Do ESTADAO.COM.BR
Christiane Samarco e Eugênia Lopes, de O Estado de S.Paulo
Marconi Perillo (PSDB) tentará encerrar polêmica sobre a venda da casa onde o contraventor foi preso; petistas vão insistir nas quebras de sigilo fiscal e telefônico
BRASÍLIA - Convocado a depor na manhã desta terça-feira, 12, na CPI do
Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), levará à comissão
cópias dos extratos bancários de suas contas em quatro instituições financeiras,
entre janeiro e julho de 2011. Entre março e maio do mesmo ano, ele recebeu pela
venda de uma casa em Goiânia três cheques no total de R$ 1,4 milhão, assinados
por Leonardo Augusto Ramos, sobrinho do contraventor Carlos Cachoeira.
Beto Barata/AE - 24.04.2012
Marconi Perillo afirma que venda de imóvel
foi legal
Levará, também, cópias dos extratos bancários cedidos por seu ex-assessor
Lúcio Fiuza, que intermediou a venda do imóvel, para tentar mostrar que ele não
recebeu comissão pela venda.
Com os extratos e outros documentos que comprovariam o valor de mercado do
imóvel, Perillo espera encerrar a polêmica em torno do preço real da casa e os
rumores de que também teria recebido um complemento em dinheiro pela venda.
Mas não deverá escapar do pedido de quebra dos sigilos fiscal, bancário e
telefônico, defendido pela bancada do PT na CPI. "Já há indícios suficientes
para o pedido de quebra dos sigilos do governador", diz o deputado Paulo
Teixeira (PT-SP). "Marconi terá que explicar o inexplicável. Quem o acusa não é
o PT; é a Polícia Federal", diz o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).
Para Tatto, o governador deve explicações sobre a influência de Cachoeira na
administração estadual. Perillo também terá de esclarecer os depósitos em seu
nome, por uma empresa ligada a Cachoeira, ao coordenador de rádio de sua
campanha a governador, Luiz Carlos Bordoni, como revelou o Estado. Em reunião
ontem, os petistas decidiram cobrar explicações de Perillo, sem descambar para
ataques pessoais. "Ele será massacrado com dados; a sessão não pode virar
baixaria", diz o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).
Para o PSDB, os petistas terão de ser cautelosos, pois cometeram o erro
político de convocar, para o dia seguinte, o governador do DF, Agnelo Queiroz
(PT).
Assim, os petistas passaram o fim de semana atrás de dados que possam
comprometer o tucano, analisando as quebras de sigilos de integrantes do esquema
Cachoeira. "Nós vamos manter o foco na organização criminosa. Não vamos
perguntar sobre contribuição de campanha. Nisso, não vamos nem entrar", diz o
deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Já os tucanos estudam o inquérito da
Operação Saint-Michel da Polícia Federal, que investigou as ligações do esquema
de Cachoeira com o governo do DF e a Delta. A expectativa é encontrar um elo
entre Agnelo e o contraventor, que até agora não há.
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