terça-feira, 19 de março de 2013

ECONOMIA: A lembrança do México

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

No início dos anos 90, quando se iniciou o ciclo de enorme valorização das ações ao redor do globo, o país mais "charmoso" para a comunidade financeira internacional era o México. País pobre, comandado por uma "elite bem formada", era lembrado por ser país vizinho da maior economia mundial e por estar construindo um acordo de livre comércio poderoso, o que veio a ser chamado de ALCA - Acordo de Livre Comércio das Américas (1994). O país da revolução de 1910, liderada por Emiliano Zapata, tornava-se aos olhos do "mercado" o país com o futuro mais promissor dentre os pobres que se tornavam emergentes. Além disso, contava-se com as imensas reservas petrolíferas que possibilitaram que o país se tornasse o sexto maior produtor mundial. Depois veio uma crise de dívida que foi superada com o apoio norte-americano (1995). De lá para cá, a despeito dos imensos ajustes macroeconômicos, o país apresentou um crescimento de pouco menos de 4% , mesmo que com riscos baixos - tem uma relação dívida/PIB ao redor de 30% e inflação controlada, por exemplo.

A lembrança do México - II

Todavia, atualmente o México está longe de ser o destaque dentre os emergentes. Ao contrário, as profecias tropeçaram no crescimento da China, país autoritário politicamente, o qual desprezou (e ainda despreza) muitas das "regras" prezadas pelo mercado (controla o câmbio e os juros, bem como regula um pouco o transparente mercado financeiro, para citar apenas dois aspectos). Além disso, faz a maior inclusão social de todos os tempos no globo, enquanto o México persiste em uma das rendas mais desiguais do planeta e um subdesenvolvimento social gritante. O México é rico em matérias-primas, mas frágil em adicionar tecnologia à sua produção doméstica e às exportações. Com efeito, as previsões dos analistas de então sinalizaram um futuro mexicano inconsistente com os seus reais fundamentos, sobretudo em relação à classe política daquele país. De outro lado, quando "descobriram" a China, o país já conquistava o mundo com sua agressividade. O México foi apenas um ícone, distante do mundo real. A China é uma realidade concreta, um risco considerável e um líder do mundo emergente. A bola de cristal estava errada.

E o Brasil ?

Seria o Brasil a profecia de hoje, equivalente a do México dos anos 1990 ? Muito se fala no mercado, a sua já famosa "bola de cristal", sobre as perspectivas brasileiras nos próximos anos. O que se vê, contudo, é um país limitado nas reformas estruturais, mergulhado na baixa política, com um discurso social e econômico anacrônico, mesmo que com os tais "fundamentos" de curto prazo sem maiores riscos. Vê-se um país com educação sofrível, sem competitividade industrial, com impostos elevadíssimos, juros estratosféricos e uma democracia corrompida por um sistema partidário parasitário ao poder central e com base social irrefletida nas instâncias superiores. Não se deseja um sistema chinês por estes cantos, é certo. Mas, qual seria o "estado da arte" de nossa própria criação política, social e econômica ? Se for o estado atual, estamos caminhando para a permanência de uma desigualdade imensa perante o mundo, na linha do que é o México : um país bem comportado e que não supera a sua própria impossibilidade histórica, criada dentro do país, de ser muito diferente do que é.

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