segunda-feira, 10 de abril de 2017

LAVA-JATO: Odebrecht depõe a Moro pela segunda vez, a primeira na condição de delator

OGLOBO.COM.BR
POR GUSTAVO SCHMITT E MARINA OLIVEIRA, ESPECIAL PARA O GLOBO

Embate anterior foi em outubro de 2015, no qual empresário negou ter cometido qualquer crime

Odebrecht firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em dezembro do último ano - Michel Filho / O Globo - 15-6-2015

SÃO PAULO e CURITIBA — O empresário Marcelo Odebrecht presta na tarde desta segunda-feira depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal de Curitiba. Este é o segundo encontro entre o empreiteiro e o juiz na Operação Lava-Jato. O primeiro foi em outubro de 2015, no processo em que Marcelo era réu sob acusação de formação de cartel e pagamento de propina em contratos firmados entre Odebrecht e Petrobras. Desta vez, Odebrecht falará na condição de delator, já que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em dezembro do último ano, na ação que responde junto com o ex-ministro Antonio Palocci e outros 13 réus. (VEJA COMO FOI O PRIMEIRO ENCONTRO DE ODEBRECHT COM MORO)
Marcelo chegou por volta das 13h40min na sede da Justiça Federal de Curitiba, em carro fechado. Na entrada, seu advogado Nabor Bulhões, disse que, “o Marcelo, acima de tudo, tem o compromisso em dizer a verdade”.
— Vamos ouvir o que ele tem a dizer e como se desenvolve a audiência. Não acredito que o depoimento vá ficar em sigilo. No entanto, essa é uma contingência legal. Não é que a defesa não queria que o depoimento seja prestado de forma pública. Obviamente sendo sigiloso eu não posso falar a respeito. Da última vez que o Marcelo falou com o Moro o processo se desenvolvia em outro estágio. A colaboração veio a acontecer posteriormente, ele foi interrogado no que hoje se encontra perante recurso no STF — disse Bulhões.
Para o advogado, o ex-executivo está calmo.
— Marcelo está cuidando da defesa que se realiza tanto nas manifestações com relação ao que não procede e o que diz respeito à delação — disse Nabor, acrescentando: — Marcelo sempre esteve sereno. Seja na primeira fase ou quando o grupo resolveu pela colaboração. Ele tem exata consciência do papel que exerce como empresário que é.
O primeiro encontro entre Marcelo Odebrecht e Moro foi marcado por troca de farpas entre o empresário, a defesa e o juiz, o desfecho não foi bom para o acusado, cuja estratégia foi negar todas as acusações. Ele acabou condenado por Moro a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O executivo chegou a dizer que a acusação contra ele era “absolutamente inconsistente e absurda”. As declarações do empresário não se sustentaram depois da 26ª Fase da Operação Lava-Jato quando, no início de 2016, foi confirmada a existência do Setor de Operações Estruturadas, o chamado “departamento de propina” da empreiteira. Isso representou uma guinada na estratégia da defesa, que acabou levando à delação.
Na ação em que condenou Odebrecht, Moro considerou que o empresário pagou propina em cinco contratos firmados com a Petrobras em obras como a das refinarias Presidente Getúlio Vargas e Abreu e Lima, do Comperj, além da construção do prédio sede da Petrobras em Vitória.
Agora, o depoimento ficará sob sigilo, já que as delações dos 78 executivos da empresa continuam sob a batuta do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. A expectativa é de que Odebrecht confirme a tese da força-tarefa de que Palocci recebeu propina para beneficiar a Odebrecht, entre 2006 e o final de 2013, e influenciar em decisões pelo governo federal.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o ex-ministro também teria participado de conversas sobre a compra de um terreno para a sede do Instituto Lula, que foi feita pela Odebrecht. A denúncia trata de pagamentos feitos para beneficiar a empresa Sete Brasil, que fechou contratos com a Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no pré-sal.
Paralelo ao processo que responde em Curitiba e as colaborações dos executivos da empreiteira que estão no STF, existem depoimentos do empreiteiro feitos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — em processo que julga irregularidades na chapa Dilma-Temer nas eleições presidenciais de 2014.

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