quinta-feira, 31 de março de 2016

ECONOMIA: Dólar fecha a R$ 3,597 e no mês acumula recuo de 10%

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Cotação é a menor desde agosto; Bolsa tem melhor desempenho mensal desde 2002

 
 - Scott Eells / Bloomberg News

SÃO PAULO - O dólar comercial renovou a mínima do ano, abaixo de R$ 3,60, e fechou no menor patamar desde o final de agosto do ano passado. A moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 3,595 na compra e a R$ 3,597 na venda, recuo de 0,69% ante o real. No mês, a divisa acumulou uma queda de 10,16%, refletindo a menor aversão ao risco global e a expectativa de uma mudança de governo. Já a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de 2,33% nesta quinta-feira, aos 50.055 pontos. Ainda assim, no mês, o índice acumula alta de 16,97%, maior alta mensal do Ibovespa desde outubro de 2002.
Esse valor para o dólar é o menor desde os R$ 3,587 de 28 de agosto do ano passado. A moeda até chegou a iniciar os negócios em alta, mas passou a cair após o Banco Central (BC) anunciar que vendeu apenas 2,9 mil dos 17 mil contratos de swap cambial reverso ofertados no leilão desta quinta-feira. Esses contratos possuem o efeito de uma compra de dólar no mercado futuro e tendem a pressionar a cotação para cima. No entanto, a autoridade monetária não conseguir ofertar todo o lote, o que já havia ocorrido na quarta-feira. Na mínima, a moeda chegou a R$ 3,534, o equivalente a um recuo de 2,43%.
— O BC não deu um prêmio atrativo para o mercado e então os agentes saíram vendendo. No exterior o dólar também está com essa tendência, então acaba impulsionando o movimento aqui — explica Italo Abucater, gerente de câmbio corretora Icap do Brasil.
A moeda seguiu em queda mesmo após o fechamento da Ptax do mês, que servirá para a liquidação de contratos atrelados ao dólar. Essa cotação é calculada pelo BC e considera as cotações das 9h às 13h e nesta quinta-feira ficou em R$ 3,5589. Em dias de fechamento da Ptax do mês, a volatilidade tende a ser maior, já que a uma disputa entre os investidores que apostam na alta ou na queda da moeda em suas operações nos mercados financeiros.
No mercado externo, o “dollar index” registrava recuo de 0,24% próximo ao horário de fechamento do mercado de câmbio no Brasil. Esse índice, calculado pela Bloomberg, leva em consideração o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas. O dólar perde força em escala global desde terça-feira, quando a presidente do Federal Reserve (Fed, o bc americano), sinalizou uma postura de cautela em relação ao processo de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.
Os investidores repercutem ainda o relatório de inflação do BC, em que a autoridade monetária vê a inflação acima da meta em 2016 e maior que o previsto do relatório anterior no ano que vem. A autoridade monetária também indica que não há espaço para flexibilização da taxa de juros. A reação foi o aumento dos juros no mercado futuro. Os contratos de janeiro de 2017 fecharam a 13,885%, ante 13,825% na abertura dos negócios.
CORREÇÃO NA BOLSA
Na Bolsa, os investidores vendem as ações com a expectativa de embolsar os ganhos conquistados ao longo do mês. Na avaliação de analistas, é um movimento de correção, uma vez que o Ibovespa acumulou forte alta no mês, a maior desde outubro de 2002, quando ocorreu a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a Bolsa subiu 17,92%.
No mês, o que contribuiu para essa alta foi a volta de investidores, em especial os estrangeiros, que ficaram mais otimistas em relação à economia com a perspectiva de uma mudança de governo. Segundo dados da BM&FBovespa, o saldo de estrangeiros na Bolsa ficou positivo em R$ 7,679 bilhões no mês até o dia 29 de março.
— O que vemos hoje é um movimento corretivo. Não existe nenhum ponto que justifique a queda. É uma realização de lucros em um mês que o Ibovespa teve uma alta forte — afirmou Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.
As vendas foram lideradas pelo setor bancário, o de maior peso na composição do Ibovespa. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 2,86% e 3,52%. Já os papéis do Banco do Brasil caíram 2,46%
Também registraram queda os papéis da Vale. As PNs caíram 2,81% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 2,50%.
Já a Petrobras caiu apesar da alta do petróleo no mercado internacional. As preferenciais recuaram 1,06%, cotadas a R$ 8,35, e as ordinárias tiveram desvalorização de 0,65%, a R$ 10,63. O barril do tipo Brent era negociado a US$ 39,60, alta de 0,87%, em horário próximo ao do fechamento da Bolsa no Brasil.
Já o ambiente político, com as discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, seguem no radar dos investidores. “Do lado político, notamos certo refluxo no otimismo dos agentes em função do balcão de ofertas aberto pelo governo. O Governo publicou a programação orçamentária com corte de R$ 21 bilhões, mas manteve intacta as emendas de parlamentares. Isso mesmo com a absoluta degradação das contas públicas”, avaliou, em relatório, Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
No mercado externo, os principais índices americanos fecharam com leve queda. Dow Jones teve variação negativa de 0,18% e o S&P 500 registrou desvalorização de 0,20%. Já os índices europeus fecharam em queda. O DAX, de Frankfurt, caiu 0,81% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 1,34%. O FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 0,46%.

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