quinta-feira, 11 de outubro de 2018

ECONOMIA: No último pregão da semana, dólar fecha em alta a R$ 3,77 e Bolsa recua 0,91%

OGLOBO.COM.BR
Gabriel Martins e João Sorima Neto

Dólar chegou a ser negociado a R$ 3,72 pela manhã no embalo da pesquisa eleitoral

Cédulas de dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

RIO e SÃO PAULO — Num dia de muita volatilidade no mercado financeiro, o dólar comercial fechou em alta de 0,39%, pelo segundo dia consecutivo, negociado a R$ 3,77 frente ao real, no último pregão da semana por conta do feriado de 12 de outubro. Pela manhã, a moeda americana chegou a cair a R$ 3,72, embalada pela primeira pesquisa do segundo turno da eleição presidencial. Mas, segundo operadores, por conta do feriado, os investidores preferiram encerrar a semana "comprados" na moeda americana. A Bolsa repetiu o mesmo movimento: o Ibovespa abriu em alta, com os investidores de olho no cenário doméstico, mas terminou em queda de 0,91% aos 82.921 pontos.
Na semana, a primeira após o primeiro turno das eleições, o Ibovespa acumulou ganho de 0,73%. Já o dólar, recuou 1,97% no período. 
Para o especialista em câmbio da Frente Corretora, Robert Awerianow, o dólar chegou a cair até R$ 3,72 pela manhã influenciado pela euforia com a pesquisa eleitoral que coloca o candidato Jair Bolsonaro (PSL) à frente de Fernando Haddad (PT), com larga vantagem. Mas, durante a tarde, a divisa americana inverteu a tendência e passou a subir com o clima ruim no exterior, após novas declarações do presidente americano Donald Trump contra o Federal Reserve (o banco central americano).
— A divisa americana chegou a bater em R$ 3,78, a máxima do dia, durante a tarde, com os operadores se protegendo do feriado de amanhã. Com o clima ruim lá fora, que pode se potencializar nesta sexta, feriado no Brasil, a opção foi comprar comprar dólares - disse Awerianow.
No exterior, o dollar spot, índice da Bloomberg que mede o comportamento da divisa dos EUA frente a uma cesta de dez moedas, operou na contramão do mercado doméstico e operava em queda de 0,49% ao final dos negócios no Brasil.
Na B3, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, inverteu a tendência de alta, à tarde, também influenciado pela piora dos mercados americanos, segundo operadores. Ontem, o Ibovespa caiu 2,8%. O giro financeiro desta quinta-feira foi de R$ 14,9 bilhões. Na máxima do dia, o Ibovespa subiu 1,24% aos 84.749 pontos, com o mercado ainda reagindo positivamente à pesquisa eleitoral. No ano, o ganho do Ibovespa é de 8,5%.
Para o economista-chefe da corretora Spinelli, André Perfeito, a Bolsa brasileira foi influenciada pelo dia ruim no exterior. Mas ele também avalia que houve um movimento de realização de lucros depois de uma valorização do Ibovespa de quase 4%, em dólar, nos últimos cinco pregões.
— Em meio a um clima ruim no exterior, a bolsa brasileira também acabou sendo afetada. Mas o Ibovespa foi o único índice que acumulou um ganho tão expressivo num prazo tão curto. Por aqui, o mercado está precificando que o PT não deve ganhar a eleição presidencial e o índice se descolou desse pessimismo no exterior nos últimos dias. Hoje devolveu um pouco dos ganhos - diz o economista.
Pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na noite de ontem, mostrou que o candidato considerado alinhado com as ideias do mercado, Jair Bolsonaro (PSL), aparece na frente do adversário Fernando Haddad (PT) com uma vantagem de 13 pontos percentuais , levando em consideração os votos totais. Segundo o Datafolha, Bolsonaro tem 58% dos votos válidos no segundo turno, enquanto Fernando Haddad (PT) aparece com 42%.
Entre as estatais, as ações preferenciais da Petrobras, que vinham em alta passaram a cair, influenciadas pela queda de mais de mais de 2% no preço do petróleo. As preferenciais fecharam em queda de 3,07% a R$ 25,25 e as ordinárias perderam 1,78% a R$ 28,12. Os papeis ordinários do Banco do Brasil recuaram 2,98% a R$ 24,06, enquanto Eletrobras ON caiu 2,94% a R$20,10 e Eletrobras PNB perdeu 1,91% a R$ 24,08. Os papéis de estatais deram continuidade ao movimento de queda do dia anterior.
As ações ordinárias da Magazine Luiza subiram 4,64% a R$ 150,32, a maior alta do Ibovespa, embaladas pela alta de 1,3% no varejo restrito em agosto ante julho.
DIA RUIM NO EXTERIOR
O mercado acionário internacional, especialmente o asiático, teve um dia de acentuadas quedas nesta quinta, replicando as quedas registradas em Wall Street ontem. Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 3,89%. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, por sua vez, recuou 4,8%. Na Europa, as principais bolsas também caíram. A bolsa de Londres teve perdas de 1,94%, a de Paris recuou 1,92% e a de Frankfurt se desvalorizou 1,48%.
O movimento de aversão a ativos de maior risco foi causado por temores de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) imprima um ritmo mais forte na elevação da taxa de juros. A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, disse que a subida da taxa de juros é "legítima e necessária" menos de um dia depois de o presidente Donald Trump ter falado que “o Fed enlouqueceu” por defender o aumento de juros.
Nesta quinta, o presidente americano renovou as críticas ao Federal Reserve, dizendo que a política de juros da autoridade monetária americana é “ridícula” e está tornando mais caro para seu governo financiar o seu déficit crescente.
“Estou pagando juros a uma taxa alta por causa do nosso Fed. E eu gostaria que nosso Fed não fosse tão agressivo porque acho que eles estão cometendo um grande erro”, disse Trump em entrevista ao programa “Fox & Friends”.
Além disso, a possibilidade de aumento das tensões comerciais entre Pequim e Washington também traz pânico aos investidores.
O presidente americano afirmou ainda nesta quinta que suas políticas econômicas e comerciais prejudicaram a economia da China e que ainda há muito mais que ele pode fazer.
“Eu tenho muito mais o que fazer”, disse Trump em entrevista ao programa da Fox News, acrescentando que as pessoas na China viveram bem demais por muito tempo.
Além disso, uma perspectiva menor de crescimento da economia global,de acordo com relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) ajudou no movimento global de venda de ações.
Os principais índices americanos tiveram um novo dia de perdas expressivas. O Índice Dow Jones apresentou baixa de 2,13%; a Nasdaq perdeu 1,25% e o S&P 500 recuou 2,06%. Ontem, o S&P 500 teve seu pior dia desde fevereiro de 2018, e o Nasdaq também teve seu pior dia desde 2011.
As bolsas recuaram apesar de dados da inflação ao consumidor no país terem vindo mais fracos do que o esperado, reduzindo a percepção de uma alta mais forte dos juros. O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA aumentou 0,1% no mês passado, ante previsão de alta de 0,2%, e após subir 0,2% em agosto. Nos 12 meses até setembro, a inflação aumentou 2,3%, desacelerando em relação ao avanço de 2,7% de agosto.

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