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Investidores temem que acirramento do conflito tenham impacto sobre ritmo de crescimento da economia global
Cédulas de dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos Foto: Yasin Akgul / AFP
SÃO PAULO E RIO — O aumento das tensões comerciais entreChina e EUA fez o dólar bater R$ 4 na manhã desta segunda-feira. No início da tarde, a moeda americana registra valorização de 0,88% ante o real, a R$ 3,98. Já o Ibovespa, que é o principal índice de ações do mercado local, cai 2,49%, aos 91.910 pontos.
Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, acrescenta que além da maior aversão ao risco no exterior, não há fatores internos que possam conter ou amenizar esse movimento de perdas.
- As quedas nas principais bolsas são fortes. Os ventos favoráveis que tínhamos do exterior foram comprometidos desde a semana passada. E se o pano de fundo para as perdas de hoje é a guerra comercial, ainda temos um front político ruim, com muitos atritos - avaliou.
Nesta segunda, o governo chinês anunciou que vai aumentar tarifas sobre mais de cinco mil produtos que totalizam US$ 60 bilhões em importações, em mais um capítulo da guerra comercial travada entre as duas maiores economias do planeta. Os preços internacionais da soja , um dos principais produtos da pauta de exportações do Brasil, caiu ao menor nível em 10 anos. Nova revisão para baixo das expectativas de crescimento em sondagem do Banco Central também contribui para o mau humor dos mercados.
A guerra comercial EUA X China provoca perdas nos principais mercados globais. O Dow Jones opera em queda de 2,50% e o S&P 500 cai 2,71%. No caso da Nasdaq, o tombo é ainda maior, de 3,29%Investidores temem que uma nova escalada entre os dois países tenha impacto sobre a economia global, afetando economias e mercados em todo mundo.
O anúncio chinês foi feito no mesmo dia em que Donald Trump advertiu, em rede social, que a guerra comercial entre os dois países iria piorar se Pequim retaliasse os EUA. Na última sexta-feira, entrou em vigor o aumento de tarifa americana sobre cerca de US$ 200 bilhões de produtos importados chineses.
- A semana começa com o pé esquerdo. Trump mantém o tom hostil nas negociações em busca de uma trégua na guerra comercial com a China. Hoje o dia seguirá na tendência do que tem sido maio, volatilidade e no vermelho - avaliou Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos.
No mercado local, todas as ações mais negociadas operam em queda. No caso da Petrobas, as preferenciais (PNs, sem direito a voto) recuam 2,44% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) têm desvalorização de 2,96%. A queda é mais intensa que a registrada pelo petróleo. O do tipo Brent cai 0,62%, a US$ 70,18 o barril.
No caso dos bancos, de maior peso na composição do Ibovespa, o pregão também é de perda. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 1,67% e 2,37%. No caso do Banco do Brasil, as ONs registram perdas de 2,93%.
- É o momento de esperar por uma definição. Tudo isso é estratégia comercial da China e dos Estados Unidos. É preciso esperar para ver até onde vão - avaliou Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.
Sobre a economia doméstica, foi divulgado nesta segunda-feira que a média das projeções de crescimento da economia brasileira de mais de cem analistas ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, caiu pela 11ª semana consecutiva, de 1,49% para 1,45%. O Banco Itaú também reviu para baixo sua estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, de 1,3% para 1%. A economia brasileira está entre as que menos crescem no mundo . Um estudo do economista Marcel Balassiano, do Ibre/FGV, mostra que, de 2011 a 2018, mais de 90% dos países do mundo apresentaram crescimento econômico maior que o do Brasil .
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