De OGLOBO.COM.BR
BARBARA CELIS, DO EL PAÍS
Monarca deve conciliar sua agenda com a de seu filho Charles para fazer uma transição gradual
O príncipe Charles e sua mãe, a rainha Elizabeth II AFP-5-6-2012
LONDRES - O príncipe Charles parece estar ficando mais perto do trono do Reino Unido. Não que sua mãe Elizabeth II pretenda abdicar em seu favor. Isso nunca foi parte da tradição monárquica britânica. No entanto, o herdeiro do trono vai compartilhar mais responsabilidades com a rainha e até mesmo representá-la com mais frequência em eventos públicos, o que é interpretado como a prova mais clara de que o seu caminho para o trono começa a ficar mais claro.
Soube-se esta semana que a família real britânica está prestes a anunciar a fusão dos escritórios da rainha da Inglaterra e de seu filho Charles. Será Sally Osman, o atual chefe de comunicações do herdeiro e ex-chefe de relações públicas da BBC, o responsável por combinar as duas agendas no que parece claramente ser uma estratégia para, gradualmente, delegar as funções de rainha a seu filho. Os observadores, no entanto, excluem completamente uma abdicação como aconteceu recentemente na Holanda e na Bélgica.
Segundo revelou no domingo “The Sunday Times”, a estratégia é abrir caminho para "uma sucessão tranquila”.
- A ideia é passar o bastão para a próxima geração - disseram fontes da casa real.
De fato, ao longo do ano passado, a a rainha foi frequentemente vista ao lado de Charles e sua esposa, ou de seus netos Harry e William.
Na sua agenda atual para 2014 há apenas uma visita oficial ao exterior, a qual ela deve ir acompanhada do filho. Será uma viagem particularmente significativa: em 06 de junho, na França, é comemorado o septuagésimo aniversário do desembarque na Normandia.
- Nos foi dito que esta é provavelmente a sua última viagem oficial ao exterior - disse um dos organizadores do evento ao “Sunday Times”.
Depois de 261 viagens oficiais em seus 62 anos de reinado, a rainha, que completa 88 anos em abril, está cada vez mais cansada em suas aparições públicas. No entanto, este ano vai superar sua antepassada rainha Vitória, que detém o recorde de 63 anos no trono Inglês. Definitivamente, mais do que tempo suficiente para dizer chega. Mas ninguém espera uma abdicação ou uma declaração oficial sobre como será feito o aumento da delegação de tarefas para os herdeiros.
- Seria o equivalente a declarar uma regência e isso despertaria todo tipo de situações constitucionais complexas - disse um porta-voz da casa real.
Como tudo na monarquia britânica, a ideia é que as mudanças ocorram de forma gradual e se internalizem sem que o inglês perceba.
- Esta não será uma mudança abrupta, é um processo gradual que será desenvolvido nos próximos anos, é uma sucessão tranquila - apontou um ex-membro da casa real.
Se o príncipe Charles assume gradualmente as responsabilidades de chefe de família, significa que seus filhos William e Harry vão ter a chance de substituí-lo. Não é por acaso que o príncipe Harry deixou seu emprego como piloto militar e agora coordena eventos comemorativos do Exército. Seu irmão William, no entanto, já começou a aprender como tomar as rédeas do Ducado da Cornualha, que herdará de seu pai quando ele se tornar rei.
Apesar desses movimentos, o Palácio de Buckingham lembra que a rainha ainda está trabalhando.
- Todo dia ela pode ser vista em eventos e carregando a mala vermelha onde leva os papéis do governo - disse um ex-assessor real. Além disso, por agora, ela não tem intenção de abandonar a sua reunião semanal com o primeiro-ministro, uma motivação intelectual e dialética que, como mostrou a peça de muito sucesso no teatro “The Audience”, tem sido o sal e a pimenta de sua vida política por 62 anos.
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