segunda-feira, 16 de março de 2020

ECONOMIA: Dólar fecha a R$ 5 pela 1ª vez na História; Bolsa cai 13% nesta segunda

OGLOBO.COM.BR
Gabriel Martins e João Sorima Neto

Disseminação do coronavírus e falta de pacotes fiscais seguiram pressionando os mercados

Ações negociadas em Bolsa de Valores Foto: Pixabay

RIO — A rápida disseminação do novo coronavírus por todos os continentes derrubou os mercados nesta segunda e fez o dólar comercial renovar recordes históricos. A moeda americana, pela primeira vez desde a implementação do Plano Real, fechou cotada a 5,061, com alta de 5,16%. O Ibovespa (índice de referência da Bolsa de São Paulo) caiu 13,92%, aos 71.168 pontos.
Logo no início dos negócios, as negociações do mercado acionário foram suspensas. Às 10h25m, quando a Bolsa caia 12,53%, foi acionado o circuit breaker, que paralisou as negociações por 30 minutos. A media surtiu pouco efeito e o índice fechou em forte alta.
Nos EUA, o mesmo mecanismo foi acionado uma vez em Nova York. Lá, a suspensão também não aliviou o estresse nos mercados. O Dow Jones caiu 12,9%. S&P (mais amplo) e Nasdaq (tecnologia) fecharam com perdas de, respectivamente, 11,7% e 12,32%.
Na Europa, o cenário se repetiu. O Ibex 35, de Madri,recuou 7,88%. A Espanha decretou quarentena nacional. Em Paris, o CAC caiu 5,75%. FTSE 100 (Londres) e DAX (Frankfurt) tiveram desvalorização de, respectivamente, 4,01% e 5,31%. Na Ásia, O CSI300 (que reúne as principais empresas Xangai e Shenzen) registrou perdas de 4,3%. No Japão, o Nikkei caiu 2,46%.
Na véspera, em um movimento extraordinário, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) cortou em um poto percentual os juros, para a banda entre 0% e 0,25%. A medida, porém, teve pouco impacto diante de tamanha tensão nos mercados provocada pela pandemia do novo coronavírus.
— Cortes de juros ajudam neste momento, uma vez que a liquidez se torna um problema nos mercados. Mas o que preocupa os investidores é justamente a falta de um pacote amplo e claro de medidas na parte fiscal — diz Italo Lombardi, economista para América Latina do Crédit Agricole.
Lombardi, que fica sediado em Nova York, avalia que os Bancos Centrais já fizeram o que podiam. Na sua leitura, é preciso que os governos apontem quais medidas vão tomar para garantir a operação de setores duramente afetados pelas quarentenas:
— A parte monetária já foi feita. O que espera-se nesse momento é um plano para resgatar vários setores que podem quebrar. É difícil imaginar que o setor de aviação e de varejo, por exemplo, vão ficar bem, em um rápido período, depois de tudo que está acontecendo.
No Brasil, Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu facilitar a renegociação de dívidas e concessão de crédito, um pacote cujo impacto pode chegar a R$ 3,2 trilhões. Na Europa, o Banco Central do continente liberou 100 bilhões de europs para os bancos, com o objetivo de manter o fluxo de crédito na região.
— O olhar do mercado não está sendo racional nesse momento. Medidas como as anunciadas pelo Federal Reserve teriam trazido tranquilidade, mas provocaram efeito contrário. Talvez o mercado não precise de liquidez nesse momento de pânico — disse Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos.
Destaques do Ibovespa
Diante das quarentenas, com as adotadas pelos governos da Espanha e da França, a cotação das empresas aéreas listadas na Bolsa brasileira tombaram nesta segunda-feira. Os papéis da Azul e da Gol recuaram, respectivamente, 28,02% e 36,87%.
A empresa de milhagem Smiles registrou perdas de 28,2% nesta sessão. A operadora de turismo CVC caiu 32,25%.
As ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras caíram, respectivamente, 17,21% e 15%. Além dos temores generalizados, contribui para o desempenho negativo da estatal o preço do petróleo.
O barril do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres, operava com desvalorização de 12,11% no fechamento do mercado brasileiro, a US$ 29,75.

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