terça-feira, 5 de abril de 2016

TRAGÉDIA: Explosão em apartamento mata 5 em Fazenda Botafogo

ESTADAO.COM.BR
ALFREDO MERGULHÃO E SERGIO TORRES - O ESTADO DE S. PAULO

Possível vazamento de gás deixou ainda 9 feridos; moradores denunciaram problemas anteriores à Companhia Estadual de Gás

RIO - Cinco pessoas morreram e nove ficaram feridas na explosão de um apartamento térreo em conjunto habitacional em Fazenda Botafogo, bairro pobre na zona norte do Rio de Janeiro, na madrugada desta terça-feira, 5. O prédio de cinco andares, que teve as fundações abaladas, corria o risco de desabar, informou inicialmente a Defesa Civil Municipal, que interditou a área.
As cinco pessoas que morreram na explosão em um prédio na zona norte do Rio não apresentaram lesões e fraturas nos corpos. De acordo com a Defesa Civil do município, não houve desabamento das paredes do edifício. Apenas o piso cedeu com a explosão. A definição da causa das mortes é responsabilidade do Instituto Médico Legal (IML).
EXPLOSÃO DE APARTAMENTO EM FAZENDA BOTAFOGO, NO RIO<
Fábio Motta/EstadãoAcidente deixou mortos e feridos>

Vizinhos e moradores do prédio atingido relatam um forte cheiro de gás nos últimos dias. A falta de ferimentos nos cadáveres pode ser indício de morte provocada por inalação de gás. Houve ainda nove feridos, alguns em estado grave.
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) esteve no condomínio pela manhã, reuniu-se com moradores do bloco mais afetado pela explosão e criticou, em entrevista coletiva, a Companhia Estadual de Gás (CEG). "Tem que ter vergonha na cara quando se tem pessoas morrendo por causa da ineficiência de uma concessionária de gás que não aparece e que, quando aparece, diz que não tem problema. Como é isso? Tem uma explosão dessa e não tem problema?"
Paes afirmou que a prefeitura vai contratar uma empresa de engenharia para recuperar o prédio danificado, mas vai cobrar a despesa da CEG, que precisa "responder pelos seus atos e responsabilidades".
Vaiado pelos moradores quando chegou ao local, por volta das 8 horas, o prefeito considerou natural a reação.

"Isso faz parte. Eu sou prefeito da cidade. Não vou nunca me esconder. As pessoas estão indignadas e com toda razão. A principal autoridade aqui sou, e não tem problema nenhum. Não é a primeira vaia que recebo nem vai ser a última", declarou. "As pessoas têm todo direito de estarem indignadas. Eu estaria indignado. Estou aqui para isso mesmo. Esse é o meu papel, essa é a minha função." 
A prefeitura informou que dará ajuda de custo de R$ 1 mil para as 40 famílias do prédio onde aconteceu a explosão. Quem não conseguir acolhimento na casa de parentes ficará em um hotel próximo, também na Fazenda Botafogo, segundo a prefeitura. 
Procurada, a gerente de Gestão de Rede da Companhia Estadual de Gás (CEG), Cristiane Delart, afirmou que, das 40 unidades habitacionais no prédio onde houve explosão, 19 utilizam o serviço prestado pela CEG. "Os outros 21 apartamentos podem usar outro tipo de fornecimento e isso inviabiliza qualquer conclusão neste momento", disse. Cristiane afirmou que a empresa registrou quatro chamados dos moradores do prédio no mês de março e todos foram imediatamente resolvidos. "Em dezembro também vistoriam os toda a rede que abastece o imóvel e não identificamos nenhum escapamento na distribuição de gás."
O prédio de cinco andares, que teve as fundações abaladas, corria o risco de desabar, informou inicialmente a Defesa Civil Municipal, que interditou a área

O subsecretário municipal da Defesa Civil, Marcio Motta, disse que equipes limpam o térreo para verificar o que há sob o piso destruído. O térreo afundou cerca de meio metro. "Estamos liberando os moradores aos poucos para buscar pertences mais urgentes, como remédios. Mas o prédio está interditado por tempo indeterminado", disse Motta. Cedo, a Defesa Civil anunciou que o bloco ameaçava ruir. O subsecretário desmentiu essa possibilidade. Mesmo assim, o prédio está interditado por tempo indeterminado.
Explosão. Moradores e vizinhos relataram uma "chuva de pedras" após a explosão, que aconteceu por volta das 5 horas desta terça-feira. A área está coberta por escombros de concreto e cimento e estilhaços das janelas destruídas.
"Eu tinha acabado de colocar o pé na calçada para ir ao trabalho quando ouvi o estrondo. Minha única reação foi abaixar e esperar o fim do barulho e das pedras caindo sobre a rua. Logo que levantei vi várias pessoas saindo do prédio desesperadas, algumas ensanguentadas", disse o servidor público Luiz Carlos Santos Martins, de 34 anos, morador do bloco ao lado do local da explosão.
A força da explosão afundou o térreo do prédio em "pelo menos cinco metros", contou o técnico em Eletrônica Tácito Ferreira, de 35 anos. Ele mora no segundo andar do bloco que explodiu. "Estou com as janelas e portas quebradas. Mas estava escuro e ainda não deu para avaliar o prejuízo. Só deu para pegar alguns documentos. Ainda bem que minha mulher e minha sogra tiveram apenas ferimentos leves", afirmou.
A aposentada Marina de Carvalho, de 76 anos, ainda vestia camisola às 10 horas. Ela não teve tempo para trocar de roupa antes de deixar o apartamento no quinto andar. "Quero pegar pelo menos meus remédios. Não consegui pensar nisso na hora do desespero", disse. Com o prédio interditado pela Defesa Civil, Marina vai ficar na casa da filha, também no conjunto habitacional, mas em outro bloco.
Moradora do segundo andar, a aposentada Eudes de Almeida, de 80 anos, disse que dobrava os lençóis da cama quando ouviu a explosão. "Pensei que o prédio iria cair na minha cabeça. Tremeu tudo, minhas janelas estouraram, os ferros das cortinas se retorceram, e minhas pernas travaram. Só saí de casa quando os bombeiros me carregaram", afirmou. Ela vai ficar na casa da filha, no bairro da Penha, zona norte. "A gente já reclamou várias vezes do cheiro de gás", relatou.
Maria José Mufalani, de 58 anos, garantiu ter feito seguidos contatos com a CEG para averiguar a razão de aquele trecho do condomínio estar tomado por cheiro de gás nos últimos meses. "Eu pedi para mudar a tubulação, mas a resposta deles é que esse serviço custaria R$ 1,5 mil. Eu não posso pagar isso e também não adiantaria resolver só meu problema. Tinha que trocar a tubulação do prédio todo", disse. Ela mora em um bloco vizinho ao da explosão. 
Duas vítimas foram medicadas no local e liberadas. Três seguiram para o Hospital Estadual Carlos Chagas. Duas para o Hospital Alberto Schwitzar e duas para o Hospital Getúlio Vargas.
Os mortos foram identificados no final da manhã: o casal Rosane A. Oliveira, de 55 anos, e Francisco G. Oliveira, de 55; uma menina de cerca de 13 anos, ainda não identificada; José S., de 85 anos; e uma mulher adulta também não identificada.

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