quinta-feira, 14 de julho de 2016

LAVA-JATO: Empresa ligada à Odebrecht deu dinheiro a Fernando Baiano

OGLOBO.COM.BR
POR THIAGO HERDY E CLEIDE CARVALHO

Empreiteira é a mesma que pagou avião para viagem de Lula a Cuba

Fernando Baiano recebeu R$ 1,6 milhão de parceira da Odebrecht - Geraldo Bubniak/AGB/18-4-2016

SÃO PAULO — Usada pela Odebrecht para bancar despesas de avião do ex-presidente Lula em 2013 e para comprar um prédio oferecido ao Instituto Lula em 2010, a DAG Construtora também pagou pelo menos R$ 1,6 milhão ao lobista Fernando Baiano, acusado de ser operador de propinas para dirigentes do PMDB. A empresa pertence a Dermeval Gusmão, amigo e parceiro de negócios de Marcelo Odebrecht.
Relatórios da Receita Federal mostram que Baiano recebeu R$ 1,2 milhão diretamente da DAG como pessoa física e outros R$ 420 mil na conta da Technis, empresa usada por ele para receber propina de empreiteiras. Os pagamentos foram feitos em 2009 e 2010 e reforçam a hipótese de que a Odebrecht usava a DAG para ocultar atividades ilícitas.
Depois de passar quase um ano detido em Curitiba, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, Baiano deixou a prisão em novembro, após fechar acordo de delação premiada. Quando questionado sobre o pagamento da DAG, o advogado Sérgio Riera informou que Baiano não pode se manifestar “em razão do acordo de colaboração”. “Cabe-nos apenas informar que todos os esclarecimentos sobre os negócios de Fernando Soares foram dados ao MPF”, afirmou.
O depoimento relacionado ao caso está sob sigilo. A Odebrecht não quis se manifestar.
Em nota, a DAG disse desconhecer “pagamentos nesse montante realizados à pessoa Fernando Soares” e afirmou que “a Odebrecht nunca realizou solicitação nesse sentido”. Baiana como a Odebrecht, a DAG é parceira da empreiteira em projetos imobiliários.
Conforme revelou O GLOBO na última terça-feira, a Odebrecht usou a DAG para comprar em 2010 um prédio para abrigar o Instituto Lula. A família de Lula sabia dos planos, já que o projeto de reforma e documentos da compra foram apreendidos em imóveis usados por ela. A compra do prédio é citada em planilha de propinas da Odebrecht. O prédio acabou não sendo entregue a Lula por causa das pendências judiciais dos antigos proprietários do imóvel.
VERSÕES CONTRADITÓRIAS
Em abril do ano passado, quando O GLOBO revelou que a Odebrecht usou a DAG para pagar pelo aluguel de um jato usado por Lula, a empreiteira apresentou versões contraditórias. Primeiro, alegou que acionou a DAG por “questões de logística”. Depois, em comunicado à imprensa, disse se tratar de participação de fornecedores na estratégia de “abrir portas do mercado internacional”. O voo de Lula aconteceu na companhia de Alexandrino Alencar, executivo acusado de ser operador de pagamento de propinas em nome da Odebrecht.

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