quarta-feira, 1 de abril de 2015

ECONOMIA: Petrobras dispara quase 7% e puxa Bolsa; dólar cai a R$ 3,18 com dados ruins dos EUA e fala de Dilma

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI


Petrolífera ganha financiamento chinês de US$ 3,5 bi e presidente garante balanço em abril
- Chris Ratcliffe / Bloomberg News

RIO — Dados decepcionantes do mercado de trabalho americano e a declaração da presidente Dilma Rousseff fazem o dólar cair e a Bolsa subir nesta quarta-feira. A presidente falou ontem, em entrevista, que fará tudo para bater a meta fiscal e que o balanço da Petrobras sairá este mês — pontos que soaram muito bem aos ouvidos dos investidores. O dólar comercial cai 0,28%, cotado a R$ 3,182 para compra e a R$ 3,184 para venda. Na mínima, chegou a R$ 3,133. Entre as ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) avança 2,56% em seu índice de referência, aos 52.462 pontos.
Entre as 32 principais divisas do mundo, o real é a que mais ganha força frente ao dólar hoje. O índice Dollar Spot, da Bloomberg, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de dez moedas, cai 0,18%.
No pregão de ações, o maior destaque é da Petrobras. A companhia avança 6,68% (ON, com direito a voto, a R$ 10,22) e 6,26% (PN, sem voto; a R$ 10,34). Se encerrar o dia no mesmo nível, será a primeira vez em 2015 que as ações ordinárias atingem o patamar de R$ 10.
AÇÃO DA PETROBRAS RETOMA OS R$ 10
A petrolífera informou hoje ter assinado contrato de financiamento com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB), no valor de US$ 3,5 bilhões. A operação foi concluída um dia após a companhia ter anunciado a venda de ativos na área de exploração e produção de petróleo na Argentina por US$ 101 milhões. Segundo um especialista essas ações mostram o esforço da nova direção em conseguir captar recursos, mesmo em um ambiente desfavorável, para melhorar seu caixa.
Além disso, em entrevista à agência de notícias Bloomberg ontem, a presidente Dilma Rousseff garantiu que a companhia vai publicar seu balanço auditado neste mês e começar a reconstruir condições para voltar ao mercado de capitais.
“Tenho certeza que a Petrobras conseguirá resolver todos os seus problemas até o fim de abril”, afirmou. “Estamos caminhando no sentido de construir essa solução”
— A declaração da presidente de que tudo será arrumado no balanço este mês é muito favorável para as ações, porque isso é motivo de grande ansiedade no mercado. Se isso se confirmar e o balanço mostrar as perdas com corrupção, seria um feito fantástico em termos de governança e tiraria a espada sobre a aceleração da dívida que pesa sobre a companhia — afirmou Maurício Pedrosa, da Queluz Asset Management.
— O principal motivo para a alta da Petrobras é a confirmação, pela presidente Dilma, de que o balanço vai sair este mês. Isso trás um certo alívio. Com essa notícia positiva, a Petrobras acaba contaminando o mercado como um todo. Por piores que sejam os números, a divulgação é boa porque não haverá aceleração da dívida — disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
Segundo o estrategista, o empréstimo chinês também tem impacto positivo pelo valor relevante e dada a necessidade de caixa da petrolífera:
— O empréstimo entra como um alívio no estresse de caixa da Petrobras. Os US$ 3,5 bilhões são, realmente, muito dinheiro.
VALE CAI AO MENOR VALOR EM DEZ ANOS; OI SOBE 14%
A Vale registra queda de 1,50% (ON) e 1,35% (PN), cotadas respectivamente a R$ 17,68 e R$ 15,25. Trata-se do menor valor para a mineradora desde 2005. A empresa é impactada pela queda da cotação internacional do minério de ferro, seu principal produto, cuja tonelada caiu abaixo dos US$ 50 hoje e também está no menor patamar em dez anos. A commodity perde força tanto por excesso de produção quanto pela desaceleração da China, principal consumidor no mundo.
Dado o cenário negativo para o setor, a recomendação sobre as ações da Vale foi rebaixada hoje pelo Santander. Anteriormente, o banco recomendava a manutenção dos papéis, mas agora aconselha a venda alertando para o fato de que o desempenho operacional da mineradora deve seguir sofrendo no curto e no médio prazo.
Entre os bancos, a alta é generalizada, o que acaba impulsionando o Ibovespa para cima. O Banco do Brasil sobe 2,88%, enquanto o Bradesco tem alta de 3,26%. O Itaú Unibanco apresenta valorização de 2,57% e o Santander, de 1,84%.
Já a ação da operadora Oi está disparando 14,42%. A empresa carioca disse que foi aprovada com unanimidade pelos acionistas da Telemar Participações a proposta de conversão voluntária de ações preferenciais em papéis ordinários, uma estrutura alternativa para lidar com o atraso gerado na sua migração ao segmento Novo Mercado, da BM&FBovespa. Na prática, ela está aderindo às regras mais rígidas de governança do Novo Mercado sem estar listado nele.
PRESIDENTE DEFENDE AJUSTE E LEVY
Na mesma entrevista em que falou sobre a Petrobras, a presidente Dilma disse que fará tudo que for necessário para atingir a meta fiscal este ano e que o governo está preparando grandes cortes de despesas, principalmente de atividades administrativas.
“Eu farei tudo para atingir 1,2%”, afirmou, no Palácio do Planalto, em Brasília. “Vamos ter de racionalizar gastos e defasar outros. Vamos criar vários mecanismos. Diria que essa é a parte em que o governo entra e o nosso pedaço vai ser grande.”
Dilma defendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, integralmente sobre o que foi dito em evento na semana passada.
“Levy é muito importante para o Brasil hoje”, disse. Sobre as declarações do ministro, vistas como críticas a ela, a presidente afirmou que o ministro foi mal interpretado.
MERCADO DE TRABALHO DOS EUA CRESCE MENOS
Em nível global, mais uma vez explica a tendência do dólar as especulações sobre o ritmo do aumento de juros no país. Desta vez, as interpretações são provocadas por pesquisa que mostrou fragilidade na geração de postos de trabalho em março nos Estados Unidos. Segundo o ADP Research Institute informou hoje, as empresas americanas abriram 189 mil vagas no mês passado, enquanto os economistas esperavam 225 mil. Os números não são oficiais.
Sempre que a economia americana — sobretudo o mercado de trabalho e a inflação — dá sinais de fraqueza, o dólar tende a perder valor globalmente. Isso porque o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) se comprometeu a subir os juros do país, hoje praticamente zerados, apenas quando a economia for forte o suficiente para aguentar o “puxão”. Juros mais altos valorizariam o dólar porque investidores de todo o mundo correm para investir nos títulos do país com as taxas mais vantajosas.

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