quarta-feira, 28 de abril de 2010

MUNDO: Grécia - dívida, moeda e ajuste

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Muito tem sido comentado sobre a situação econômica da Grécia e sua correspondente influência sobre os mercados mundiais. O pequeno e notável país da Europa tem uma relação dívida sobre o PIB da ordem de mais de 100% e um déficit fiscal de cerca de 13% do PIB. Como se vê, uma situação insustentável, sobretudo depois do débâcle do sistema financeiro norte-americano e sua influência no mundo. Mas perguntamos : há novidade neste fato ? Não, não há. Ele existe há anos e o sistema financeiro internacional continuou financiando irresponsavelmente este cenário. Agora, questiona-se sobre a capacidade de pagamento do país. Uma contradição.
O problema grego não é único
Ocorre que a Grécia não é o único país nesta situação. A Itália, a Espanha e Portugal tem exatamente o mesmo perfil. E certamente merecerão questionamento no futuro sobre a sustentação da capacidade de solvência. Em menor medida, há quem questione o próprio Reino Unido, sócio maior da irresponsabilidade dos EUA na gestão do setor bancário.
O problema é o câmbio
Usualmente, quando países chegam a um cenário como o da Grécia e de outros países da UE, o ajuste é via câmbio : desvaloriza-se as moedas (e, por derivação, os salários) e constrói-se resultados no balanço de pagamentos que restitui a capacidade de pagamento no médio prazo. O risco é a inflação devastar este ajuste. Todavia, os países europeus estão "amarrados" ao euro que, na prática é administrado pela Alemanha e França. Portanto, nenhum dos países mais afetados pelo excesso de endividamento têm, na prática, a opção cambial.
Um teste para o euro e a UE
Ora, no contexto acima devido, a Alemanha e a França tem de ajudar a viabilizar uma saída para a rolagem das dívidas da Grécia. Todavia, são estes países que mais atrapalham na tentativa do desgastado governo grego em garantir a sua solvência. Angela Merkel e Nicolas Sarkozy se deleitam com a liderança da UE, mas não assumem as responsabilidades de financiar os países mais penalizados pela crise internacional. Uma contradição, protegida pela necessidade de aprovar nos seus respectivos parlamentos o apoio à Grécia.
A opção da moratória
Restaria ao governo helênico exercer a sua soberania e impor uma moratória - negociada ou unilateral - para evitar um desastre na atividade econômica. Se esta opção fosse tomada, certamente o prejuízo à UE seria muito maior de vez que a pressão sobre Portugal, Espanha e Itália passaria a ser gigantesca, além de uma provável desvalorização substantiva do euro. A Grécia resiste à opção da moratória e protege a UE, a mesma que lhe nega franco apoio. Uma contradição que perdurará enquanto o povo grego suportar e não levantar suas fileiras para manter o seu interesse interno o qual sempre prevaleceu em sua história e civilização.
Cadê os profetas ?
A situação da UE deixa evidente que o euro está longe de se consolidar como alternativa de ser a "moeda-reserva" da comunidade internacional. Ocorre que há não muitos meses, sobravam analistas e economistas célebres pregando o declínio da moeda americana. Quem apostou nesta opção vê prejuízos pela frente. Não são poucos. No curto prazo, é possível ser categórico : o euro vai cair ainda mais frente ao dólar e as outras moedas mundiais. No longo prazo, não se sabe por uma única razão : não há modelo analítico razoável que permita esta previsão. A despeito dos irresponsáveis que dizem ter esta capacidade, digamos, "mediúnica".

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