quinta-feira, 15 de outubro de 2015

ECONOMIA: Brasil é rebaixado pela Fitch, mas mantém grau de investimento

ESTADAO.COM.BR
GABRIEL BUENO DA COSTA - AGÊNCIA ESTADO

Agência de classificação de risco cita o fraco desempenho fiscal do País e a crise política; há um mês, a S&P também rebaixou a nota do Brasil e retirou o seu selo de bom pagador 

SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira e local de BBB para BBB-. A perspectiva da nota permanece negativa. Em seu comunicado, a agência diz que o corte reflete o crescente endividamento do governo, os desafios à consolidação fiscal e a piora da perspectiva para o crescimento econômico. Há cerca de um mês, a agência Standard & Poor's também rebaixou a nota do Brasil e retirou o seu selo de bom pagador.
"O ambiente político difícil está dificultando o progresso na agenda legislativa do governo", afirma a Fitch, apontando que esse problema reverbera negativamente para a economia em geral. A perspectiva negativa, segundo a agência, reflete a visão de que a performance abaixo do desejado deve persistir, enquanto a incerteza política continua a pesar na confiança, nos investimentos e no crescimento, aumentando os riscos para a consolidação fiscal de médio prazo.
A Fitch foi a segunda agência de classificação de risco a recentemente rebaixar a nota do Brasil

A Fitch diz que o impacto antecipado da recessão econômica sobre as receitas do governo e a dificuldade para implementar medidas para compensar o cenário político "complicado" minaram a estratégia de consolidação fiscal do governo. "Consequentemente, em julho o governo reduziu suas metas de superávit primário substancialmente para 2015 e adiante", diz a agência. "Em outro revés para a credibilidade fiscal, o governo entregou o Orçamento de 2016 com uma meta fiscal ainda mais fraca."
A agência aponta que, ainda que o governo esteja trabalhando em certas propostas tributárias e de gastos para retomar o padrão fiscal contido nas projeções de julho, permanece havendo "incerteza considerável" sobre sua implementação, "especialmente no contexto do atual impasse político".
"Conter os gastos discricionários ganha importância", afirma a agência, à luz de uma carga tributária já alta e da rigidez do Orçamento, de limites a mais cortes em gastos discricionários e uma recuperação econômica fraca. "Essas medidas, porém, exigem um consenso e apoio político mais amplos, o que pode ser difícil de obter", destaca a Fitch.
Recessão. A agência afirmou que a recessão econômica do Brasil provavelmente será mais profunda e mais longa do que as expectativas anteriores. A Fitch prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do País terá contração de 3% neste ano e de 1% em 2016, antes de registrar crescimento modesto em 2017, com riscos inclinados para o lado negativo.

Rating dos países

 
BBB-Brasil e Índia
AACatar e Arábia Saudita
A+China e Chile
AAACingapura
BBBColômbia e África do Sul
AA-Coreia do Sul
BB+Costa Rica
BBCroácia e Bolívia
BEquador
AA+Hong Kong
AIsrael
B-Jamaica
BBB+México e Peru
RatingsPaíses
A-Polônia e Malásia
B+Sérvia
BB-Vietnã e Tunísia
Segundo a Fitch, uma recessão mais profunda, a redução de empregos líquidos, a menor popularidade da presidente Dilma Rousseff, tensões entre o governo e o Congresso, a expansão do alcance das investigações da Petrobrás e os riscos de impeachment da presidente estão tumultuando o ambiente político e criando desafios de governabilidade e incertezas políticas.
"Os reduzidos níveis de confiança, o mal-estar do setor de construção e as contínuas incertezas políticas ampliaram as preocupações econômicas domésticas, enquanto a economia continua sentindo o peso dos obstáculos externos, como os preços baixos das commodities, o crescimento mais fraco em importantes parceiros comerciais e a maior volatilidade financeira internacional", observou a Fitch.

HÁ UM MÊS, BRASIL PERDIA GRAU DE INVESTIMENTO PELA S&P
Andre Dusek/Estadão

Há um mês, a agência de classificação de risco Standard & Poor's tirou o grau de investimento do Brasil, o chamado "selo de bom pagador". O País havia conquistado a nota sete anos antes, no governo Lula. O então presidente celebrou a classificação na época, e disse que era "uma conquista do povo brasileiro". Ao perder a nota, o discurso mudou: "não significa nada"
A agência também projeta que o déficit do governo geral do Brasil piore para perto de 9% do PIB em 2015, devido aos juros mais altos, em parte refletindo as perdas nos swaps cambiais oferecidos pelo Banco Central. Os déficits fiscais médios durante o período 2016-2017 devem permanecer elevados, em mais de 6% do PIB, baseados na expectativa da Fitch de que o governo terá dificuldade de atingir suas metas de 0,7% e 1,3% em 2016 e 2017, respectivamente. 
Como resultado, a agência prevê que o endividamento do governo brasileiro chegue perto de 70% do PIB em 2016, "significativamente acima da mediana BBB de 43%", e diz que ele continuará a avançar em 2017.
PARA ENTENDER

O que são ratings?
As agências avaliam a situação de governos e empresas que emitem títulos de dívida. A partir da avaliação de itens como despesas e receitas, cenário macroeconômico, perspectivas de investimento, política e relações do governo com o Congresso, a agência de rating publica uma opinião, que é a chamada nota de crédito (ou rating). Essa avaliação é usada para orientar os investidores sobre o risco de calote envolvido naquele investimento. E quanto maior o risco, maiores os juros pagos pelo emissor do título. Além da nota de crédito em si, a agência de classificação de risco também diz qual é a perspectiva para a aquela avaliação. Assim, a nota pode ter uma perspectiva negativa, estável ou positiva. Isso indica que, a partir de novas análises, o rating tende a ser revisado para baixo, ser mantido ou subir.

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