Da FOLHA.COM
NATUZA NERY, DE BRASÍLIA
MARINA DIAS, DE SÃO PAULO
ITALO NOGUEIRA, DO RIO
FELIPE BACHTOLD, DE PORTO ALEGRE
Interessados em implodir a estratégica união do PMDB com Dilma Rousseff, os presidenciáveis oposicionistas Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) iniciaram nas últimas semanas uma silenciosa ofensiva para levar o partido a derrotar a aliança com a presidente da República.
Em 10 de junho, a maior legenda da coalizão governista vai decidir se aprova a permanência na chapa pela reeleição da petista e a continuidade de Michel Temer na vice.
Nos bastidores, adversários de Dilma passaram a estimular traições e aprofundar dissidências no território peemedebista. Mais do que conquistar aprovação às suas próprias candidaturas, Campos e Aécio querem minar um casamento político, vital à hegemonia de Dilma no tempo de TV da propaganda eleitoral.
Segundo a Folha apurou, Aécio atacou dois dos três Estados com maior peso na convenção, Rio e Minas, obtendo promessa de levar a maioria dos votos contra a aliança com Dilma no dia 10.
Editoria de Arte/Folhapress
Campos investiu sobre o Ceará e buscou alimentar rachas em redutos onde a convivência entre PT e PMDB já é problemática, aproveitando-se dessa fragilidade.
Em boa parte das apostas sobre o resultado da votação, Dilma é apontada como vitoriosa, apesar dos altos riscos de traição –o voto é secreto e o PMDB é conhecido por seu alto grau de infidelidade.
Mesmo com a insatisfação geral no PMDB em relação ao tratamento dado pela presidente da República nos últimos anos, Michel Temer ainda é tratado como garantia de manutenção da aliança.
Presidente da sigla por muitos anos, sua influência caiu desde que assumiu a cadeira de vice no Planalto, mas não a ponto de uma derrota ser dada como certa. Por outro lado, ninguém é capaz de descartar com absoluta certeza a hipótese de um revés, nem mesmo no governo.
REVÉS
Eduardo Campos conversou longamente com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), pré-candidato ao governo do Ceará e incomodado com a falta de apoio de Dilma Rousseff à sua campanha. No Estado, a presidente está com os irmãos Gomes, Cid e Ciro, ambos oponentes de Eunício.
No diálogo, o presidenciável fez uma análise pessimista sobre a situação da economia e se declarou convicto de que irá para um eventual segundo turno. Para contar com os votos dos rebeldes cearenses no encontro do PMDB, pediu apenas o chamado "palanque aberto".
Ou seja: Eunício poderia receber para eventos eleitorais tanto Aécio quanto Campos. O movimento, porém, não foi combinado entre os dois oposicionistas, embora a operação para atrair dissidentes sirva a ambos.
'VELHA POLÍTICA'
Em suas falas públicas, Campos tem se apresentado como um crítico da "velha política", citando nominalmente caciques do PMDB como expoentes do fisiologismo.
Ele chegou a prometer mandar o senador José Sarney (PMDB-AP) "para casa". Não há relatos de que Campos tenha procurado nenhum daqueles que tem criticado.
Nesta quarta (4), em Porto Alegre (RS), onde apoiará o peemedebista José Ivo Sartori na disputa para o governo, Campos elogiou o passado do PMDB ao justificar o acordo com o partido em palanques regionais. Disse que o apoio ao PSB de figuras como Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) estimula os peemedebistas a "reencontrarem" a sua linha histórica.
"A unidade do PMDB daqui está animando o PMDB autêntico do Brasil afora. O PMDB do Rio Grande do Sul e o de Pernambuco sempre foram referência", disse.
Ele também citou o Mato Grosso do Sul, onde vai se aliar ao peemedebista Nelson Trad.
Já Aécio Neves está se movimentando no Estado com maior números de votos da convenção, o Rio de Janeiro. A operação surtiu efeito. Nesta quinta-feira (5), o PMDB realiza encontro para defender a chapa "Aezão", uma combinação do nome do tucano com o do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Apesar de declararem apoio a Dilma, Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) não tentaram evitar o encontro. A rebelião começou após o PT decidir lançar a candidatura do senador do partido Lindbergh Farias.
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