segunda-feira, 20 de maio de 2019

ECONOMIA: Dólar sobe pelo 4º dia e fecha cotado a R$ 4,10; Bolsa avança 2,17%, na contramão do exterior

OGLOBO.COM.BR
Rennan Setti

Investidores enxergam Congresso assumindo protagonismo na reforma da Previdência

Notas de dólar americano Foto: Reprodução / 

RIO — O dólar subiu pela quarta sessão nesta segunda-feira, avançando a R$ 4,103 (0,1%), em sessão volátil. A cotação é a maior desde setembro, apesar de o Banco Central ter tentado atenuar o movimento com um leilão de US$ 1,25 bilhão. Os investidores ainda se mostram avessos a risco diante das dificuldades de articulação política, da lentidão econômica e da guerra comercial no exterior, embora o mercado tenha identificado sinais positivos nas negociações entre Congresso e Executivo em prol da reforma da Previdência. Esses sinais permitiram que a Bolsa subisse 2,17%, aos 91.946 pontos, depois de três quedas seguidas na semana passada terem deixado muitos papeis do Ibovespa "baratos". No exterior, porém, todos os pregões terminaram no negativo por causa da escalada no conflito entre EUA e China.
Como mostrou O GLOBO nesta segunda-feira, a equipe econômica negocia um relatório alternativo para facilitar a aprovação da reforma da Previdência . No fim de semana, técnicos se reuniram com o relator da proposta na comissão especial que analisa a matéria, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para avaliar emendas de parlamentares e o impacto delas na economia esperada com a reforma. O objetivo é manter o patamar de R$ 1 trilhão em uma década.
— O mercado viu o Congresso puxando para si a responsabilidade pela aprovação da reforma da Previdência, com o apoio do ministro Paulo Guedes (Economia) e buscando a economia de R$ 1 trilhão. Isso é um bom sinal — afirmou Flávio Byron, sócio da Guelt Investimentos.
Em evento na Firjan, federação de indústrias do Rio, Bolsonaro negou que haja briga entre Poderes e que país não pode continuar com a carga de gastos previdenciários. As declarações foram interpretadas como apaziguadoras por parte dos investidores, depois de uma semana de ruídos que impulsionaram a moeda americana. 
— O mercado está interpretando que o Legislativo vai assumir o protagonismo para tocar o projeto de reforma da Previdência , buscando a aprovação de um projeto robusto mantendo economia em torno de R$ 1 trilhão. E as declarações de Bolsonaro, dando a entender que não quer muito comprar briga, ajudam nessa visão mais positiva — reiterou Maurício Pedrosa, sócio da gestora Áfira.
Durante a sessão, o dólar oscilou entre os terrenos positivo e negativo, com a divisa chegando a valer a R$ 4,12. O leilão de linha (venda de dólar com compromisso de recompra no futuro) promovido pelo BC à tarde teve pouco efeito na cotação do câmbio, segundo Byron, uma vez que os investidores esperavam que a intervenção fosse maior.
Na última sexta-feira, em meio a uma forte turbulência no câmbio, o BC anunciou que iria intervir para tentar controlar a disparada do dólar. A autoridade monetária deu início nesta segunda-feira aos chamados leilões de linha (operação que equivale à venda de dólares com o compromisso de recompra no futuro) e aceitou as propostas para o oferta de US$ 1,25 bilhão. Até quarta-feira, O BC disse que poderá oferecer até US$ 3,75 bilhões ao todo ao mercado.
— O mercado não reagiu muito. Mas, também, a ideia do BC era atender à demanda por proteção, não "achatar" a cotação — acrescentou. — O dólar tem subido em todo o mundo, mas, no Brasil, por causa do cenário político, a situação é mais sensível. Por isso que a cotação está exagerada. 
Na B3 (ex-Bovespa), 60 das 66 ações do Ibovespa subiram. Puxaram o movimento os papéis de maior peso, como Bradesco (+2,72%), Itaú Unibanco (+2,6%), Petrobras (PN, sem voto, que sobe 3,40%) e Banco do Brasil (+3,84%).
As maiores altas percentuais foram de Braskem (10,1%), Cyrela (6,9%) e Multiplan (6,4%). 
— O investidor entrou comprando Bolsa porque identifica que, quando ela se aproxima dos 90 mil pontos, há ações baratas. Por isso, ações que sofreram bastante em maio, como Braskem, Cyrela e Multiplan, acabaram se destacando no dia. No caso das duas últimas, são empresas que acabam se favorecendo da queda de juros — afirmou Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos.
Com a lentidão da retomada econômica, os investidores têm previsto que o BC terá que cortar juros até o fim do ano.
Queda generalizada no exterior
A Bolsa brasileira operou na contramão do movimento global, depois de três quedas seguidas do Ibovespa, em dia de queda generalizada dos pregões estrangeiros com as repercussões da guerra comercial entre EUA e China. Em entrevista, Trump disse que está "muito feliz" com o conflito e que a China não se tornaria a principal potência do mundo diante dos seus olhos.
Em Wall Street, o movimento da Casa Branca contra a gigante chinesa de telecomunicações Huawei prejudicou os papéis de empresas de tecnologia. O índice Dow Jones caiu 0,33%, enquanto o S&P 500 perdeu 0,67%. O Nasdaq, composto por empresas de tecnologia, recua 1,46%.
Na Europa, todas as Bolsas fecharam em queda, com a Bolsa de Londres recuando 0,51%, Paris perdendo 1,46%, e Frankfurt, 1,61%.

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