terça-feira, 16 de julho de 2013

COMENTÁRIO: Efeitos na sucessão do PT

Por SAMUELCELESTINO - A TARDE
Do BAHIANOTICIAS

A sucessão presidencial foi aberta por Lula para favorecer Dilma e colocá-la como candidata à reeleição antes que emergisse um nome para competir (e perder) dentro do PT. Lula queria ainda demonstrar que está fora do processo, o que vem, sempre que possível, confirmando. A situação da presidente não é boa. Pelo contrário, tem piorado a partir das ações que produziu logo após a estação das reações espontâneas das ruas. Se a presidente não acertou um alvo sequer, tem sido, inversamente, alvejada pela incompetência da sua equipe, sobretudo econômica, cujos resultados apresentados podem levar o País a uma estagflação. Ou seja, inflação e estagnação a um só tempo, o pior de todos os males econômicos. O primeiro carimbo, se tal a contecer, será o rebaixamento do Brasil pelas agências internacionais. Se os investidores estão escassos no momento, eles fugirão definitivamente porque o Brasil não apresentará um cenário propício a investimentos. Será o diabo correndo da cruz.
Num corte sobre a situação acima reportada, a outra questão absolutamente negativa para o PT é que está muito distante do partido que já foi. Não tem as ruas, os sindicatos – ficou comprovado nas manifestações que fizeram – são arcaicos e formados por pelegos que se digladiam pelo controle do dinheiro que chega pelo imposto sindical e pelas doações do governo. Enfim, estão muito distante de organizações do século XXI. Os desacertos da presidente Rousseff, a sua postura que não agrada, pelo contrário, repele, pode ser o início do desmoronamento da sua base política no Congresso, com a o afastamento dos partidos que, se já são infectados pela malquerença pública, não desejam ficar em situação pior.
Este quadro, observa-se, já se espalha pelos estados onde o PT governa, inclusive na Bahia, onde Jaques Wagner pode pagar um preço elevado, embora seja o avesso de Dilma no trato pessoal e público, e na formulação de estratégias políticas. Com o desabamento da estrutura presidencial e dos seus aliados (que pode ser passageira) criam-se situações que ganham corpo para 2014, nas sucessões presidencial e estaduais.
Na nacional, estava previsto pelos marqueteiros que a presidente sairia da toca palaciana para visitar os estados, percorrer o País. Fica difícil, ou perigoso, o cenário para que tal aconteça. Ela, por enquanto, só poderá aparecer em ambientes fechados, como aconteceu aqui na Bahia, na entrega de tratores e máquinas agrícolas aos prefeitos, no projeto Plano Safra. O cenário baiano foi muito bem montado, mas quem mais lucrou, o que não era esperado, foi o prefeito de Salvador, ACM Neto, ovacionado e abraçado pelos prefeitos.
Este quadro acima oferece um gancho para a sucessão estadual. A pesquisa Seculus em parceria com o portal “Bahia Notícias” demonstrou que, disparadamente, o prefeito domina as pesquisa com larga margem à frente, 36,5%, seguindo-se o ex-governador Paulo Souto, também do DEM, com 18 e fração de percentual e, em outro cenário, com a retirada de Neto, aparece com um percentual de 19 e qualquer coisa. Em seguida surge outro oposicionista, Geddel Vieira Lima, que fica entre 13% e 14%. Os demais ficam abaixo de dez por cento. O petista melhor colocado é Walter Pinheiro com qualquer coisa em torno de 9%, enquanto Rui Costa varia entre 3% e 4%.
Na sexta feira, o cenário sucessório baiano se complicou com a presença na Bahia da deputada socialista Luiza Erundina que fez apologia do presidente da legenda, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, praticamente lançado candidato a presidente. E de Lídice da Mata, que já se dissera candidata a governadora e foi citada por Erundina com absolutamente necessária para compor o palanque de Campos na Bahia. Assim, O PT e sua base aliada baiana perderia um nome fortíssimo para ajudá-lo. Como Neto não será candidato, a oposição terá que decidir (Souto por ora não fala) o nome que lançará. Com três ou quatro candidatos competitivos na raia, a sucessão estadual será decidida no segundo turno.
Como é bem provável que a sucessão presidencial também o seja, deve-se colocar Dilma e outro nome, Campos ou Aécio Neves, que já percorre o País, começando por Florianópolis. Provavelmente os três estarão no páreo. Se for isso o que 2014 promete, teremos uma boa refrega, porque se Campos ficar no segundo turno, Lídice apoia a oposição na Bahia, ou o seu candidato não terá os votos do agrupamento. Se fora Aécio, dependerá de combinações.
Aí estão quadros prováveis, mas não definitivos, porque as pesquisas costumam embutir cascas de banana. Retirando-as, tudo fica por conta do plano nacional. É Dilma o alvo. Se fracassar sua casa cai e, provavelmente, também nos estados onde o PT controla.
*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta terça-feira (16).

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |