quarta-feira, 2 de abril de 2014

POLÍTICA: STF define doações e pode antecipar corrida por dinheiro nas eleições

Do UOL, em São Paulo
Wellington Ramalhoso

O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma às 14h desta quarta-feira (2) o julgamento da Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) movida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra as doações de empresas para candidatos nas eleições.Os quatro ministros que já votaram -- Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso-- foram favoráveis à proibição desse tipo de doação.
O julgamento foi interrompido em dezembro por causa de um pedido de vista do ministro Teori Zavascki. Restam os votos dele e de outros seis ministros. Uma eventual proibição poderia valer já nas eleições deste ano.
Se prevalecer o entendimento de que doações de pessoas jurídicas a candidatos e comitês eleitorais são inconstitucionais, políticos teriam de financiar suas campanhas com doações de pessoas físicas e com verbas do fundo partidário, de origem pública.
"Isso [a proibição de doações por empresas] causaria um desarranjo muito grande na condução das eleições pelos partidos", afirmou Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da organização não-governamental Transparência Brasil.
Ele disse, porém, que os partidos deverão recorrer a outros expedientes para contar com verbas doadas por empresas.
Abramo afirmou que as legendas anteciparão a corrida por financiamento privado. "As empresas poderão continuar doando para os partidos", disse, afirmando que a ação em julgamento no STF trata apenas de colaborações com candidatos e comitês e que as doações a partidos são vetadas somente no período eleitoral, que começa em 1º de julho. "Os partidos devem estar loucos por dinheiro neste momento."
O dinheiro arrecadado pelas agremiações até o fim do semestre seria repassado a partir de julho para candidatos e comitês.
Cofre das campanhas
1,8 bilhão de reais
foi o valor doado por empresas a candidatos nas eleições de 2012
2,3 bilhões de reais
foi o valor doado por empresas a candidatos nas eleições de 2010
Durante o período eleitoral, outro caminho se abriria. "Controladores de empresas passariam a doar para os partidos como pessoas físicas", disse o diretor da Transparência Brasil.
Uma resolução adotada neste ano pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determina que partidos que receberem recursos de empresas ou pessoas físicas e os repassarem a candidatos terão de divulgar na prestação de contas a origem do dinheiro encaminhado.
Abramo diz que apesar das possibilidades de contornar uma eventual proibição determinada pelo STF os partidos ainda podem ser mais incisivos e articular no Congresso a aprovação de uma emenda que torne constitucional as doações de partidos.
De acordo com a Transparência Brasil, as empresas brasileiras doaram pelo menos R$ 4,1 bilhões às campanhas eleitorais de 2010 e 2012. O estudo analisou o custo do voto e o poder de influência das maiores doações de pessoas jurídicas. A ONG defende a criação de um teto para doações a fim de limitar a influência do poder econômico sobre os candidatos.
A presidente Dilma Rousseff (PT) teria deixado de contar com R$ 135,5 milhões naquele ano. José Serra (PSDB), candidato à presidência derrotado no segundo turno, ficaria sem R$ 106,5 milhões.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |