sábado, 10 de abril de 2010

Serra é lançado pré-candidato a presidente pelo PSDB com festa em Brasília

De O GLOBO

O ex-governador de São Paulo José Serra foi lançado neste sábado pré-candidato do PSDB a presidente da República numa festa em Brasília, afirmando que "quer ser o presidente da união" e que o "Brasil não tem dono".
Aécio se compromete a ser um soldado, 'onde for convocado'
O pronunciamento, que teve como tema o "Brasil pode mais", destacou os avanços dos últimos 25 anos - para mostrar que o Brasil não começou em 2003 com o governo Lula - assim como os valores éticos na política.
- Eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com esperança no nosso futuro - afirmou Serra, em seu discurso para para cerca de quatro mil militantes e convidados dos partidos de oposição. - E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais - disse ele ao fim do discurso, em que afirmou que não aceitaria a ideia do "nós contra eles" e que jamais rotularia "os adversários como inimigos da pátria ou do povo", numa referência à disputa entre governo e oposição.
Quase oito anos depois da derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra terá como principal oponente em outubro a ex-ministra Dilma Rousseff,
lançada em fevereiro pelo PT.
O ex-governador de São Paulo fez ainda uma ampla revisão de sua trajetória política e pessoal - especialmente como ministro da Saúde - destacando questões importantes sobre políticas de saúde, educação, agricultura e meio ambiente. Um dos momentos mais emocionantes foi quando Serra citou Zilda Arns, morta em janeiro, no terremoto do Haiti, e Ruth Cardoso, falecida em 2008. A citação à dona Ruth levou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso às lágrimas.
Numa estocada no governo petista, Serra criticou o apoio a governos autoritários. Em seu discurso, defendeu respeito aos direitos humanos e ressaltando que em democracia eles não são negociáveis, "nem há operário fazendo greve de fome quando discordam do regime", em referência a Cuba.
No início, o tucano homenageou todos os companheiros presentes, em especial o ex-governador mineiro Aécio Neves, que o antecedeu no discurso e foi aclamado com gritos de " vice, vice".
Serra disse que os presentes no evento foram militantes dessa transformação do Brasil, "protagonistas mesmo".
- Contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso país. Nós podemos nos orgulhar disso. Não temos problema com o nosso passado, não temos mal entendido com o nosso passado. Mas se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje - disse o tucano, que destacou ainda sua atuação como ministro da Saúde do ex-presidente Fernando Henrique.
Em seguida, o tucano destacou no pronunciamento o respeito aos valores éticos e morais na vida política brasileira.
- Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo: o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.
Serra disse ainda que ninguém pode esperar dele políticas que estimulem ricos contra pobres.
- Ninguém deve esperar também que joguemos estados do Norte contra do Sul, urbanos contra rurais, azul contra vermelho. Pode ser engraçado no futebol. Não quando se fala em país. O Brasil é um todo. Não aceito raciocínio de nós contra eles. Somos todos união na pátria.
No pronunciamento, o tucano evitou a ataques diretos aos adversários, mas deu recados.
- Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos. Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem comum. Tucano lembra o pai feirante
Sobre sua infância e adolescência, lembrou quando morou na Mooca e o trabalho duro do pai com "um modestíssimo vendedor de frutas". Um exemplo, disse, que o marcou na vida, na compreensão da vida.
- Ele carregava caixas de fruta o tempo todo, para que eu pudesse carregar caixas de livros.
" Ele carregava caixas de fruta o tempo todo, para que eu pudesse carregar caixas de livros "
Serra prevê que a eleição deste ano não será fácil, mas que manterá a serenidade para responder às provocações:
- Como falei no início, esta será uma caminhada longa e difícil. Mas manteremos nosso comportamento a favor do Brasil. Às provocações, vamos responder com serenidade; às falanges do ódio, que insistem em dividir a nação, vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. Vamos responder sempre dizendo a verdade. Aliás, quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.
Serra disse ainda:
- O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma "boquinha"; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.
Na parte final do discurso, o ex-governador diz que pretende apresentar ao Brasil sua história, suas ideias e sua biografia.
- (vou apresentar) Minhas crenças e meus valores. Meu entusiasmo e minha confiança. Minha experiência e minha vontade.
No final, cita um trecho do "grande escritor mineiro Guimarães Rosa", que escreveu: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
- Concordo. É da coragem que a vida quer que nós precisamos agora.
E completou:
- Coragem para fazer um projeto de país, com sonhos, convicções e com o apoio da maioria. Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro.
O evento foi encerrado com a apresentação de um jingle de campanha, que destaca sua trajetória, dizendo que Serra " faz bem para a saúde e não tem contra-indicação (...) tem a vida limpa e transparente (...) "quando se conhece bem uma pessoa (...) Serra uma certeza a gente tem, Serra é do bem, Serra é do bem..."
Serra começou seu pronunciamento pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas das enchentes do Rio, assim como também fez sua adversária Dilma, em São Bernardo do Campo,
em encontro com centrais sindicais. Aécio: Momento é de unidade do PSDB
Antes de Serra e, falando em nome dos governadores, o ex-governador de Minas Aécio Neves disse que o momento é de consagrar a unidade do PSDB, para que o povo possa ver no Brasil "o governo do mérito e do resultado". Fez elogios iniciais a Serra, mas se dedicou em seguida a fazer grande homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique. No final, Aécio se comprometeu em ser um grande soldado na campanha de Serra e foi interrompido pelos gritos de "vice, vice, vice". - Ninguém tem proposta melhor para o país do que o governador José Serra. A seu lado estarei. Nas montanhas de Minas e em qualquer lugar, onde quer seja convocado, para fazer com que sua voz possa ecoar para todo país.

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