segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ECONOMIA: Dólar fecha outubro com queda de 9,46% e Bovespa, com alta de 11,49%

De O GLOBO.COM.BR

Bruno Villas Bôas e Vinicius Neder, com agências

RIO - O dólar comercial fechou em alta de 1,19% nesta segunda-feira, a R$ 1,702 na compra e R$ 1,704 na venda, em dia de perdas nos mercados globais. Apesar da alta no dia, a moeda americana registrou queda de 9,46% no mês, a maior desvalorização mensal desde maio de 2009. Já o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), caiu 1,97%, aos 58.338 pontos. A queda, porém, não apagou os ganhos mensais: o índice fechou outubro com alta de 11,49%, a maior desde maio de 2009.
O pessimismo no último dia do mês foi provocado pela insegurança em relação à crise das dívidas soberanas na Europa e a intervenção do governo japonês no mercado de câmbio, servindo de gatilho para a valorização do dólar mundo afora. Incertezas sobre a crise abriram espaço para que lucros recentes fossem embolsados e as bolsas da Europa fecharam em forte baixa, acentuando a valorização do dólar frente ao euro. A desconfiança dos investidores traduziu-se no avanço de 13 pontos bases na taxa dos títulos de cinco anos da dívida da Itália - taxas em alta indicam menos capacidade de o país honrar sua dívida.
Para o diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, além da ação específica do banco central japonês e do pessimismo em relação à Europa, o mercado de câmbio foi também influenciado por um movimento de correção, já que os dois últimos dias da semana passada foram muito positivos.
- A quinta e a sexta-feira foram dias de euforia, a meu ver até descabida, e o real valorizou-se fortemente. Então é normal haver alta do dólar em um dia mais negativo - analisa Knauer.
O movimento no câmbio japonês impulsionou o dólar americano para uma alta frente à maioria das moedas. O movimento acelerou-se quando as bolsas europeias abriram em queda.
- Na Europa, o problema se agravou com as taxas dos títulos da dívida da Itália subindo, demonstrando desconfiança do investidor - acrescenta o economista Alfredo Barbutti, da corretora BGC/Liquidez, para quem a ação do governo japonês não respondeu sozinha pela alta do dólar nesta segunda-feira.
Com o pessimismo em todos os mercados, houve desvalorização dos preços das commodities (matérias-primas com cotação internacional). Embora as empresas produtoras de insumos tenham grande peso na Bolsa brasileira, o Ibovespa caiu em ritmo semelhante ao dos índices americanos.
Em Wall Street, o Dow Jones - principal índice da Bolsa de Nova York - teve queda de 2,26%. O Nasdaq, termômetro das ações de empresas de tecnologia, perdeu 1,93%. O S&P 500, outro índice importante nos EUA, recuou 2,47%.
As bolsas europeias fecharam com quedas expressivas, impactadas principalmente pela desvalorização de ações do setor financeiro. Houve perdas nas Bolsas de Londres (-2,77%), Paris (-3,16%), Frankfurt (-3,23%), Madri (-2,92%) e Milão (-3,82%).
Contudo, para o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, é cedo para dizer se as quedas desta segunda-feira são uma reversão completa da alta da semana passada. Ele chama atenção para o fato de as bolsas ainda estarem no azul no mês.
- As bolsas vêm de altas expressivas neste mês e é quase irresistível para investidores embolsarem uma parte dos lucros - diz Perfeito, apostando em uma tendência positiva até o fim do ano, apesar da falta de detalhes sobre uma solução definitiva para a crise na Europa.
Papéis de matérias-primas e mercado interno no Ibovespa
Na cena nacional, os papéis das construtoras, do setor de varejo e de exportadoras de commodities lideraram as baixas. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) da fabricante de bens de consumo Hypermarcas foram a maior queda do Ibovespa (-6,76%, a R$ 9,24). A construtora MRV ON, com queda de 6,06%, a R$ 12,10, vem em seguida.
As ações da OGX Petróleo e da Vale foram as que mais puxaram o Ibovespa para baixo. OGX ON recuou 4,05%, a R$ 14,20, enquanto Vale PNA (preferencial, sem direito a voto) perdeu 2,11%, a R$ 40,80, após o governo da China afirmar que negocia com a empresa, além das mineradoras Rio Tinto e BHP Billinton, novas regras de reajuste do preço do minério de ferro.
Já as ações Petrobras PN caíram 1,20%, para R$ 21,32, embora o Ministério da Fazenda tenha divulgado na sexta-feira passada que vai reduzir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e óleo diesel para permitir o aumento do preço dos combustíveis vendidos pela estatal na refinaria.
Para Rodrigo Falcão, operador de bolsa da corretora Icap Brasil, o fato de as ações da Petrobras caírem em ritmo menor do que o Ibovespa é positivo. O operador destaca que os papéis da petroleira tiveram boa valorização na semana passada (de 11,99%), indicando um movimento de recuperação.
- A queda de hoje pode ser um recuo para as bolsas voltarem a subir - completa Falcão.
Segundo ele, o plano de saída para a crise da Europa, anunciado na semana passada, deverá servir de motivo para uma tendência de alta até o fim do ano. O estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, concorda com a análise, definindo as quedas desta segunda-feira como "pontuais". Apesar da ação do governo japonês no câmbio, para o analista, o foco das atenções dos investidores segue na Europa.
- A pressão agora está sobre a dívida pública da Itália - destaca Galdi.
Ásia
As bolsas de valores asiáticas fecharam em baixa nesta segunda-feira, enquanto o dólar disparava para a máxima em três meses contra o iene após a intervenção do Japão.
Em Tóquio, o índice Nikkei teve baixa de 0,69%, mas ainda encerrou o mês com ganho de 3,3%. Os investidores realizaram lucros, temendo que o iene não fique contido por muito tempo.
Os mercados de Hong Kong e Xangai perderam 0,77% e 0,21%, respectivamente, com realização de lucro. Mas ambos os índices tiveram a maior alta em dois anos e meio, por sinais de que Pequim esteja relaxando o aperto monetário.
O índice de Seul encerrou em baixa de 1,06%. A bolsa de Taiwan recuou 0,37%. Cingapura retrocedeu 1,72% e Sydney fechou com desvalorização de 1,27%.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |