Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
O conservador Partido Popular ascendeu à chefia do
governo espanhol com a sua tradicional pregação pró-mercado. Encantou a maioria
do eleitorado, incluso o mais jovem, com o ideário genérico da "austeridade". A
mesma pregação da alemã Angela Merkel, a mulher sem graça que tenta incorporar o
espírito de Thatcher, a dama de ferro. Pois bem : depois de cerca de seis meses
de governo, Mariano Rajoy teve de pedir a bagatela de 100 bi de euros para que o
sistema financeiro do país não quebrasse. Ressalta-se que este pacote assiste
tão somente aos problemas financeiros e nada se destina à tragédia do desemprego
galopante de cerca de 25% da força de trabalho (mais de 50% entre os jovens até
30 anos). Ademais, esta é a segunda intervenção do sistema monetário europeu nos
bancos do país - grande parte da injeção de recursos por parte dos maiores BCs
do mundo ao final do ano passado foi parar nas mãos dos espanhóis.
Agora a Espanha - II
O ideário pretensamente liberal de Mariano Rajoy
era uma farsa, isso até os ossos de Lord Keynes já sabiam. Afinal, o tal do
"mercado" é uma ficção ideológica cada vez mais sem lugar no cotidiano. O mais
incrível é que a bolha imobiliária que causou este processo foi engendrada pelos
conservadores espanhóis, agora socorridos pelo sistema europeu. A austeridade
caberá, sobretudo, ao povo espanhol que terá de despejar suas moedas na sacola
estatal que viabiliza tudo isso. A Espanha se junta, assim, ao seleto grupo da
Europa meridional, composto por Portugal e Grécia e, do outro lado, os
desesperançados irlandeses que votaram, há dois fins de semana, na austeridade
da senhora Merkel. Ainda falta a solução da Itália, esta mais vigorosa para se
sustentar no curto prazo, mas igualmente carente de crescimento.
Agora a Espanha - III
Poderemos ter um pouco de calma nos próximos dias.
Todavia, em breve, os helênicos voltarão a votar (no próximo dia 17) e a
fragmentação política do país gerará mais tensão ao Velho Continente. É quase
certa a vitória do Syriza, contrário ao acordo, muito embora seja possível uma
coalizão (intrigante) entre o Socialista Pasok e o conservador Nea Democratia.
De todo modo, a pequena Grécia caminha para sua saída do euro. Será ao mesmo
tempo uma tragédia (sem trocadilhos) e uma esperança. Quem viver, verá. Afora
isso, pode-se afirmar que não há nenhuma possibilidade concreta de que possa se
reverter o dramático quadro social de toda a Europa. A política de austeridade
de Merkel persiste levando o Continente para a beira do precipício. Enquanto,
não se adotar um receituário expansionista do ponto de vista monetário e fiscal,
o destino da Europa está mais para a depressão econômica que a simples recessão.
Em tempos de Eurocopa, melhor torcer contra a política econômica da Alemanha.
Não apenas nos gramados.
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