúncia de Theresa May? E para onde vai o Brexit?

OGLOBO.COM.BR
Benjamin Kentish, do Independent

A escolha da nova liderança conservadora começará formalmente em 10 de junho

A primeira-ministra britânica Theresa May volta para a residência oficial após anunciar nesta sexta-feira que renunciará Foto: TOLGA AKMEN / AFP 24-5-19

Os dias de Theresa May como primeira-ministra britânica estão chegando ao fim. A primeira-ministra anunciou nesta sexta-feira que renunciará , abdicando do cargo de líder do Partido Conservador em 7 de junho. Ela permanecerá como primeira-ministra até que um novo líder da legenda seja eleito.
O anúncio veio em meio a pedidos de deputados conservadores para que ela abrisse mão do poder. A premier irritou muitos conservadores na terça-feira, quando fez uma nova proposta para conseguir aprovar oBrexit no Parlamento, que incluía compromissos com uma união aduaneira com a UE e a possibilidade de um segundo referendo.
Por que ela ela decidiu sair agora?
May até então rejeitara todos os apelos para deixar o cargo antes de entregar o Brexit. Ela havia prometido renunciar se os deputados aprovassem seu acordo de saída, mas não disse quando deixaria o cargo se não conseguisse a aprovação de seu plano.
Com pouca perspectiva de que o acordo passe pela Câmara dos Comuns, ela ficou sob pressão crescente para definir um cronograma para sua saída, independentemente do que acontecer com o Brexit.
Sua mais recente oferta de compromissos para o Brexit, na terça-feira, provocou uma nova onda de fúria entre os deputados conservadores e acelerou sua partida.
A líder do governo na Parlamento, Andrea Leadsom, renunciou, enquanto outros ministros do gabinete procuraram a premier para comunicá-la que não poderiam apoiar o seu plano. Muitos deputados intensificaram seus pedidos para que ela partisse.
O que teria acontecido se ela se recusasse a deixar o poder?
Se May tivesse se recusado a renunciar, ela provavelmente teria sido forçada a deixar o cargo por seu gabinete ou por parlamentares conservadores. Os dois grupos ficaram cada vez mais frustrados com a maneira como ela lidava com o Brexit. Havia poucos parlamentares conservadores que acreditavam que ela deveria permanecer no cargo.
Sob as atuais regras do Partido Conservador, não pode haver um voto de desconfiança à liderança do partido até dezembro — um ano após a último moção de desconfiança, proposta pelo Partido Trabalhista, que May derrotou.
No entanto, a Executiva do partido já fizera uma votação secreta para mudar as regras e permitir outro voto de desconfiança dentro de alguns dias. Esses votos teriam sido contados nesta sexta-feira se May tivesse se recusado a marcar uma data para sua partida, e é quase certo que uma maioria teria sido atingida.
O que acontecerá no dia 7 de junho, quando ela se demitir?
May vai deixar o cargo de líder do Partido Conservador em 7 de junho, mas não o de primeira-ministra. Ela continuará governando o país e cumprindo seus deveres oficiais até que um sucessor seja escolhido.
A escolha de uma liderança conservadora começará formalmente na semana seguinte à sua renúncia, em 10 de junho. Não há ainda prazo para a seleção.
Em um comunicado conjunto divulgado logo após o anúncio de May, dirigentes do Partido Conservador responsáveis pelo processo de escolha de um novo líder disseram que ele será concluído até meados de julho.
May provavelmente usará o período intermediário para tentar aprovar legislação sobre seus projetos favoritos — e possivelmente algumas das partes menos polêmicas de sua proposta para o Brexit —, a fim de garantir que deixará algum tipo de legado.
Como funciona a escolha da liderança do Partido Conservador?
As regras do Partido Conservador são vagas sobre como a seleção de seu líder deve funcionar. Tudo o que as regras afirmam é que os deputados conservadores devem reduzir o número de candidatos, que se espera que sejam muitos, a dois, por meio de uma série de votos sequenciais, que ocorrerão antes do final de junho.
Os dois últimos candidatos passarão pelo voto de todos os membros do partido, que deverá acontecer, juntamente com uma série de comícios, no início de julho. O favorito dos atuais apostadores é o polêmico ex-chanceler Boris Johnson, mas pelo menos dez conservadores devem tentar a chance no ringue.
O que a saída de May significa para o Brexit?
A nova proposta de acordo para o Brexit de Theresa May, anunciada no início da semana, está morta mesmo antes de chegar ao Parlamento. Mesmo conservadores que votaram a seu favor na última vez, quando a proposta anterior foi derrotada por 58 votos, dizem que não o farão novamente.
O que isso significa para a saída do Reino Unido da UE depende de quem assumir o cargo de primeiro-ministro. Se, como muitos esperam, o próximo líder for um defensor radical do Brexit, como Boris Johnson ou Dominic Raab, eles terão que decidir se tentam renegociar o acordo ou sair sem um acordo em 31 de outubro.
Os candidatos foram tímidos sobre os seus planos até agora e o destino do Brexit provavelmente só ficará claro durante a eleição da nova liderança. Tudo o que agora é certo é que Theresa May não será a primeira-ministra quando a Grã-Bretanha deixar a UE — se é que de fato deixará.

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