quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

DIREITO: Família de menina que caiu num vão da escada rolante no Galeão prepara ação contra a Infraero

De OGLOBO.COM.BR

Processo pode incluir pedido de indenização pelo acidente que provocou fratura de crânio na argentina de 3 anos

JANAÍNA FIGUEIREDO – CORRESPONDENTE(EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
Camila Palacios já em casa com a família, na Argentina Janaína Figueiredo / Agência O Globo
BUENOS AIRES - A família da menina argentina Camila Palacios, de 3 anos, que em 4 de janeiro passado caiu num vão no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), está preparando uma ação contra a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O processo pode incluir um pedido de indenização pelo acidente que provocou uma fratura de crânio frontotempoparietal na criança, segundo confirmou ao GLOBO o pai de Camila, o dentista Marcelo Alejandro Palacios. Já de volta à província de San Luis, no Norte da Argentina, a família tenta se recuperar de um “susto terrível” e, também, da “enorme decepção que sentimos em relação ao Brasil”.
— O povo brasileiro é maravilhoso, todos nos trataram muito bem... Mas nas próximas férias buscaremos um destino que nos dê mais segurança. Por momentos, me senti como no filme sobre o tsunami, totalmente indefenso — disse Marcelo.
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Ele está sendo assessorado pelo advogado carioca Sergio Queiroz Duarte e considera que o principal responsável pelo acidente sofrido por sua filha é a Infraero.
— A Infraero foi multada por várias infrações, constatadas depois da queda de Camila. Existem muitas falências nos aeroportos brasileiros. Esperam que as coisas aconteçam para depois fazer alguma coisa — lamentou o argentino. Marcelo não fala, ainda, em números, mas garante que seu advogado “vai preparar uma ação, em função do resultado das investigações judiciais. Veremos o que corresponde (o montante a exigir), que tipo de indenização”.
— Não há muito mais a provar. Esta empresa (em referência à Infraero) faz, mas não é suficiente — enfatizou.
Ele assegurou que tanto a polícia, como os médicos dos hospitais Souza Aguiar, o primeiro em receber Camila, e Miguel Couto, foram muito corretos e atenciosos com sua família. Mas quando se refere à Infraero, a percepção é bem diferente. De fato, Marcelo afirmou que, num primeiro momento, a empresa não quis arcar com os custos de estadia e transporte da família Palacios durante o período de internação de Camila. Foi necessário, confirmou o pai da menina, a “intervenção do consulado argentino no Rio”. Marcelo também disse que ninguém do governo estadual se comunicou com a família para saber como estava sua filha e destacou, pelo contrário, “o excepcional acompanhamento da TAM”.
— A empresa aérea não tinha qualquer responsabilidade no acidente, mas um funcionário de sobrenome Soares nos ajudou até mesmo como tradutor — contou o pai de Camila.
Ele ficou impressionado pela crise nos hospitais brasileiros. Camila permaneceu pouco tempo no Souza Aguiar, maior emergência do Rio, porque, segundo Marcelo, “não havia médicos para atendê-la”.
— Uma médica nos disse: “bem vindos ao Brasil, aqui não há médicos”. Como vão organizar uma Copa com tantas falências? No aeroporto havia apenas uma ambulância, que durante o trajeto até o hospital balançava muito pelos buracos nas estradas — questionou Marcelo.
Hoje, a menina argentina “está bem, ainda com um de seus olhos inchados e com um hematoma”. No momento da queda, Camila estava com seus dois irmãos e sua mãe, esperando a hora do embarque. O acidente ocorreu por volta das 17h, numa escada rolante do segundo andar do Terminal 2. De acordo com a Sociedade de Engenharia de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, a largura do vão entre o final do guarda-corpo e a lateral da escada rolante está fora dos padrões estipulados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Marcelo insiste em dizer que se tivesse existido um vidro, sua filha não teria caído.
— Vendedores do aeroporto que presenciaram o acidente me disseram que tinham visto o buraco e que existem muitos outros no aeroporto. Eu percorri os terminais e é verdade — disse o dentista argentino.
O retorno a San Luis era muito esperado pela família, depois de umas férias que deixaram um sabor amargo. Camila podia estar em sua casa, perto de seus brinquedos. Depois do acidente, a menina perdeu totalmente a força em suas pernas e não conseguia ficar de pé, sequer para ir ao banheiro. Já em casa, ela começou a caminhar melhor, de acordo com Marcelo, “e está feliz por estar de volta”.
— Pelo que nos disseram Camila não terá sequelas de nenhum tipo. Mas a partir da semana que vem vamos controlar sua evolução com os médicos de San Luis. Ela está bem, apesar da dor que ainda sente em um de seus olhos — revelou o pai da menina, que foi recebida por amigos e familiares no aeroporto de San Luis.
— Quando é perguntada pelo acidente no Brasil, Camila responde: “caí da escada e bati a cabeça”. A família se sente decepcionada, não esperava passar por uma situação assim num país que já visitou várias vezes, mas ao qual não pretende retornar por um bom tempo.
— Agora só queremos voltar à normalidade e deixar para trás uma experiência difícil para todos — concluiu Marcelo.

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