segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

NEGÓCIOS: Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção

ESTADAO.COM.BR
MARINA GAZZONI - O ESTADO DE S.PAULO

A Braskem é atualmente a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química nacional 
As denúncias de corrupção na Petrobrás e a troca no comando da companhia deixaram a Braskem falando sozinha em um momento em que a maior petroquímica brasileira precisa renovar com a estatal um acordo de R$ 9 bilhões anuais, que envolve uma matéria-prima responsável por 70% dos custos da petroquímica no Brasil.
O contrato fechado entre as duas empresas para o fornecimento de nafta - derivado do petróleo usado na fabricação de resinas e principal insumo da Braskem - vence no próximo dia 28. Após essa data, quando o acordo perde validade, a Braskem afirma não ter garantia de que receberá a matéria-prima no mês que vem.
Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química. Segundo a empresa, que tem como sócios o grupo Odebrecht (38%) e a própria Petrobrás (36%), se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção.
Braskem é a maior fornecedora da indústria química no Brasil atualmente
"As negociações estavam difíceis. Não vou dizer que elas estão, porque hoje nem temos um interlocutor para falar sobre isso na Petrobrás", afirmou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, em entrevista exclusiva ao Estado na sexta-feira (leia mais na pág B03).
Questionada, a Petrobrás afirma em comunicado que "permanecem os esforços na busca de um acordo, considerando alternativas de curto ou longo prazo". A empresa disse também que realizou reuniões com a Braskem há duas semanas para discutir o tema.
O impasse entre as empresas começou em fevereiro de 2013, quando a Petrobrás anunciou que iria mudar no ano seguinte as condições de um contrato assinado em 2009, com validade de 10 anos. O acordo prevê a entrega de 7 milhões de toneladas de nafta por ano à Braskem, um volume superior a R$ 9 bilhões, considerando as atuais cotações da nafta e do dólar.
Naquela época, a estatal decidiu usar a nafta de suas refinarias na composição de gasolina e, para atender à Braskem, passou a importar o insumo. Desde então, a Petrobrás tenta repassar à petroquímica o custo decorrente dessa importação.
A Braskem, que afirma que isso encareceria o custo da nafta entre 5% e 7%, não aceita pagar uma taxa adicional. O argumento da empresa é que ela está sendo onerada por uma decisão do governo de subsidiar a gasolina no País.
Sem conseguir chegar a um consenso, as duas empresas assinaram dois contratos aditivos. O primeiro, em vigor até agosto de 2014, estendia as condições de preço e entrega por mais seis meses. Já no segundo, que vale até o fim do mês, a Petrobrás garantia a entrega de nafta, mas o preço ficou em aberto. Desde então, a Braskem diz estar produzindo sem certeza de qual é sua margem de lucro: continua pagando à Petrobrás o valor previsto no contrato antigo, mas, em caso de aumento, terá de transferir a diferença retroativamente.
A discussão sobre o preço da nafta afeta toda a indústria química, explica o diretor-fundador da consultoria MaxiQuim, João Zuñeda. "A petroquímica é uma indústria de base e seu custo chega a cadeias como plástico e borracha. Com a incerteza sobre o preço da nafta no longo prazo, ninguém investe."

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