terça-feira, 27 de novembro de 2018

ECONOMIA: Com atuação do BC no câmbio, dólar fecha a R$ 3,87

OGLOBO.COM.BR
Gabriel Martins e João Sorima Neto

Investidores avaliaram como positivo o anúncio do leilão de linha de US$ 2 bilhões no pregão desta terça-feira

Cédulas de dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

RIO e SÃO PAULO — A atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio fez o dólar fechar em queda nesta terça-feira, interrompendo uma sequência de cinco altas consecutivas. A moeda americana encerrou os negócios com baixa de 1,09%, negociada a R$ 3,876. Na véspera, o dólar fechou em R$ 3,91.
Para especialistas em câmbio, o mercado financeiro recebeu de forma positiva a atuação do BC que ofertou US$ 2 bilhões no mercado a vista por meio do chamado leilão de linha, em que os dólares oferecidos saem das reservas internacionais, atualmente em US$ 382 bilhões, com compromisso de recompra pela autoridade monetária. O BC não fazia este tipo de operação desde 28 de agosto deste ano.
— O Brasil possui muitas reservas cambiais. Quando o Banco Central decide atuar com sua mão pesada no câmbio, os agentes do mercado já sabem que a moeda americana cairá. O simples fato de o BC fazer o anúncio já tem eficácia — explica Pedro Coelho Afonso, economista e especialista em relações internacionais. — Porém, é importante frisar que a equipe econômica de Bolsonaro agrada o mercado, e a subida do dólar é em grande parte consequência do cenário externo. Assim que o governo começar, e a reforma da Previdência for aprovada, teremos uma retomada forte da confiança no país e, consequentemente, subida da Bolsa e queda do dólar.
Para Daniela Casabona, sócia-diretora da FB Wealth, o país tem dólares em caixa para segurar a moeda americana em momentos de alta volatilidade do mercado e os grandes players mundiais sabem disso.
— Mesmo com o cenário externo desfavorável ao Brasil, o leilão de hoje mostrou exatamente isso. Mais do que apenas segurar a alta da moeda americana, o Banco Central foi claro em sua mensagem que pode atuar quando for necessário — explicou a especialista.
A subida recente do dólar é consequência do cenário externo, diz o economista Pedro Coelho Afonso, especializado em investimentos.
— Assim que o novo governo tomar posse e a reforma da Previdência for aprovada, teremos uma retomada forte da confiança no país e a consequente subida da Bolsa e queda do dólar - explica Pedro Coelho.
Embora a atuação do BC tenha interrompido a alta da divisa, a agenda internacional continua no radar dos investidores, que estão cautelosos. O presidente dos EUA Donald Trump disse que espera seguir em frente com o aumento das tarifas sobre US$ 200 bilhões em importações chinesas(dos atuais 10% para 25%), em janeiro, e repetiu sua ameaça de taxar todas as importações restantes da China. A guerra comercial entre as maiores economias do planeta traz 
incertezas aos investidores.
Trump, que vai se reunir com o presidente da China Xi Jinping durante a cúpula do G20, afirmou que se as negociações não tiverem sucesso, ele irá taxar o restante das importações chinesas.
— Se não chegarmos a um acordo, vou adotar os US$ 267 bilhões adicionais, a uma tarifa de ou 10% ou 25% — disse Trump ao The Wall Street Journal.
Petrobras é destaque na Bolsa
O movimento de recuperação do mercado também aconteceu na Bolsa, apesar do mau humor dos pregões internacionais. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro de ações, fechou em alta de 2,74% aos 87.891 puxado pelos papeis da Petrobras, que tiveram altas expressivas. Segundo operadores do mercado, os avanços para a votação da cessão onerosa no Congresso tiveram influência positiva sobre os papéis da estatal.
Senadores da base do governo e da oposição aceitaram votar o projeto que revisa a cessão onerosa da Petrobras entre esta terça e quarta-feira, mas em contrapartida querem que o Planalto garanta a repartição de 20% dos recursos para estados e municípios através de algum instrumento legal.
- Os papéis da Petrobras subiram influenciados por esse avanço nas negociações no Congresso. No mercado internacional, o petróleo subiu 0,25% nesta terça, o que também ajudou. O os bancos, que ontem sofreram, hoje recuperaram parte das perdas - diz Ari Santos, gerente da corretora H. Commcor.
As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras subiram 3,80% a R$ 28,13, enquanto as preferenciais saltaram 5,56% a R$ 25,60. Os bancos, papeis com maior peso no Ibovespa, também se valorizaram com força. As ações preferenciais do Bradesco subiram 3,56% a R$ 37,48, enquanto os papéis PN do Itaú Unibanco registraram variação positiva de 3,32% a R$ 35,13.

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