Do ESTADAO.COM.BR
DIEGO ZANCHETTA , RODRIGO BURGARELLI - O Estado de S.Paulo
Uso de dinheiro público em contratos publicitários aumenta 89% no 2º mandato; Prefeitura defende 'prestação de serviços' à população
Os gastos da Prefeitura de São Paulo com contratos publicitários aumentaram
89% no segundo mandato de Gilberto Kassab (PSD), em valores corrigidos pela
inflação, em relação ao primeiro mandato. Se comparados os cinco primeiros meses
de 2011 e 2012, o acréscimo é de 70%. A ofensiva publicitária do governo conta
até com distribuição de folheto mensal, cujo expediente vem com o endereço do
gabinete do prefeito - Viaduto do Chá, número 15, centro.
Do Alto de Pinheiros, na zona oeste, a São Miguel Paulista, na leste,
contribuintes estão recebendo o material dentro de um plástico com o nome do
dono da casa, a exemplo das revistas. No folheto informativo de maio, a notícia
de capa traz uma "perspectiva artística" do Edifício Cineasta, na Avenida São
João, reformado e restaurado.
As obras para recuperar o prédio na região central, ainda degradado e
pichado, começaram em 2 de abril. Os futuros moradores do prédio serão 50
artistas idosos cadastrados pela Prefeitura. No mesmo informativo, o governo
fala sobre a criação de um parque linear de 1,5 km no Cantinho do Céu, região
carente da zona sul.
Outro destaque da edição é o Programa Minha Casa Minha Vida, do governo
federal, citado como uma parceria da Prefeitura, que cedeu os terrenos para a
construção dos conjuntos habitacionais populares. A gestão atual usou o cadastro
do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dos contribuintes para distribuir
o informativo. O prefeito defende a campanha como "prestação de serviços" à
população e cita como exemplo a propaganda da "faixa cidadã" para proteção de
pedestres.
Temas. Além do folheto de quatro páginas coloridas, o governo tem levado ao
horário nobre da TV a campanha "Antes não tinha, agora tem". A Virada Cultural,
a campanha pelo respeito às faixas de pedestres e o novo sistema de varrição de
ruas são os temas mais recorrentes nos comerciais. A conta dessa publicidade
oficial, porém, tem saído cara para o contribuinte.
Nos primeiros quatro anos do governo Serra/Kassab, foram aplicados R$ 123,59
milhões na verba da propaganda oficial. Em valores corrigidos pela inflação,
esse montante seria hoje de R$ 154,5 milhões. De 1.º de janeiro de 2009 até
ontem, a administração já pagou R$ 291 milhões por "publicações de interesse do
município".
Dados do orçamento de 2012 indicam que a verba recorde já aplicada pela
Prefeitura em publicidade, que inclui o folheto distribuído todos os meses na
casa dos paulistanos para divulgar projetos do governo, vai ocorrer no último e
sétimo ano do prefeito à frente do Executivo.
Só neste ano já foram pagos R$ 56 milhões para propaganda - 70% mais do que
no mesmo período do ano passado. O que chama a atenção, porém, é o volume já
empenhado nos primeiros cinco meses de 2012 para o setor: são R$ 98 milhões
demarcados para a publicidade até 20 de maio, ou 83% do total previsto para ser
gasto na área durante o ano todo, enquanto no mesmo período de 2011 esse volume
empenhado somava R$ 55 milhões.
Para disseminar o bordão do "antes não tinha, agora tem", o prefeito Gilberto
Kassab (PSD) contratou alguns dos melhores marqueteiros do País, que trabalham
em grandes agências do setor, como a Agnelo Pacheco e a Lua Branca. Para
divulgar a Virada Cultural, por exemplo, o governo gastou R$ 2 milhões, o
equivalente a 28% do custo total do evento para 4 milhões de pessoas, realizado
no dia 6.
Por meio da assessoria de imprensa, o governo defendeu os gastos como meio de
prestar contas à população sobre o que a Prefeitura vem fazendo nos últimos
quatro anos. Também citou campanhas de prevenção à dengue, cujo custo neste ano
foi de R$ 1,9 milhão, e de vacinação para justificar o crescimento dos
custos.
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