terça-feira, 28 de agosto de 2018

ECONOMIA: Com incertezas no cenário eleitoral, dólar chega a bater R$ 4,14

OGLOBO.COM.BR
POR GABRIEL MARTINS

Julgamento no STF de denúncia contra presidenciável deixa investidores receosos; Bolsa recua 0,6%

Acordo de livre comercio entre EUA e México influencia positivamente no comportamento do dólar no mercado brasileiro - Thomas White/Reuters

RIO — O dólar comercial iniciou os negócios desta terça-feira com desvalorização ante o real. Entretanto, o comportamento foi invertido e a moeda opera com alta de 1,42%, negociada a R$ 4,14. Na máxima, chegou a R$ 4,146. O que pesa para esta volatilidade continua sendo o noticiário político. Nesta terça, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) prevê julgar uma denúncia pelo crime de racismo contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Como tem ocorrido recentemente, as notícias relacionadas às eleições fazem com que o comportamento do mercado mude repentinamente. Por sua vez, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, opera com queda de 0,68%, aos 77.403 pontos.
— Durante o período eleitoral, qualquer fato relacionado a políticos e campanhas trazem volatilidade para o dólar. Neste pregão, as expectativas locais estão focadas no julgamento do candidato Bolsonaro pelo STF — avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença. — Durante a fase de eleição, o mercado se posiciona em cima do noticiário.
Embora não haja qualquer tipo de impedimento à candidatura de Bolsonaro à Presidência caso se torne réu, a situação amplia a cautela dos investidores devido a um cenário de insegurança jurídica.
Mesmo com notícias pontuais sobre candidatos e campanhas, o fator que influencia e vai continuar afetando o mercado local é o período eleitoral, ponderam os analistas.
— Não tem nada de curto prazo afetando o comportamento do dólar, a não ser as eleições. O cenário ficará incerto e a volatilidade continuará até novembro, dias após o segundo turno — indica Guilherme Foureaux, sócio e gestor da MRJ Marejo.
Entretanto, pelo segundo dia, o acordo de livre comércio assinado entre Estados Unidos e México, nesta segunda, continua refletindo no mercado internacional. Com isso, o dólar opera em queda contra as principais divisas.
O "Dollar Index", índice da Bloomberg que acompanha o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, tem queda de 0,32%.
Sem o alívio proporcionado pelo acordo entre EUA e México, os analistas acreditam que seria possível que a moeda americana estivesse em patamares maiores que os atuais no Brasil.
— Se o dólar estivesse se fortalecendo no exterior, é possível que atingisse patamares mais elevados no mercado local. Entretanto, acredito que a moeda ainda não atingiu seu teto, ou seja, ainda pode alcançar novas máximas — avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
Principais ações em queda
Em um cenário diferente do da véspera, os papéis ordinários (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras operam com queda de 0,55% e 0,85%, respectivamente.
O setor bancário, de maior peso na composição do Ibovespa, segue a mesma tendência. Os papéis ordinários do Banco do Brasil e do Itaú Unibanco recuam 0,32% e 0,72%, respectivamente. Os do Bradesco, entretanto, sobem 0,07%.
A Vale, por sua vez, opera no campo negativo. As ações ordinárias da mineradora têm desvalorização de 0,14%.
Bolsas globais em alta
No exterior, o dia é de ganhos. Nos EUA, os índices seguem impulsionados pelo acordo comercial entre Washington e México.
O Nasdaq — que concentra ações de tecnologia — tem alta de 0,1%. Já o S&P 500, mais amplo, avança 0,03%. O Dow Jones, principal índice da Bolsa dos EUA, tem ganhos de 0,07%.
Na Europa, o índice DAX, de Frankfurt, que teve um bom desempenho na véspera, fechou com leve queda de 0,09%. O CAC 40, em Paris, encerrou o pregão com valorização de 0,11%. Já a Bolsa de Londres, o FTSE encerrou os negócios com alta de 0,52%.
Na avaliação de Rafael Antunes, Rafael Antunes, sócio responsável pela área de renda variável da Inove Investimentos, o bom humor dos investidores após o acordo entre EUA e México continua refletindo no comportamento global, e contribui para que as perdas do Ibivespa não sejam maiores.
— O mercado está pautado na perspectiva de que esse acordo possa ser externalizado com o Canadá, e que esse diálogo com o México seja repetido com a Europa e a China — diz Antunes. — Embora tenha operado a maior parte do dia no campo negativo, as perdas do Ibovespa poderiam ser bem maiores caso o mercado externo estivesse agitado.

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