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Fabiana Ribeiro / Marcio Beck
Com dólar em alta, país perderá uma posição no ranking mundial
RIO — O dólar alto deve fazer o Brasil voltar uma casa no ranking das maiores economias do planeta. Cálculos da agência de classificação de risco Austin Rating, a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), apontam que o país pode cair da atual sexta posição no mundo para a sétima. É o efeito da valorização da moeda americana — que no ano já subiu mais de 6% — sobre o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e produtos produzidos) do país. Pelo levantamento, o PIB perderia cerca de US$ 100 bilhões com a desvalorização do real, saindo de US$ 2,45 trilhões para US$ 2,34 trilhões.
Fabiana Ribeiro / Marcio Beck
Com dólar em alta, país perderá uma posição no ranking mundial
RIO — O dólar alto deve fazer o Brasil voltar uma casa no ranking das maiores economias do planeta. Cálculos da agência de classificação de risco Austin Rating, a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), apontam que o país pode cair da atual sexta posição no mundo para a sétima. É o efeito da valorização da moeda americana — que no ano já subiu mais de 6% — sobre o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e produtos produzidos) do país. Pelo levantamento, o PIB perderia cerca de US$ 100 bilhões com a desvalorização do real, saindo de US$ 2,45 trilhões para US$ 2,34 trilhões.
As novas projeções não mexem com as primeiras cinco posições no ranking,
ocupadas por Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França. O Brasil troca de
lugar com o Reino Unido, que reassume a sexta posição com o dólar valorizado
aqui. O retrato segue mais uma vez inalterado, com Itália, Rússia e Canadá
fechando o quadro das dez maiores economias.
— É uma mudança que ocorre somente por causa do câmbio. Não é por causa de
perda de fôlego ou freio no crescimento. É uma mudança que tende a ser
momentânea e não traz dúvidas sobre, por exemplo, a capacidade de o país honrar
seus pagamentos em dólar. O país volta para uma posição que já ocupava antes.
Não se trata de uma alteração brusca — disse o economista-chefe da Austin
Rating, Alex Agostini.
O dólar num patamar mais elevado tornou o PIB brasileiro mais real,
acrescentou José Eustáquio Vieira, economista do Ipea. Em sua avaliação, os
números brasileiros eram “artificiais” em decorrência de um câmbio
distorcido.
— O câmbio, sem dúvida, estava muito apreciado. Porém, se o câmbio passar dos
R$ 2,10, o país deixa de ter uma taxa de câmbio competitiva para ter uma taxa
que prejudica o crescimento econômico.
Professora do Instituto de Economia da Unicamp, Simone Deos diz não ver
impacto significativo de um possível rebaixamento do Brasil no ranking dos
maiores PIBs mundiais.
— Pode-se até argumentar que isso pode ter alguma influência sobre o
comportamento dos agentes econômicos, tanto do governo quanto da iniciativa
privada, mas em um momento de instabilidade, como o que o mundo vive, é apenas
um efeito estatístico.
Para ela, os possíveis efeitos do câmbio depreciado — aumento dos valores em
reais das exportações e redução das importações devido ao custo mais elevado —
no PIB só devem aparecer quando a cotação se estabilizar.
— O que estamos vendo é um momento de grande volatilidade — afirma ela,
acrescentando que estes efeitos dependeriam de outros fatores, como o nível de
atividade da indústria e os preços das commodities.
Efeitos benéficos ainda estão por vir
Na avaliação de Fernando Montero, economista da Convenção Corretora, esse
retrato é pouco representativo. Funciona mais, segundo ele, como um marketing
político dos países.
— Em 1999, quando o Brasil acabava de sair do câmbio fixo e a Argentina ainda
estava na conversibilidade, o PIB argentino ficou quase superior ao
brasileiro.
Já o professor Fernando de Holanda, da Fundação Getulio Vargas, diz que
comparar os PIBs dos países é uma metodologia inadequada.
— É possível tornar um país rico, apenas apreciando o câmbio. É um indicador
inadequado.
Para Gilberto Braga, professor do Ibmec-RJ, os efeitos positivos da alta do
dólar não estão sendo sentidos devido ao fraco desempenho da indústria. Já os
aumentos dos preços de insumos importados poderão provocar pressão sobre a
inflação.
— O Brasil está sofrendo os malefícios da alta do dólar sem desfrutar dos
benefícios — avaliou o economista que projeta alta de 2,6% no PIB deste ano. —
Os preços dos combustíveis, por exemplo, que afetam os custos de logística,
estão sendo subsidiados pelo governo. É uma bomba-relógio que vai estourar.
O economista do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, afirma que já
trabalhava com dólar a R$ 1,90, portanto não precisou mudar suas previsões para
o PIB — que, segundo ele, deverá crescer 2,7%. Gonçalves diz que os efeitos da
alta são potencialmente positivos, mas dependem da evolução da economia chinesa
e dos desdobramentos da situação na Europa.
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