De OGLOBO.COM.BR
*Correspondente • MADRI
* Com “El País” e agências internacionais
Pacote de € 100 bi terá supervisão. Bloco estuda
controle de capital caso a Grécia saia do euro
MADRI e BERLIM — O resgate financeiro de € 100 bilhões aos bancos espanhóis
será supervisionado por uma “troica” que inclui o Banco Central Europeu (BCE) e
o Fundo Monetário Internacional (FMI), informou nesta segunda-feira o braço
executivo do bloco europeu. A informação contraria a ideia que o presidente do
governo espanhol, Mariano Rajoy, tentou passar ao insistir, no domingo, que o
socorro virá sem exigências como essa.
Rajoy afirmou que Madri conquistou uma vitória ao assegurar a ajuda
financeira aos seus bancos sem ter que submeter o país ao programa que resgatou
Grécia, Portugal e Irlanda, dizendo que a ajuda à Espanha não tinha “nada a ver”
com os das outras nações.
Mas o comissário para concorrência da União Europeia, Joaquín Almunia, e o
ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disseram que, assim como nos
outros salvamentos, uma “troica” do FMI, a Comissão Europeia e BCE irão, sim,
supervisionar a assistência financeira.
— Claro que haverá condições — disse Almunia a uma rádio espanhola. — Quem dá
dinheiro nunca dá de graça.
O FMI deve estar plenamente envolvido no acompanhamento do programa de
socorro à Espanha, apesar de não contribuir financeiramente para o pacote. Os
bancos que receberem ajuda, por sua vez, terão que apresentar um plano de
reestruturação.
— O Estado espanhol terá o empréstimo e será responsável por ele. Será como
uma troica. Haverá supervisão para garantir que o programa está a sendo cumprido
— afirmou Schaeuble a uma rádio alemã.
O ministro alemão disse que o monitoramento será restrito à reestruturação
dos bancos, mas o porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, afirmou que o
financiamento estará sujeito às metas macroeconômicas acertadas entre a Espanha
e a União Europeia.
Segundo analistas, o conflito de versões e falta de detalhes oficiais sobre o
pacote de resgate geram a incerteza que prejudica mercados.
Chipre indica que pode precisar de resgate em breve
O Chipre, que é membro da zona do euro, indicou nesta segunda-feira que pode
precisar pedir um resgate internacional antes do final deste mês, tanto para
seus bancos quanto para seus cofres em geral.
— A questão é urgente. Nós sabemos que a recapitalização do bancos (da ilha)
deve ser finalizada até dia 30 de junho e restam apenas alguns dias — disse a
jornalistas o ministro das Finanças, Vassos Shiarly.
O país sob pressão para pedir ajuda visando a salvar o seu segundo maior
credor, o Banco Popular de Chipre, que se curvou diante de sua exposição à
dívida da Grécia, antes do prazo regulatório de 30 de junho. Respondendo a uma
pergunta sobre se uma eventual ajuda seria focada no apoio aos bancos, Shiarly
disse que na sua visão seria um pacote abrangente, baseado na prática
existente.
— Quando se pede o mecanismo de apoio, você leva em conta todos os fatos,
incluindo necessidades que podem surgir mais para frente. Consequentemente, será
um pacote abrangente, cobrindo não apenas as circunstâncias presentes e a
recapitalização dos bancos, mas também necessidades futuras — disse.
O país endividado, fora dos mercados financeiros por um ano, precisará do
equivalente a 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) apenas para ajudar o Banco
Popular do Chipre, que está procurando um investidor disposto a preencher um
déficit de 1,8 bilhão de euros até o prazo determinado, ou o governo deverá
entrar para ajudar.
Shiarly disse que não pode afirmar qual poderia ser o valor total de um
resgate. Chipre tem pouco mais de 2,0 bilhões de euros em dívida de curto prazo
com vencimento no próximo ano.
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