domingo, 30 de maio de 2010

MUNDO: Com denúncia de fraude, eleição na Colômbia terá 2º turno entre Santos e Mockus

Do UOL Notícias* , Em São Paulo

  • Cidadãos colombianos procuram seus nomes em lista para as eleições deste domingo (30)

    Cidadãos colombianos procuram seus nomes em lista para as eleições deste domingo (30)

As eleições presidenciais colombianas terão segundo turno entre o candidato governista Juan Manuel Santos, do Partido de Unidade Nacional, e o oposicionista Antanas Mockus, do Partido Verde. Com 99% dos votos apurados neste domingo (30), o aliado do presidente Alvaro Uribe teve o dobro de sufrágios do rival em uma votação cercada de acusações de fraude, intimidação de eleitores e até mortes.

Os centros eleitorais colombianos fecharam às 16h00 locais (18h00 de Brasília). Segundo a Registradoria Nacional, instituição encarregada de organizar e divulgar os resultados eleitorais, Santos contava 46,5%, dos votos, ante 21,7% de Mockus. Os especialistas esperavam um resultado mais apertado na primeira votação. Em terceiro lugar, ficou o candidato Germán Vargas, do partido Câmbio Radical, com 10,1% dos votos, seguido por Gustavo Petro, do esquerdista Pólo Democrático Alternativo (PDA), com 9,1%.
A candidatura de Santos teria sido beneficiada pela compra de votos, segundo acusa relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Colômbia, divulgado durante a jornada eleitoral. Mesmo com a segurança reforçada em todo o país, foram registradas 17 ações armadas, de acordo com a entidade. "Esses ataques impediram que muitos eleitores chegassem aos centros de votação", relatou Ariel Ávila, da direção do MOE.

Os eleitores elegeram hoje o sucessor de Uribe na Presidência, em uma votação marcada pela calma e tranquilidade nas cidades, nesta que é considerada a eleição mais acirrada dos últimos anos. No entanto, foram registrados conflitos entre forças do Exército colombiano e das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no campo, com a tentativa de bloqueio de estradas e a descoberta de explosivos em zonas rurais.

Um guerrilheiro morreu em um combate entre os departamentos de Tolima e de Valle del Cauca (sudoeste) e outro rebelde foi capturado. Já no departamento de Bolívar, um soldado morreu em choques entre o Exército e membros das Farc perto de Santa Rosa.

Duas horas depois da abertura dos colégios eleitorais, o ministro do Interior e Justiça Fabio Valencia disse que as autoridades desativaram três artefatos explosivos e foram registrados quatro ataques de rebeldes contra as tropas, mas que "foram controlados". Além disso, um delegado da Registradoria Nacional foi supostamente sequestrado em uma zona de floresta no noroeste do país na última sexta-feira (28).

Votação

Mockus foi o primeiro dos nove candidatos a votar, e pediu a seus compatriotas que "exerçam bem seu direito de voto". "O voto é um dever cidadão, mas, antes de tudo, um direito que bem exercido pode produzir muito bem", afirmou o ex-prefeito de Bogotá, depois de votar.

O governista Santos afirmou que acatará a vontade do povo depois de depositar seu voto num colégio eleitoral do norte de Bogotá. "Que se cumpra a vontade de Deus e a vontade do povo. O que o povo colombiano resolver, eu acatarei", disse Santos, ex-ministro da Defesa do governo Uribe.

Raio-x da Colômbia

  • Nome oficial: República da Colômbia
    Forma de governo: República (Poder Executivo domina a estrutura de governo)
    Capital: Bogotá
    Divisão administrativa: 32 departamentos e 1 distrito capital
    População: 43.677,372
    Idioma: Espanhol
    Grupos etnicos: Mestiços 58%, brancos 20%, mulatos 14%, negros 4%, cafuzos 3% e indígenas 1%
    Religiões: Católicos Romanos 90% e outros 10% Fonte: CIA Factbook 2009

Santos e Mockus figuram nas pesquisas como os favoritos na disputa presidencial. Ambos estão tecnicamente empatados, mas longe dos 50% dos votos mais um necessários para não haver segundo turno, cuja realização está agendada para o dia 20 de junho. O vencedor assume o cargo no dia 7 de agosto.

No total, quase 30 milhões de colombianos estavam habilitados para participar do processo de votação, mas a previsão é que somente 16 milhões tenham se dirigido aos centros eleitorais.

Com o receio de atentados terroristas das Farc e do ELN (Exército de Libertação Nacional (ELN), que historicamente realizam ações violentas durante eleições, as autoridades colombianas armaram um forte esquema de segurança.

Farc

Tanto Santos quanto Mockus afirmam que não aceitariam soltar guerrilheiros presos pelas Farc em troca da libertação de reféns. Para Santos, apoiado pelo popular presidente Álvaro Uribe, acordos humanitários "não têm nada de humanitário" e incentivam a guerrilha a realizar mais crimes deste tipo, justamente em um momento em que esta prática foi reduzida.

Mockus, por sua vez, diz que não quer “nem ouvir falar em negociação enquanto o grupo armado detiver reféns” e defende que as libertações unilaterais precisam ser mediadas pela Cruz Vermelha e pela Igreja Católica.

Chavismo e Brasil

Seja Santos ou seja Mockus, o próximo presidente terá de lidar com uma relação deteriorada com a vizinha Venezuela. As relações com o país comandado por Hugo Chávez pioraram ainda mais em 2009, após a autorização da Colômbia para o uso de bases militares por tropas americanas e as acusações de Bogotá sobre um suposto desvio de armas venezuelanas às Farc.

Em julho de 2009, Chávez congelou as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia, o que motivou uma queda histórica do comércio bilateral. Outro vizinho que também pode dar dor de cabeça ao novo presidente é o Equador.

A tensão entre os dois países se intensificou após o ataque militar de 2008 a um acampamento das Farc em território do Equador, o que levou o governo equatoriano a romper relações diplomáticas com a Colômbia, situação que ainda não se normalizou.

Já o Brasil não deve dar trabalho ao sucessor de Uribe. Tanto Santos quanto Mockus falam em uma aproximação com o país. "O Brasil é um país chave nos processos de integração na América Latina”, afirmou o candidato oficial recentemente. Mockus, por sua vez, destacou que, se eleito presidente, pretende "intensificar" as relações com o Brasil, "buscando maior apoio em temas como educação, ciência e tecnologia".

*Com agências internacionais

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