quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

DENÚNCIA: Ex-amante diz a jornal que empresa ajudou FH a bancá-la no exterior

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Fernando Henrique admitiu ter enviado dinheiro, mas negou ter usado empresa

A jornalista Mirian Dutra - Reprodução do Twitter

RIO - A jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manteve um relacionamento extraconjugal, afirmou que a Brasif S.A. Exportação e Importação ajudou o ex-presidente a enviar recursos ao exterior. O montante era destinado a Mirian e a seu filho, Tomás Dutra, disse a jornalista. Em entrevista à "Folha de S. Paulo", ela afirmou que a transferência ocorreu por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, com validade entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006.
À “Folha de S.Paulo” Fernando Henrique negou ter usado empresa para enviar dinheiro para Mirian ou Tomás. Em nota divulgada nesta quinta-feira, o ex-presidente disse que vai esperar a empresa se manifestar sobre contrato fictício.
No documento, a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif S.A. Exportação, aparece como contratante de "serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes". O contrato de US$ 3 mil mensais previa pesquisas "tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops" em países da Europa. Mas Mirian diz que jamais esteve em uma loja convencional ou em um duty free. Ela foi colaboradora da TV Globo por 35 anos, até 31 de dezembro do ano passado.
A Brasif, na época, explorava as lojas de free shops nos aeroportos brasileiros. Fernando Henrique presidiu o país entre 1995 e 2002, em dois mandatos.
“Tenho contrato. É muito sério. Por que ninguém nunca investigou?”, questionou ela na entrevista. Perguntada por quê só decidiu agora contar a história, disse: “Eu acho que eu tinha que ter feito um escândalo quando fiquei grávida. Depois, as coisas foram acontecendo. Eu não quero morrer amanhã e tudo isso ficar na tumba. Eu quero falar e fechar a página”.
O acordo, segundo a jornalista, foi articulado pelo lobista Fernando Lemos, que era casado com sua irmã, Margarit Dutra Schmidt. Ao jornal, Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior (segundo ele, todas declaradas) e ter mandado dinheiro para Tomás, mas negou ter usado a empresa. O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não desmentiu o acerto, segundo a “Folha”. “Tem alguma coisa mesmo sim”, disse Barcellos, acrescentando: “Eu só não sei se era contrato”.
O ex-presidente manteve um relacionamento extraconjugal com Mirian nos anos 1980 e 1990, período em que a jornalista ficou grávida. Ela alega que Tomás é filho de Fernando Henrique, mas exames de DNA realizados em 2011 apresentaram resultado negativo.
Apesar do exame de DNA, o ex-presidente continuou a tratar Tomás como filho. A jornalista afirma que, em 2015, Fernando Henrique deu um apartamento de 200 mil euros (cerca de R$ 900 mil, em valores atuais) a ele, hoje com 25 anos.
Mirian, em entrevista ao jornal, afirma ter ficado grávida outras duas vezes em seis anos de relacionamento, e diz que o ex-presidente lhe pediu para fazer o aborto. "Ele pagou por dois abortos. Eu não queria ter outro filho".
Sobre o filho Tomás, Mirian disse que, após o nascimento, Fernando Henrique foi visitá-la “duas ou três vezes” em sua casa. “Minha mãe estava lá (em casa) quando ele foi conhecer o filho. Ela diz, à época, ter decidido ir embora do Brasil, e que recebeu ajuda do senador Jorge Bornhausen (então do PFL, aliado de FH).
De acordo com a reportagem, Mirian disse que, quando Tomás fez três anos de idade, em 1994, aceitou que Fernando Henrique pagasse o colégio da criança. Depois, quando já vivia em Barcelona, não lhe foi permitida a volta ao Brasil. Segundo ela, a pressão partia do então senador Antonio Carlos Magalhães e de seu filho, Luís Eduardo Magalhães (ambos também do PFL). “Diziam para eu ficar longe. Daí eu pensei e achei que, para os meus filhos, era melhor eu ficar (no exterior), pois eles seriam muito perseguidos no Brasil”.
Em nota,  TV Globo se pronunciou: “A TV Globo não interfere na vida privada de seus colaboradores. Esclarece, porém, que jamais foi avisada por Mirian Dutra sobre o contrato fictício de trabalho e que, se informada, condenaria a prática. A emissora esclarece que o contrato de colaboradora de Mirian Dutra foi modificado, com mudanças em suas atribuições, o que acarretou nova remuneração, tudo segundo a lei vigente no país em que trabalhava. Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Mirian Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo.”
A direção do PSDB informou hoje que vai tratar o caso das denúncias feitas pela jornalista como um caso de caráter eminentemente pessoal, um drama familiar. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e outras lideranças do partido conversaram hoje com o ex-presidente por telefone e relataram que ele está chateado, mas sereno.

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