terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ECONOMIA: O plano de voo da economia

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL


Os leitores desta coluna não devem ter ficado surpreendidos com as revelações da última ata do Copom do BC que confirmam tudo que se negou oficialmente durante o ano passado inteiro : a meta principal do governo, com o amplo beneplácito do BC, é o crescimento do PIB (para Dilma, repita-se, ao ritmo de 5% no fim do ano) mesmo que ao custo de mais inflação. Dilma tem o ano para firmar sua própria popularidade, ainda dependente dos fluidos da boa economia do passado e tem pela frente o ano eleitoral que vai determinar os passos decisivos das sucessões estaduais e Federal de 2014. Esses planos não combinam com qualquer fato econômico negativo, especialmente na seara do emprego. O futuro ? Ora, o futuro é outra coisa. Como ensina o conselheiro Acácio, hilariante personagem de Eça de Queiroz, o problema é que as consequências vêm sempre depois. E nos cálculos políticos, o depois nunca é medido. Depois, arranja-se.
O BC de Dilma
Apesar de certos analistas estarem boquiabertos com o fato de que Alexandre Tombini está alinhado com a política econômica da presidente Dilma, na realidade não há surpresas. Tombini faz o que promete o governo. A independência da política monetária nunca foi verdadeira no Brasil. No passado recente, na era FHC, o BC serviu juros elevados para bancar a política de câmbio fixo do governo e ajustar o balanço de pagamentos nas temporadas de crise. Agora, serve às ambições "desenvolvimentistas" do governo. O problema disso tudo é que se nas safras boas o BC contribui para o sucesso, nos momentos ruins o BC não é anteparo para que se chegue ao pior cenário. O tema sobre a independência da autoridade monetária está em pauta no mundo inteiro. Veja-se o caso do BC dos EUA e da Europa, ambos sob fogo cerrado de investidores e "formadores de opinião". O problema adicional que o Brasil tem é que a supervisão política sob o BC é absolutamente irrelevante. Quando o chefão do BC é forte, per se isto parece ao "mercado" uma "garantia". Quando é fraco como Tombini, o tal do "mercado" fica com a pulga atrás da orelha.

Juros de um dígito
É legítimo o debate, dentro e fora do governo, sobre a necessidade de juros básicos mais baixos. O erário não deve pagar juros altos e injustificados para os investidores em títulos públicos. Todavia, há limites para que isto ocorra. O principal é a inflação. No caso do Brasil, a inflação está ainda elevada e se a demanda mais forte vier é provável que ela não caia muito abaixo do nível de 6%. Este patamar impõe uma deterioração no poder de compra da moeda inaceitável no médio prazo. Portanto, o momento de transição atual, possivelmente de uma demanda cadente para algo mais elevado, é muito sensível para a política monetária. Se o governo forçar a mão, a inflação pode não cair e, até mesmo, subir. Outro ponto sensível : a taxa de câmbio da moeda brasileira é incompatível com exportações mais elevadas e com a atração de investimentos externos. Se a taxa de câmbio for desvalorizada a inflação vai sofrer dupla pressão de demanda e custos. Neste momento saberemos os custos da intervenção do governo sobre a autoridade do BC.
O lado "bom da inflação"
Cálculos publicados segunda-feira pelo "Valor Econômico", da lavra da própria Receita Federal, indicam que o fato da inflação no ano passado ter sido de 6,5% cravados, um pouco mais de 0,5% acima da de 2010, propiciou um aumento de R$ 50 bi na arrecadação de impostos da União em 2011. O que também pode explicar uma parte da "boa vontade" de certas autoridades com alguns pontinhos mais de inflação.

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