terça-feira, 24 de março de 2020

PANDEMIA: Ministério da Saúde irá ampliar para 22,9 milhões total de testes para novo coronavírus

FOLHA.COM
BRASÍLIA

Nova oferta deve abranger exames rápidos e laboratoriais; pasta avalia ampliar testagem de casos leves em cidades maiores

Diante do avanço do coronavírus no país, o Ministério da Saúde irá ampliar para 22,9 milhões o total de testes disponíveis para diagnóstico.
O volume, que deve ser anunciado nesta terça-feira (24), engloba a aquisição de testes rápidos e laboratoriais diretamente pela pasta ou por meio de parcerias público-privadas, além de doações.
O anúncio ocorre em um momento em que o governo tem sofrido pressão para ampliação da testagem de possíveis casos da Covid-19. O número atual de testes já distribuídos a laboratórios dos estados é de 30 mil, montante considerado insuficiente.
Nos últimos dias, a pasta vem ampliando progressivamente os anúncios de oferta de testes à população.
Inicialmente, a pasta informou que planejava chegar a 1 milhão de testes. Em seguida, a 2,3 milhões. No sábado (22), passou a 10 milhões. Agora, a 22,9 milhões.
De acordo com o ministério, deste novo total, 12,9 milhões fazem parte de uma primeira etapa, a qual inclui a entrega de uma nova leva de testes laboratoriais que usam a técnica de PCR, semelhantes aos usados hoje, e os primeiros testes rápidos a serem disponibilizados a profissionais de saúde e da área de segurança.

Homem é submetido a exame da Covid-19 em laboratório na França - AFP

Os testes com a técnica PCR duram de 1h30 a 4h e visam análise do material genético do vírus. Já os testes rápidos, com duração de 10 até 30 minutos, miram na detecção de anticorpos.
Parte do material desse segundo grupo foi adquirido pela Fiocruz e será importada da China. A estratégia de aplicar inicialmente em profissionais de saúde tem como objetivo garantir que funcionários da rede com sintomas tenham acesso a diagnóstico rápido.
Com isso, são previstas duas opções. Na primeira, profissionais devem ser testados no oitavo dia após o registro de sintomas e recomendação de isolamento. Na segunda, eles passam por testes diários até o oitavo dia.
A definição considera as limitações desse modelo de testagem, que precisa de protocolos para ser eficaz. O motivo é o fato de que o corpo demora de quatro a cinco dias, aproximadamente, para produzir anticorpos detectáveis pelos testes rápidos.
Segundo fontes do ministério, a depender dos resultados em profissionais de saúde e segurança, o material poderá ter aplicação estendida para parte da população —como em estratégias específicas para conter surtos, garantindo o isolamento de casos confirmados.
O material deve ser entregue até o dia 30 deste mês; o restante, em abril. Entram na conta também testes laboratoriais produzidos pela Bio-manguinhos e um volume de testes rápidos importados pela Vale.
Apesar da ampliação, representantes da pasta dizem que o volume ainda não deverá ser suficiente para atender toda a população que poderá apresentar sintomas.
Com isso, o ministério deverá manter por algum tempo a opção por testar apenas casos graves, como pacientes internados em hospitais, além de uma parcela de amostras de casos leves de gripe coletados em unidades de saúde sentinela —que visam verificar a circulação do vírus.
Mas o número dessas unidades deverá aumentar. A ideia é que passe de 168 para 500 em até três meses.
A oferta restrita de testes, no entanto, poderá ser ampliada em uma segunda fase. Nessa etapa, a ideia é ampliar a testagem para um número entre 30 mil e 50 mil testes por dia, quando é planejada também a instalação de "postos volantes" em cidades acima de 500 mil habitantes. Não há previsão de ampliação em cidades menores.
Para isso, o ministério negocia a compra de 10 milhões de testes do tipo PCR de empresas privadas.
Com isso, pessoas com sintomas poderiam ir a pé ou de carro para serem testadas. O plano é fazer a testagem por meio da instalação de máquinas automatizadas para análise de amostras de exames PCR, o que aceleraria a verificação.
As máquinas devem ser fornecidas em negociação com empresas privadas — inicialmente, o custo de cada uma é de R$ 2 milhões.

