quarta-feira, 24 de maio de 2017

ANÁLISE: Radicalização é ruim para Temer e para os defensores de Diretas-já

Por IGOR GIELOW, DE SÃO PAULO - FOLHA.COM

Rubens Valente/Folhapress 
Protesto contra o governo de Michel Temer (PMDB) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília

Todo governo em crise terminal tem no fator "ruas" seu maior temor. Que o digam Fernando Collor e Dilma Rousseff. Assim, a radicalização dos protestos nesta quarta (24) é um daqueles signos de mau agouro que acompanham todo processo degenerativo de governabilidade.
Michel Temer (PMDB) fez o que pôde: chamou os militares para ajudar a evitar depredações mais intensas do patrimônio público. Mas o sinal que fica é péssimo, o de um governo acuado em tribunais, no Congresso e, ao menos simbolicamente, no seu quintal (a Esplanada dos Ministérios).
Paradoxalmente, o mesmo movimento é péssimo para quem foi à rua com a bandeira do "Diretas-já" acoplada à do "Fora, Temer". As cenas vistas em Brasília não lembram as concentrações que pediam a cabeça de outros presidentes, e sim lembravam a baderna generalizada que marcou o declínio do movimento de rua de 2013.
Naquele momento, a violência era patrocinada pelos aderentes de técnicas "black bloc". Agora, ela veste as camisetas vermelhas de sindicatos associados largamente ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
Poucos no próprio PT consideram que a defesa das diretas tem alguma chance de ultrapassar o campo da retórica política. Mas se houver uma associação entre o movimento e atos de vandalismo, como os atos desta quarta sugerem, o caminho para o enterro político da ideia está dado.
Perdem, pois, o movimento das diretas e Temer. Com um risco adicional para os envolvidos de todos os partidos: o discurso populista de cunho mais extremado à direita, de garantia de lei e ordem, poderá ganhar mais corpo, em um momento de enorme vácuo de lideranças políticas no país.

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