quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ECONOMIA: Incertezas internas e EUA fazem dólar subir a R$ 2,851, renovando máxima em mais de dez anos

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Negociação no Tesouro Direto é suspensa devido à forte volatilidade no mercado de juros
SÃO PAULO- Os mercados de câmbio e de juros vivem nessa quarta-feira um novo pregão de forte volatilidade. A divisa conseguiu ultrapassar a linha dos R$ 2,86 e as taxas do mercado futuro também dispararam, levando o Tesouro Nacional a suspender os negócios no Tesouro Direto. As 11h32, a cotação do dólar comercial subia 0,52%, a R$ 2,849 na compra e a R$ 2,851 na venda. Na máxima a moeda já chegou a R$ 2,876, o maior valor desde o final de outubro de 2004. Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local registra leve variação negativa de 0,07%, aos 48.474 pontos.
Na avaliação de João Pedro Brugger, economista da Leme Investimentos, essa forte volatilidade está relacionada ao cenário externo, mais especificamente à possibilidade de um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos ainda no primeiro semestre. Na terça-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Richmond, Jeffrey Lacker, disse que o mês de junho parecer ser uma opção atraente para elevar as taxas de juros, o que desde então está estimulando a valorização do dólar frente a diversas moedas.
— Alguns membros do Fed já estão falando em uma alta ainda no primeiro semestre e o mercado esperava isso só para o final de 2015. Essa antecipação tem um impacto direto no mercado de câmbio e não só no Brasil e também afeta os juros — disse, lembrando que a alta do dólar pode pressionar ainda mais a inflação, fazendo com que o Banco Central tenha que prosseguir com o movimento de alta da taxa Selic.
Ainda do lado externo, os investidores concentram as atenções na Grécia e a possibilidade do país sair da zona do euro.
Já no mercado interno, as dúvidas são muitas. Os investidores também vão às compras da divisa como uma forma de proteção, já que veem obstáculos à concretização dos ajustes propostos pela nova equipe econômica. A avaliação é que a presidente Dilma Rousseff tem ficado cada vez mais isolada e com menos apoio da base aliada. “O desafio a ser superado pela nova equipe econômica é enorme e se faz cada vez maior, havendo agora de forma mais explícita o risco presente de surgimento de oposição às medidas reorganizadoras das diretrizes da política econômica do país”, afirmou Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO.
Os agentes dos mercados financeiros questionam a capacidade de articulação política do governo em meio à deterioração das expectativas econômicas, riscos de racionamento de água e energia, comunicação errática do Banco Central e chances de mudança no programa de oferta diária de “hedge” cambial. Além disso, há um movimento de proteção devido ao feriado de Carnaval, ou seja, os investidores não querem ficar expostos a algum evento internacional que possa acontecer durante o período de mercados fechados no Brasil.
SUSPENSÃO NO TESOURO DIRETO
Em meio à forte volatilidade no mercado de juros, o Tesouro Nacional decidiu suspender a compra de títulos públicos na plataforma Tesouro Direto, que é o mecanismo que os investidores de menor porte utilizam para fazer a compra de títulos públicos. A expectativa era de que o sistema voltasse a operar às 11h, o que ainda não ocorreu.
Essa suspensão ocorre toda vez que o mercado de juros fica muito volátil. No mercado futuro da BM&FBovespa, os contratos com vencimento em janeiro de 2017 chegaram a 13,24%, ante 12,93% na abertura. Na terça-feira um movimento similar ocorreu, também forçando a suspensão.
— O Tesouro suspende a negociação para evitar que alguém que compre títulos no Tesouro Direto receba uma taxa muito inferior a que está sendo pratica no mercado — disse Brugger, da Leme Investimentos.
PETROBRAS SOBE MESMO COM PETRÓLEO EM QUEDA
Já na Bolsa, o pregão também de forte volatilidade. Depois de subir forte na primeira hora de pregão, as ações da Petrobras reduziram o ritmo de alta. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da estatal sobem 0,89%, a R$ 9,00, e os ordinários (com direito a voto) têm leve alta de 0,22%%, a R$ 8,85. A alta ocorre em meio a um novo recuo no preço do petróleo no mercado internacional. O do tipo Brent cai 0,97%, a US$ 55,88.
Já as ações da Vale operam em alta. As preferenciais têm alta de 1,74% e as ordinárias avançam 1,76%.
No mercado externo, os principais índices das bolsas europeias operam em queda. O DAX, de Frankfurt, cai 0,27%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recua 0,61%. Já o FTSE 100, de Londres, registra desvalorização de 0,58%.

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