Equipes de limpeza higienizam ônibus na Rodoviária do Plano Piloto, região central de Brasília Pedro Ladeira/Folhapress
QUAIS OS TESTES HOJE DISPONÍVEIS PARA DIAGNOSTICAR O NOVO CORONAVÍRUS
>> TESTE LABORATORIAL RT-PCR (reação em cadeia de polimerase em tempo real)

O que é e para que serve
Chamado de teste molecular, tem como objetivo identificar um fragmento do genoma do novo coronavírus

Como funciona
Para isso, é feita a coleta de amostras das vias respiratórias (como muco e saliva) por meio de um instrumento chamado de swab, e que parece com um cotonete. Essa coleta é feita em unidades de saúde e enviada a laboratórios. A partir daí, é feita a extração do material genético e análise com kit de testagem por meio de insumos e equipamentos capazes de detectar o vírus

Tempo de análise
Leva até quatro horas, segundo Bio-Manguinhos, laboratório hoje responsável pelo fornecimento de kits. Somados coleta e outros processos, pode levar dias

Vantagens e desvantagens
É considerado um método de alto grau de precisão, porém com maior tempo de análise

>> TESTE RÁPIDO
(como testes sorológicos)

O que é e para que serve
Conhecidos popularmente como testes rápidos, tem como objetivo verificar a presença de anticorpos ou antígenos do vírus. Pode usar dois tipos diferentes de amostras: de sangue, soro e plasma ou das vias respiratórias, como no teste laboratorial.

Como funciona
A maioria dos testes é feita com uma pequena gota de sangue e consiste em uma pequena plataforma com reagentes e uma linha de marcação. O material permite verificar dois tipos de anticorpos (IgM e IgG)

Tempo de análise
De 10 a 30 minutos

Vantagens e desvantagens
Apesar de ser mais rápido, tem limitações. Uma delas é o fato de que o corpo demora a produzir anticorpos –em geral, o IgM a parece somente após o quinto dia após a infecção; já o IgG, após o 10º dia. É indicado para ser usado com protocolos específicos devido ao risco de falso negativo

CENÁRIO NO SUS
22,9 milhões é a previsão de testes a serem ofertados, dos quais
8 milhões de testes rápidos
4,9 milhões de testes PCR
10 milhões de teses PCR, em máquinas automatizadas

EM USO​
TESTES DE RT-PCR PARA DIAGNÓSTICO DE CASOS GRAVES

Fabricante: Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e empresas privadas
Quantidade: 4,9 milhões

Quem financia: Ministério da Saúde, que irá comprar 3 milhões de testes da Fiocruz; além de empresas privadas (Petrobrás deve doar 600 mil testes; 1,3 milhão devem ser comprados de empresas)

Valor: não informado; testes da Fiocruz custam R$ 98 cada um (total pode ser reduzido pela compra em escala)

Técnica: PCR, que verifica material genético do vírus
Objetivo: teste de amostras de pacientes com síndrome respiratória grave internados em hospitais e ou de alguns pacientes com quadro de síndrome gripal (cujos exames são coletados em unidades sentinela para verificar qual o tipo de vírus em circulação)
EM IMPLEMENTAÇÃO

TESTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE (teste rápido SARS-CoV-2 Antibody Test)
Quem fornece: Fiocruz e Vale
Quantidade: Fiocruz irá disponibilizar 3 milhões, e Vale, 5 milhões
Quem financia: Ministério da Saúde, no caso da Fiocruz; e Vale
Valor: não divulgado
Técnica: detecção de anticorpos
Objetivo: avaliar profissionais de saúde e segurança que apresentaram sintomas (como tosse, mal estar, dificuldade respiratória, febre, dor de garganta) e foram para isolamento domiciliar. Deve ser aplicado no 8º dia para verificar se podem voltar ao trabalho. Se positivo, profissional continuará em isolamento. Se negativo, volta a trabalhar. Possibilidade de uso também para conter surtos —neste caso, a ideia é aplicar na população em locais com alto número de casos, para recomendar isolamento

EM NEGOCIAÇÃO
TESTE PCR MAIS RÁPIDO PARA POPULAÇÃO GERAL (EM CIDADES COM MAIS DE 500 MIL HABITANTES)

Quem fornece: ainda não definido
Quantidade: previsão de 10 milhões
Quem financiará: Ministério da Saúde, além de possível doação de empresas
Valor: não divulgado; custo estimado é de R$ 2 milhões por máquina
Técnica: PCR, por meio de máquinas automatizadas e semiautomatizadas para diminuir o tempo de análise de amostras coletadas
Objetivo: aplicar em estruturas no modelo de “drive-thru” para teste de população com sintomas, em cidades acima de 500 mil habitantes. Resultado seria informado no dia seguinte por meio de mensagem
Fonte: Ministério da Saúde

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