sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ECONOMIA: No último pregão antes do segundo turno da eleição, dólar cai e Bolsa sobe quase 2%

OGLOBO.COM.BR
João Sorima Neto, Gabriel Martins 

Moeda americana encerrou a sessão cotada a R$ 3,65; ações de estatais subiram

Ausência de pesquisas eleitorais e breve trégua na guerra comercial fazem com que o dólar opere em queda Foto: Pixabay

RIO e SÃO PAULO — No último pregão antes do segundo turno das eleições presidenciais, o dólar comercial encerrou a sessão em queda expressiva e a Bolsa subiu quase 2%. A moeda americana terminou negociada a R$ 3,65, uma desvalorização de 1,32%, o menor valor em cinco meses. Já o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, acelerou na reta final dos negócios e terminou com valorização de 1,95% aos 85.719 pontos. Mesmo com um dia negativo no exterior, o mercado financeiro brasileiro se descolou do pessimismo por conta do cenário eleitoral, segundo operadores. De 5 de outubro, último pregão antes do primeiro turno, até hoje, o dólar recuou 5,19% enquanto a Bolsa teve valorização de 4,12% no período.
— Houve um clima de consolidação do cenário que as pesquisas estão mostrando, com o candidato mais alinhado às ideias do mercado mantendo a dianteira. Hoje, apesar da grande aversão ao risco no exterior, o dia acabou sendo positivo no mercado brasileiro — disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Mesmo com a pesquisa Datafolha tendo mostrado que a diferença entre os presidenciáveis caiu seis pontos percentuais , Jair Bolsonaro do PSL segue na liderança. O capitão da reserva tem 56% da preferência do eleitorado, enquanto Fernando Haddad, do PT, tem 44%.
Esse clima se refletiu hoje no chamado 'kit eleição' ações de empresas estatais. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras encerraram o dia com valorização de 4,67% a R$ 27,55, enquanto as ações preferenciais da Eletrobras subiram 3,80% a R$ 26,20. Os papéis ordinários (com direito a voto) do Banco do Brasil tiveram ganho de 5,79% a R$ 42,42.
Os papéis de bancos privados, que têm maior peso no Ibovespa, também terminaram o dia em alta. As ações preferenciais do Itaú avançaram 1,33% a R$ 48,72, enquanto os preferenciais do Bradesco avançam 0,89% a R$ 33,81.
Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, os papéis de estatais tiveram valorização de dois dígitos: as ações da Petrobras subiram 12,53% (ON) e 15,19% (PN). No caso da Eletrobras, as ações preferenciais avançaram 14,995 e as ordinárias, 24,37%. Já as ações ON do Bando do Brasil se valorizaram 18,09%. 
Na avaliação de Rosa, a alta das ações de empresas estatais como Petrobras e Banco do Brasil nesse período refletiu a percepção do mercado de que essas empresas, embora estatais, deverão continuar trabalhando como empresas privadas, na busca do lucro, sem necessariamente serem privatizadas.
- A interpretação é que com a possível vitória de Bolsonaro, essas companhias não sofrerão interferência política, manipulação de preços para segurar inflação. Pode até acontecer algum tipo de privatização, como a da área de refino da Petrobras, mas não necessariamente a empresa toda será vendida - observa Newton Rosa.
Para o economista da SulAmérica Investimentos, a alta da Bolsa e a desvalorização do dólar no período que antecedeu o segundo turno, mostraram que para o mercado financeiro as incertezas trazidas no primeiro turno, com a fragmentação partidária e a impossibilidade de ter uma candidatura de centro/direita avançando nas pesquisas, foram dirimidas.
— O mercado acreditou que, definido o primeiro turno, a candidatura de Bolsonaro se consolidaria à frente das preferências. Esse cenário foi constatado pelas pesquisas eleitorais, levando a uma melhora de expectativas dos agentes financeiros. Apesar de um cenário externo mais conturbado, as ações do Ibovespa subiram, especialmente as de estatais, e o dólar recuou - explica o economista da SulAmérica Investimentos.
Para Cleber Alessie, especialista em câmbio da corretora H. Commcor, o movimento de queda do dólar nesta sexta refletiu o desmonte de muitas posições de 'hedge eleitoral'. Ou seja, muitos investidores ainda estavam 'comprados em dólar' no mercado futuro esperando uma possível arrancada do PT nesta reta final.
— Embora matematicamente uma virada seja possível, o mercado aproveitou para desmintar posições de hedge eleitoral. Não significa que os investidores venderam tudo, mas esse movimento de queda do dólar ficou atrelado ao cenário eleitoral - disse Cleber Alessie.
Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso, lembra que o dólar bateu em R$ 4,20 antes do primeiro turno e chegou a ter valorização de 25% no ano, quando a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o preferido do mercado financeiro, patinava nos índices de intenção de voto. Quando Jair Bolsonaro despontou como antagonista ao candidato do PT, o mercado fez sua aposta.
— O mercado não mqueria o PT. Com a consolidação de Bolsonaro como opositor, os investidores abraçaram sua candidatura - disse Galhardo.
No exterior, o dólar também perdeu força frente a outras moedas nesta sexta-feira. O Dollar Index da Bloomberg, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, operava em queda de 0,33% no fechamento do mercado brasileiro, depois de ter iniciado o dia com valorização.
ESTADOS UNIDOS TEM DIA DE QUEDAS
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram um novo dia de quedas, depois da trégua de quinta. Novos balanços corporativos abaixo das expectativas do mercado voltaram a aumentar o grau de ansiedade dos investidores nesta sexta-feira. A Nasdaq caiu 2,07%, o S&P 500 perdeu 1,73%, enquanto o Dow Jones recuou 1,19%.
— O cenário corporativo pesou novamente nos índices americanos. Especialmente empresas de tecnologia mostraram resultados ruins no terceiro trimestre. A Amazon, por exemplo, reportou vendas abaixo do esperado nesta sexta — explicou Luis Roberto Monteiro, observando que os pacotes-bomba que estão surgindo nos EUA contribuíram para deixar os investidores nervosos.
Nem a notícia positiva do dia teve força para revert a aversão ao risco: a economia americana desacelerou menos do que o esperado no terceiro trimestre. O PIB cresceu a uma taxa anualizada de 3,5%, o que representou uma desaceleração em relação ao ritmo de 4,2% no segundo trimestre.

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