sexta-feira, 6 de maio de 2016

ECONOMIA: Corte da nota do Brasil é recado para Temer agir rápido, dizem analistas

FOLHA.COM
TATIANA FREITAS
MARIANA CARNEIRO
JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO

Alex Almeida - 5.out.2008/Folhapress                                                                                   

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Fitch não surpreendeu economistas, mas eles interpretaram a perspectiva negativa dada para o rating como um recado ao vice-presidente Michel Temer: é preciso agir rápido.
Com a perspectiva negativa, a Fitch indica que pode voltar a reduzir a nota.
"É mais um recado para o governo sobre a necessidade de dar uma resposta rápida para a situação fiscal", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
Para ela, a posição da Fitch, ao manter a perspectiva negativa, destoa da atitude de investidores internacionais, que parecem dar o "benefício da dúvida" para o eventual governo Temer. "A agência não parece dar esse benefício", afirma.
"A Fitch impõe urgência a Temer e assume que as perspectivas para o novo governo são bastante difíceis", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Para ele, se Temer não anunciar rapidamente sua equipe e seus planos para a economia logo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, novos rebaixamentos poderão ocorrer.
Assim como a Fitch, Perfeito cita as dificuldades de Temer para formar um governo de coalizão, o que deve dificultar a aprovação de reformas. "O Congresso não deve aprovar nada relevante até as eleições [em outubro]."
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também destaca as desconfianças sobre um eventual governo e os prognósticos de longo prazo. "Por outro lado, se não houvesse mudança política, perderíamos ainda muitas notas pela frente", afirma.
José Cláudio Securato, presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), também avalia que pesou na decisão da Fitch as perspectivas ruins de curto prazo para o Brasil.
"A evolução política, a aprovação do afastamento da presidente e a formulação do novo governo abrem um caminho, mas essas perspectivas são de médio prazo. As de curto ainda são negativas."
RETROVISOR
Os economistas também avaliaram que corte na nota reflete mais o passado do que o futuro. "É natural o rebaixamento, não é uma surpresa. A situação fiscal do Brasil é muito séria", diz o economista Tiago Berriel, da PUC-Rio e da gestora Pacífico.
Segundo ele, porém, a iminência do impeachment de Dilma faz com que "tudo o que reflita a situação atual seja um pouco irrelevante". "É uma percepção do passado. Não deveria ser importante frente a todas as incertezas sobre o futuro", diz.
Mauro Schneider, analista da MCM, avalia que o timing do anúncio é "curioso", já que ocorre a poucos dias da esperada posse de Temer. "A agência parece estar ajustando a nota ao cenário que foi materializado no governo Dilma", disse. "Não parece descrença com um eventual governo Temer, mas um atraso em relação às demais agências [de risco]".
André Leite, sócio da gestora TAG Investimentos, estima que os impactos do novo rebaixamento sejam reduzidos. "Isso já estava na conta. É um olhar no retrovisor. O mercado agora está mais preocupado com o futuro."
AVALIAÇÃO DE RISCO
Escala de notas de crédito globais das agências de classificação 
Clique na caixa preta para entender os critérios

COMO A S&P ATRIBUI NOTAS DE CRÉDITO

AAA: rating mais alto atribuído pela S&P. Devedor tem capacidade extremamente forte para honrar seus compromissos financeiros
AA: capacidade muito forte para honrar compromissos
A: capacidade forte para honrar seus compromissos, mas é mais suscetível a efeitos adversos de mudanças na economia
BBB: capacidade adequada para honrar compromissos, mas condições econômicas adversas podem levar a um enfraquecimento na capacidade de pagamento
BB: primeiro grau de rating especulativo. Devedor é menos vulnerável no curto prazo do que os devedores com ratings mais baixos. No entanto, enfrenta grandes incertezas no momento e exposição a condições adversas poderiam levá-lo a uma capacidade inadequada para honrar compromissos
B: atualmente tem capacidade para honrar seus compromissos financeiros, mas condições adversas de negócios, financeiras ou econômicas provavelmente prejudicariam a capacidade e a disposição de pagamento
CCC: atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis para honrar seus compromissos financeiros
CC: devedor está atualmente altamente vulnerável. A avaliação CC é utilizada quando o default ainda não ocorreu, porém a S&P espera que seja praticamente certo
R: devedor avaliado como R está sob supervisão regulatória em decorrência de sua condição financeira
SD e D: devedor avaliado como SD (default seletivo) ou D está em default em uma ou mais de suas obrigações financeiras, incluindo obrigações financeiras avaliadas ou não. O rating ‘D’ também será usado quando a Standard & Poor’s acredita que o default será geral e que o devedor não conseguirá pagar todas, ou quase todas, as suas obrigações no vencimento
Os ratings de AA a CCC podem ser modificados pela adição de um sinal de mais (+) ou de menos (-) para mostrar a posição relativa dentro das principais categorias de rating
Fonte: Standard & Poor`s, a Moody`s e a Fitch Ratings

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