quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MUNDO: Turquia faz incursão no Iraque após ataques de rebeldes curdos matarem mais de 20 soldados

De O GLOBO.COM.BR
O Globo, com agências internacionais

ANCARA - Horas depois de uma série de ataques de rebeldes curdos, que matou 24 soldados e feriu outros 18 no sudeste da Turquia, o país enviou soldados, aviões de guerra e helicópteros ao Iraque. A ação rebelde já é considerada uma das piores em três décadas, desde que os curdos pegaram em armas para lutar por autonomia. O chefe das Forças Armadas e os ministros do Interior e da Defesa foram às pressas para a região da fronteira com o Iraque, onde 15 insurgentes já foram mortos na ofensiva turca.
O episódio também levou o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a cancelar uma visita ao Cazaquistão e convocar uma reunião de emergência com ministros a cúpula militar. O ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, também cancelou a viagem que faria, para a Sérvia. Mais cedo, o governo turco informara que 26 soldados haviam sido mortos.
- Nós nunca vamos nos curvar a nenhum ataque de dentro ou de fora da Turquia - afirmou Erdogan, confirmando o lançamento de uma operação no Iraque, sem revelar detalhes.
Tropas turcas teriam entrado 4 quilômetros no Iraque, segundo a emissora local NTV. Helicópteros estariam espalhando militares na fronteira, em uma ofensiva de proporções limitadas.
A última grande operação da Turquia contra o Iraque aconteceu em 2008. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), principal grupo rebelde curdo, confirmou que havia confrontos na fronteira entre Turquia e Iraque.
- Estamos em confronto com as forças turcas em duas áreas desde as 3h (horário local) - afirmou Dostar Hamo, porta-voz do grupo rebelde.
Na madrugada desta quarta-feira, os rebeldes, que lutam por autonomia no sudeste da Turquia, atacaram simultaneamente postos militares e delegacias de polícia perto das cidade fronteiriças de Cukurca e Yuksekova, na província de Hakkari, de maioria curda. Presidente promete vingança
Segundo a NTV, aviões e unidades de artilharia, posicionados na Turquia, responderam com ataque a bases curdas na fronteira. Na semana passada, a Turquia pressionou o Iraque a remover as bases de rebeldes curdos no norte do país. O presidente turco, Abdullah Gul, prometeu vingança.
- Ninguém deve esquecer que aqueles que nos fazem sofrer essa dor vão ter que sofrer ainda mais - disse o presidente. - Eles vão ver que a vingança para estes ataques será imensa.
Os ataques teriam tido a participação de cem rebeldes, segundo a TV estatal TRT. Eles teriam fugido para o Iraque após realizarem as ações.
O partido AK, do premier Erdogan, vinha adotando reformas políticas e culturais para favorecer os curdos, com objetivo de reduzir a violência. O governo chegou a ter reuniões secretas com o líder do PKK, Abdullah Ocalan. Mas depois de uma escalada da violência, o governo endureceu.
Desde julho, dezenas de membros das forças de segurança e pelo menos 18 civis foram mortos no sudeste da Turquia, onde os curdos vêm intensificando seus ataques. Na terça-feira, uma bomba em uma estrada matou cinco policiais e três civis, incluindo uma menina de 4 anos.
O conflito já matou mais de 40 mil pessoas desde 1984, quando curdos pegaram em armas para cobrar mais direitos para seu povo, que corresponde a cerca de 20% dos 74 milhões de habitantes da Turquia. Entre as demandas, estão direito à educação na língua curda, o que o governo turco acredita que poderiam aumentar a divisão étnica no país.
A União Europeia (UE), à qual a Turquia vem tentando aderir, pressiona o país a garantir mais direitos aos curdos. Mas os países do bloco também cobram que os políticos curdos se distanciem do grupo rebelde, considerado uma organização terrorista pela Turquia, pelos EUA e pela UE.

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