quinta-feira, 3 de abril de 2014

ECONOMIA: Juros do cartão de crédito subiram 23 pontos percentuais em 12 meses: de 192,9% para 216,5% ao ano

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO (EMAIL)

Nesse período, a taxa básica aumentou 3,75 pontos, de 7,25% para 11% ao ano
Média cobrada de pessoas físicas foi de 88,61% para 97,16%
Piora das expectativas para a economia influencia

Editoria de Arte O Globo
SÃO PAULO - Enquanto a taxa básica de juros, a Selic, subiu 3,75 pontos percentuais de abril do ano passado até agora (de 7,25% para 11% ao ano, em elevação anunciada nesta quarta-feira), na ponta do consumidor os juros subiram 8,55 pontos percentuais no mesmo período, segundo levantamento feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Na ponta do lápis, a taxa média de juros para pessoa física saltou de 88,61% para 97,16% ao ano, nos últimos 12 meses. Mas, individualmente, algumas linhas ficaram muito mais caras: no cartão de crédito, por exemplo, o juro subiu de 192,94% para 216,5%, ou seja, 23,56 pontos percentuais. No comércio, foi de 60,10% para 68,8% (alta de 8,7 pontos percentuais).
Nesta quarta-feira, o Banco Central anunciou a nona alta seguida na Selic, de 10,75% para 11% ao ano. O aumento maior do que o da taxa básica gerou uma elevação do chamado "spread bancário" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes), mesmo com queda da inadimplência. Em abril do ano passado, o spread bancário de pessoas físicas estava em 25,4 pontos percentuais. Em fevereiro deste ano, subiu para 28,7 pontos percentuais.
— O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros custos — explica o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha. — Com um ambiente econômico pior, quem empresta vai tentar se defender já que os empréstimos têm prazos mais longos — explica o professor do Insper.
Miguel Ribeiro de Oliveira, economista responsável pela pesquisa da Anefac, confirma que a piora nas expectativas para a economia estão puxando as taxas:
— Os bancos, o comércio e as operadoras de cartão estão repassando ao consumidor as expectativas piores para a economia nos próximos meses e a Selic se descolou dos juros cobrados do crédito. Quando o BC eleva o juro, o país cresce menos, a inadimplência aumenta, o desemprego tende a aumentar — explica Miguel Ribeiro de Oliveira, economista responsável pela pesquisa da Anefac.
A taxa de captação das instituições financeiras, ou seja, quanto os bancos pagam pelos recursos, também subiu, mas em patamar mais alinhado ao da Selic. Em abril do ano passado, estava em 9% ao ano, passando para 12,5% em fevereiro deste ano, para operações com pessoas físicas, segundo dados do Banco Central. Foi um crescimento de 3,5 pontos percentuais. No mesmo período, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 34,4% ao ano para 41,5% — alta de 7,1 pontos percentuais.
— Isso mostra que as instituições financeiras não só estão repassando a alta do custo de captação dos recursos, como também estão subindo os juros cobrados de seus clientes — avalia Miguel Ribeiro de Oliveira.
Como a Selic já está muito descolada dos juros ao consumidor, o novo aumento da taxa básica deve ter pouco impacto nas operações de crédito. Uma simulação feita pela Anefac mostra que a taxa de juro mensal na compra de uma geladeira deve subir de 4,46% para 4,48%.
Ao fim de 12 meses, o consumidor deverá pagar agora R$ 1.971,73, uma diferença de apenas R$ 2,26 antes da alta da Selic. Quem usar ficar no vermelho do cheque especial em R$ 1 mil, por 20 dias, pagará juro de R$ 54 frente aos R$ 53,87 de antes da alta da Selic.
VEJA TAMBÉM

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |