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Em conversa com a Folha, vice-presidente afirma que Itamaraty tem entrado em contato com o embaixador chinês
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (19) que a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que criou um constrangimento diplomático na relação entre Brasil e China, não representa a opinião do governo federal.
"O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo", disse à Folha. "Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?"
O vice-presidente Hamilton Mourão, em foto de arquivo - Antonio Cruz - 23.out.2019/Agência Brasil
O general da reserva ressaltou ainda que o Ministério de Relações Exteriores já tem feito contatos com autoridades chinesas. "O MRE está fazendo os seus contatos com o embaixador chinês", afirmou.
O filho do presidente Jair Bolsonaro comparou nas redes sociais a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia em 1986. As autoridades, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos.
Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yan Wanming, fez duras críticas ao deputado federal. Segundo ele, as palavras do parlamentar são um "insulto maléfico" contra a China e não condizem com a posição publica que ele ocupa.
Diante do episódio, o núcleo pragmático do Palácio do Planalto, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, tem defendido que o governo federal peça desculpas ao país asiático.
Bombeiros iranianos desinfetam as ruas da capital Teerã, na tentativa de barrar a propagação do novo coronavírus pelo país. -/AFP
O grupo militar afirma que autoridades brasileiras deveriam entrar em contato com a missão diplomática, de forma mais discreta, para deixar claro que a opinião do filho do presidente não é partilhada pelo Palácio do Planalto.
Interlocutores ouvidos pela Folha consideraram grave e fora da praxe diplomática o tom adotado tanto por Yang quanto pela conta oficial da embaixada da China no Brasil para responder a publicações de Eduardo.
Mourão disse que, até o momento, não teve nenhum dos sintomas do coronavírus, como febre e tosse, e afirmou que seguirá recomendação do Ministério da Saúde de só fazer o exame quando forem detectados indícios, para não sobrecarregar o sistema de saúde
"Não tenho sintoma. De acordo com as normas do Ministério da Saúde, se eu aparecer com tosse e febre, eu faço o teste", afirmou.
Bolsonaro realizou seu segundo teste do coronavírus na terça-feira (17). Segundo o próprio presidente, os dois resultados foram negativos.
Na quarta-feira (18), no entanto, os exames de dois ministros deram positivo: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Com os dois casos, subiu para 18 o número de integrantes da comitiva presidencial que receberam diagnóstico da doença depois de viajarem aos Estados Unidos.
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