quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MUNDO: Premiê grego perde maioria absoluta para moção de confiança

Da FOLHA.COM

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo do primeiro-ministro grego, George Papandreou, perdeu nesta quinta-feira a maioria absoluta no Parlamento para enfrentar a moção de confiança que será votada na sexta, depois de duas deputadas socialistas anunciarem apoio ao Executivo.
A socialista Eva Kaili afirmou nesta quinta que não apoiaria o governo com um voto de confiança. Sem seu apoio, os socialistas perdem a maioria simples do total de 300 membros do Parlamento. "Agora, o país está sem liderança", afirmou Yiannis Mihelakis, porta-voz do partido de oposição conservador Nova Democracia.
Na terça-feira, a deputada Milena Apostolaki também afirmou sua deserção em protesto contra o anunciado referendo, o qual disse se tratar de um "procedimento que cria divisão" na Grécia.
Para tratar sobre o assunto, o premiê convocou para esta quinta-feira uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros. Também está previsto ao longo do dia um encontro do partido governista, o socilialista Pasok, em um momento em que cresce dentro da legenda a oposição ao referendo convocado por Papandreou para avaliar o plano de resgate à Grécia.
"Acho que o governo não vai durar até esta noite", afirmou nesta quinta Costas Panagopoulos, diretor-gerente do instituto de pesquisas Alco.
A reunião desta quinta foi solicitada por muitos deputados socialistas. Dois deles já anunciaram que não votarão a favor do Executivo na moção de confiança pedida por Papandreou, que perde assim a maioria parlamentar, com 150 votos em um total de 300.
Cinco ministros do gabinete também se declararam contrários ao projeto de Papandreou. O governo ainda pode vencer a votação, mas a sobrevivência parece improvável após as dissidências.
A crise se agravou nesta quinta depois que o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, se opôs à convocação de um referendo sobre a continuidade do país na zona do euro.
A presença da Grécia na zona do euro "é uma conquista histórica do povo grego que não pode ser colocado em questão nem depender de um referendo", disse Venizelos, em um comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira.
A declaração do ministro ocorre após reunião realizada ontem (2) entre o premiê grego, George Papandreou, e dirigentes europeus e do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Cannes, na França.
Venizelos disse que as atenções do país devem se focar no recebimento da próxima parcela do plano de resgate acordado há uma semana, o que tem sido atrasado por causa da decisão de Papandreou de submeter o plano à aprovação da população.
A Grécia espera as decisões de Papandreou a respeito da crise sem precedentes que ameaça o país com a falência e a saída da zona do euro, depois do surpreendente anúncio na segunda-feira de um referendo sobre o plano de resgate elaborado na semana passada em Bruxelas.
ANTECIPAÇÃO
Convocado emergencialmente para prestar explicações sobre a surpreendente decisão de realizar um referendo sobre o pacote de ajuda financeira, Papandreou decidiu manter a consulta, mas adiantou que pode antecipá-la para 4 ou 5 de dezembro.
Os europeus e o FMI (Fundo Monetário Internacional) informaram que não entregarão a sexta parcela do pacote de ajuda, no valor de € 8 bilhões, até que o país deixe claro qual é sua posição sobre o novo pacote acordado pela Europa na quinta-feira passada para tirar o país da crise.
"Se as regras de jogo não forem aceitas, nem a União Europeia nem o FMI vão entregar mais nenhum centavo à Grécia", afirmou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em uma coletiva de imprensa conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel, ao término da reunião com Papandreou.
Também em reação à reunião, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que a continuidade dos empréstimos do organismo à Grécia estará agora condicionada ao resultado do referendo.
ENTENDA
O anúncio do premiê grego de que vai submeter o pacote de resgate a um referendo popular ameaçou intensificar a crise da zona do euro, gerou críticas de líderes europeus, derrubou as principais bolsas e levou a oposição pedir a saída de Papandreou.
A Grécia criou na quarta-feira uma comissão para preparar a consulta à população, segundo anunciou o ministro do Interior, Haris Kastanidis.
"Este anúncio pegou a Europa inteira de surpresa", disse Sarkozy. "O plano é a única maneira de resolver o problema da dívida da Grécia."
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, enfatizou que as negociações sobre o plano europeu para salvar a Grécia da falência não podem ser reabertas. "O programa integral que acordamos na semana passada não pode ser colocado novamente sobre a mesa", afirmou.
Os líderes da zona do euro concordaram na semana passada em conceder a Atenas um segundo pacote, de 130 bilhões de euros, e um corte de 50% em sua dívida. Em contrapartida, a Grécia deve se comprometer em continuar com uma política de cortes de gastos como privatizações, redução de empregos públicos e cortes salariais.
Papandreou disse que precisava de maior apoio político para as medidas fiscais e as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais. "A vontade do povo grego será imposta", disse o premiê ante o grupo de parlamentares socialistas, ao anunciar que submeteria o pacote a um referendo popular.

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