quinta-feira, 2 de junho de 2016

CASO PETROBRAS: Ministério Público só aceita delação se pai de Marcelo Odebrecht falar

OGLOBO.COM.BR
POR RENATO ONOFRE, ENVIADO ESPECIAL

Acordo com a Lava-Jato passa por colaboração de Emilio Odebrecht

Marcelo Bahia Odebrecht: em negociação para firmar acordo de delação premiada - Geraldo Bubniak / Geraldo Bubniak

CURITIBA — Os primeiros passos para a delação do empresário Marcelo Odebrecht mal foram dados e já há um ponto inegociável nas conversas entre a defesa do empreiteiro e a força tarefa da Lava-Jato. Sem a colaboração de Emílio Odebrecht, pai do empresário, os investigadores afirmam que o acordo de delação não será firmado.
— Inevitavelmente, a colaboração da Odebrecht tem que passar pelo Emílio. Não se pode dizer que Marcelo é responsável sozinho pela corrupção na empresa. A investigação só não volta para o Norberto porque são fatos antigos — diz uma fonte ligada à negociação.
A obrigação da participação de Emílio Odebrecht num eventual processo de colaboração do seu filho já era esperada entre os advogados que atuam na Lava-Jato. O GLOBO ouviu defensores que atuam em outras negociações que confirmaram ter ouvido, mais de uma vez, investigadores afirmando que Emílio é peça-chave para a delação “completa e efetiva” da Odebrecht.
Os defensores afirmam, no entanto, que a colaboração do empresário pode ficar restrita ao acordo de leniência que a empresa negocia paralelamente à colaboração de Marcelo. A assessoria da empresa informou que não vai se manifestar sobre o assunto.
Apesar do silêncio, o próprio Emílio já teria admitido a interlocutores que seria necessária a sua participação na narração dos fatos. Em fevereiro, no dia da Operação Acarajé, Emílio convocou reunião com a cúpula da empresa.
Ao lado de executivos mais próximos, o empresário pela primeira vez admitiu que só a delação premiada tiraria seu filho da cadeia e salvaria a empresa. Na época, a tática era começar por oferecer o mínimo possível. As conversas entre Odebrecht e Lava-Jato ainda estão no início.
— De 0 a 10, a delação da Odebrecht está no estágio 4. Está muito longe. Para fechar a delação vai ter que me entregar o Papa lavando dinheiro do Banco do Vaticano, para começarmos a conversar — brinca outro investigador.
A alta expectativa em torno da delação está na lista apreendida pela Polícia Federal, em março deste ano na casa de um funcionário da empresa, na qual aparecem os nomes de cerca de 300 políticos que receberam recursos da empreiteira.
As investigação avaliam que foram distribuídos R$ 55 milhões aos políticos. Nas primeiras reuniões, a Odebrecht se comprometeu, se concretizado o acordo de delação, a incluir explicações sobre a relação da empresa com os políticos.

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