terça-feira, 1 de novembro de 2011

ECONOMIA: Referendo grego ameaça nova crise na zona do euro, irrita Alemanha e derruba mercados

De O GLOBO.COM.BR
O Globo, com agências (economia@oglobo.com.br)

ATENAS - O anúncio surpreendente do primeiro-ministro George Papandreou de que vai fazer um referendo - para verificar se a população grega aprova os cortes de gastos necessários para a liberação do pacote de resgate ao país - intensificou a crise da zona do euro. Gerou também queixas na Alemanha de que Atenas tenta se esquivar do acordo.

Os mercados reagiram mal à proposta. Por volta de 8h30m desta terça-feira, em Londres, o FTSE 100 caía 2,51%. Em Paris, o CAC 40 recuava 4,01%. Em Frankfurt, o DAX tombava 4,04%. Em Madri, a queda chegava a 3,89%. Em Milão, o FTSE despencava 4,91%.
Na Ásia, os principais mercados fecharam em queda pelo temor de que um referendo anule os esforços europeus para conter a crise. Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou em baixa de 1,70%. Uma outra razão para vender foi a queda do índice manufatureiro da China em outubro, fazendo o mercado de Hong Kong perder 2,49%. O índice de Seul teve leve alta de 0,03%. A bolsa de Taiwan avançou 0,45%, enquanto o índice referencial de Xangai ganhou 0,07%. Cingapura retrocedeu 2,33% e Sydney fechou com desvalorização de 1,52%.
Os líderes da zona do euro concordaram na semana passada em conceder a Atenas um segundo pacote, de 130 bilhões de euros, e a anistia de 50% de sua dívida.
Mas o custo do pacote é um programa de cortes de gastos que precisa ser executado pelo governo da Grécia e desencadeou uma onda de protestos entre os gregos.
O primeiro-ministro da Grécia se comprometeu a convocar o referendo em discurso a parlamentares do dividido Partido do Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), mas não falou em data específica para a votação. Papandreou disse que precisava de maior apoio político para as medidas fiscais e as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais.
- Temos fé nos nossos cidadãos. Acreditamos no seu juízo e, portanto, na sua decisão - disse Papandreou, após rejeitar pedido para antecipar as eleições. - Todas as forças políticas do país devem apoiar as exigências do pacote de resgate. Os cidadãos vão fazer o mesmo assim que tiverem integralmente informados.

Uma autoridade da União Europeia disse ao jornal britânico "Financial Times" que ninguém esperava um referendo para aprovar o pacote de resgate.
- Acho que ninguém esperava isso. A análise é que essa é a única forma que ele acredita conseguir aprovar o pacote - disse.
Um líder da coalizão da chanceler alemã, Angela Merkel, disse na terça-feira que estava "irritado" com o anúncio de Papandreou.
"Isso soa como alguém que está tentando se esquivar do que foi acordado - uma coisa estranha a se fazer", disse Rainer Bruederle, líder parlamentar do Partido Liberal Democrata FDP).
"Só se pode fazer uma coisa: fazer os preparativos para a eventualidade de que haja um estado de insolvência na Grécia."
Segundo analistas, as últimas pesquisas de opinião mostram que a maioria dos gregos têm uma visão negativa sobre o acordo de resgate.
A incerteza renovada será, provavelmente, um embaraço para os líderes do G20 na França esta semana, que estão tentando convencer a China a ajudar a zona do euro.
"Se era para haver um referendo, podemos razoavelmente concluir que eles não podem aceitar as medidas de austeridade. Podemos concluir que isso vai desmoronar o baralho de cartas", disse Howard Wheeldon, estrategista-sênior da BGC Partners em Londres.

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