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POR LUCIANNE CARNEIRO
Pesquisa do IBGE mostra que ritmo de crescimento da renda foi menor no ano passado
Prédios em Copacabana com vista para a favela do Cantagalo - Marcos Tristão / O Globo
RIO - A desigualdade no Brasil caiu em 2014 pelo décimo ano seguido, apontou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, realizada pelo IBGE. O índice de Gini, que mede a concentração de renda no trabalho, caiu de 0,495 em 2013 para 0,490 no ano passado, ou 1%. O índice varia entre zero e um: quanto mais perto de zero, menor é a desigualdade. Em 2004, esse índice era de 0,545. Entre 2004 e 2014, o recuo na desigualdade foi de 10,09%.
A realidade na região Sudeste, no entanto, foi diferente. Quando se olha pela renda do trabalho, houve aumento de 0,7% da desigualdade no Sudeste: o índice de Gini passou de 0,475 em 2013 para 0,478 em 2014. Segundo o IBGE, isso ocorreu porque não houve ganho na parcela dos 10% mais pobres da população no Sudeste.
O rendimento do trabalho também continuou a subir no ano passado, embora a um ritmo bem menor que o observado em anos anteriores. A renda avançou 0,8%, de R$ 1.760 em 2013 para R$ 1.774 em 2014 em termos reais, ou seja, já descontando a inflação. Em 2013, o aumento da renda tinha sido de 3,9%. Em 2012, esse ganho foi de de 5,5%, depois de alta de 8,1% em 2011.
As duas outras formas de medir a desigualdade também apontam continuidade da trajetória de queda: a desigualdade de todas as fontes (que inclui renda com pensão, benefícios sociais, renda de aluguel e juros de poupança, por exemplo) e a desigualdade domiciliar (que considera a renda do domicílio). A desigualdade medida para o rendimento de todas as fontes passou de 0,501 em 2013 para 0,497 em 2014.
Fonte: IBGE - Editoria de Arte
— O índice de Gini manteve a tendência de queda, principalmente nos rendimentos mais baixos. Os que ganhavam menos tiveram um incremento maior da renda e os que ganhavam mais tiveram redução — afirmou a gerente do IBGE responsável pela Pnad, Maria Lucia Vieira.
A queda da desigualdade no ano passado é resultado da combinação de alta da renda na população que ganha menos e recuo entre os mais ricos. O rendimento da parcela dos 10% mais ricos da população caiu 0,43%, de R$ 7.185 para R$ 7.154. A queda foi ainda mais expressiva na fatia de 1% mais ricos: de 3,41%, de R$ 21.085 para R$ 20.364. Já a renda dos 10% mais pobres subiu 4%, de R$ 246 para R$ 256.
Fonte: IBGE - Editoria de arte
Ao se observar a renda de trabalho como um todo, no entanto, há continuidade da trajetória de crescimento observada nos últimos anos:
— O rendimento continua crescendo, mas não é tão forte. Aqueles ganhos de rendimento não são mais observados — explicou Maria Lucia Vieira.
A maior desigualdade ainda está no Nordeste (0,501), embora esta seja a região com maior queda na desigualdade entre 2013 e 2014, de 4,4%. Em seguida, foi o Centro-Oeste, com recuo de 3,5%. Ambas as regiões registraram perda de renda entre os 10% mais ricos da população ocupada. O Sul se manteve como a região com menor desigualdade no país, de 0,442.
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