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Ana Lucia Azevedo
Ao saber que engenheiros constataram que cinco piezômetros não estavam funcionando em Brumadinho (MG), Carlos Barreira Martinez criticou a Vale por não ter evitado mortes
Vista aérea de parte da destruição causada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no dia 26 de janeiro Foto: Pedro Vilela / Getty Images
RIO - O piezômetro é o mais simples e imprescindível equipamento de uma barragemde rejeito de mineração. É um tubo cheio de furos que mede o nível de água. Quando o nível aumenta, ele dispara um aviso por sensores alertando que a água não está sendo drenada e há risco de rompimento. A ferramenta representa para a barragem o que um estetoscópio é para o médico. Medições anômalas e piezômetros que não funcionam são o equivalente a um coração que infarta, explica Carlos Barreira Martinez, professor de segurança em barragens das universidades federais de Minas Gerais e de Itajubá, um dos mais respeitados especialistas do país.
"A barragem (de Brumadinho, em Minas Gerais) corria risco de estourar, a Vale sabia e não fez nada", lamentou ele ao ler os depoimentos dos funcionários da Vale dos engenheiros da alemã TÜV SÜD . Martinez ficou em choque:
— Meu Deus, meu Deus, essas pessoas não precisavam ter morrido. A mina deveria ter sido imediatamente evacuada e as comunidades alertadas. A Vale não podia ter feito isso, poderia ter evitado essas mortes e não o fez. Não quero acreditar que foi um crime deliberado, que são maus a esse ponto. Acredito que foi ignorância, soberba, arrogância tecnológica. Acharam que nem Deus afundaria o Titanic.
Na manhã do dia 25 de janeiro, a barragem da Mina do Feijão, de propriedade da Vale, se rompeu na cidade de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG. As buscas por sobreviventes se iniciaram logo em seguida, a partir da estimativa de que havia mais de 300 desaparecidos. WASHINGTON ALVES / REUTERS
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