sábado, 29 de janeiro de 2011

Bahia - Diário Oficial, o estilo que importa

Muito interessante a análise feita pelo cientista político Paulo Fábio Dantas, na edição de quarta-feira do jornal A TARDE, quando ele considera que, em termos de Bahia, o poder de influência do atual governador Jaques Wagner (PT) é equivalente ao que possuía, na década de 90, o falecido senador Antonio Carlos Magalhães.
A tese do cientista é a seguinte: “É uma prova de que o método autocrático e a finalidade hegemônica pode produzir poder tanto quanto o estilo negociador e conciliador”, obviamente sendo do velho cacique ACM o método autocrático e de Wagner o estilo “negociador e conciliador”.
E, para não deixar dúvidas quanto ao que pensa de cada lado da questão, Paulo Fábio conclui: “É surpreendente o grau de concentração de poder (de Wagner) se se considerar o estilo político dele, de negociação como método e conciliação como fim.
O estilo de ACM era vertical e autocrático. Diferentes caminhos políticos estão levando à mesma realidade de poder concentrado”. Concordo com a semelhança e até fiz um post, recentemente, lembrando como a atual situação das bancadas de oposição e do governo na Assembleia Legislativa me fizeram lembrar de quando comecei a fazer reportagem política.
Não quero aqui entrar em polêmica com Paulo Fábio (a quem conheço desde os tempos em que ele era do Partidão e se elegeu vereador de Salvador), mas creio que ele esquece de mostrar o que realmente importa neste processo de aglutinação de forças: o poder que tem o Diário Oficial.
Ou alguém duvida que o esvaziamento do chamado “grupo carlista” começou a partir do momento em que ACM perdeu o controle sobre o DO da União, com a eleição de Lula e a ascensão de adversários locais no plano nacional, como foi o caso do próprio Wagner e de Geddel Vieira Lima? E que as adesões ao governo estadual se deram pelo doce apelo do poder?
É evidente que o governador tem o mérito de, em vez de partir para massacrar antigos adversários ter feito esforços para atraí-los mesmo contrariando, às vezes, os seus aliados da primeira hora.
Mas creio que não dá para duvidar da importância que a alteração no equlíbrio da balança nacional teve para a retumbante vitória de Wagner em 2006, haja vista a quantidade de prefeitos do PFL e de outros partidos da base “carlista” que, entre 2003 e 2006 ingressaram em legendas aliadas do governo federal (o exemplo maior é o do PMDB, que elegeu 24 prefeitos em 2000, caiu para 14 e chegou a 2006 com 120).
Então, em vez de polemizar, só quero concordar com o cientista, acrescentando, porém, que da forma como ainda se comportam os nossos políticos pouco importa o estilo de quem está no poder, desde que ele saiba usar bem a chave que dá acesso às páginas mágicas do Diário Oficial. E, pelo que vejo, esta é uma tendência que ainda vai durar muito.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |