segunda-feira, 6 de agosto de 2018

ANÁLISE: Chapa do PT já coloca o 'poste' na rua

OGLOBO.COM.BR
POR FRANCISCO LEALI

PT indicou Fernando Haddad como vice de Lula e anunciou coligação com PCdoB, que prevê retirada de candidatura de Manuela D'Ávila

O ex-prefeito Fernando Haddad com Lula - Edilson Dantas / Edilson Dantas/Agência O Globo

BRASÍLIA — Reza a tradição: político não desiste antes da hora; não aponta a quem vai aderir no segundo turno; e, finalmente, não admite um plano B a seu nome. Fazer isso seria o mesmo que se autodesacreditar. Se nem o candidato confia que irá adiante, por que os eleitores terão que acreditar? É a pergunta que naturalmente se apresenta. A opção feita pelo PT ontem parece indicar que o partido já se preparou para o cenário que, pelo menos publicamente, não reconhece: Lula é o candidato, mas, com um provável "não" da Justiça, sairá do páreo.
Os petistas, então, apresentaram sua engenharia de campanha. Lula aparecerá no horário eleitoral até onde for possível. Fernando Haddad é o vice estepe. Só que a vice, de fato, é Manuela D'Ávila do PCdoB.
Mas por que não colocar já Manuela na vice agora? Os próprios petistas explicam. É preciso ter alguém do PT para fazer a "vocalização" da candidatura de Lula. Traduzindo: Haddad é o porta-voz do Lula preso. Vai, ao lado de Manuela, tentar ocupar os espaços públicos que Lula, pelo óbvio da detenção, está impedido.
Nas eleições de 2012, Haddad, ex-ministro da Educação, foi apontado como o "poste" que Lula encontrou para a eleição da prefeitura de São Paulo. Haddad se elegeu. Na época, tinha carreira acadêmica e administrativa consolidada e até reconhecida, mas não tinha experiência de urna. Agora tem. Venceu a primeira, e perdeu a segunda em 2016.
Em nome da insistência do PT em lançar Lula, sua melhor e mais popular opção segundo as pesquisas eleitorais, Haddad é tratado como mero porta-voz. Só depois do "não" judicial é que se tornará candidato de fato. Ou seja, os petistas parecem indicar que o ex-prefeito será, de início, o "poste". Pode com isso ganhar visibilidade eleitoral. Os estrategistas do PT podem também dizer que criaram uma fórmula de apostar, ao mesmo tempo, em duas alternativas: Lula e Haddad.
Mas como reza a tradição política cabe a tal pergunta: se o PT já se prepara para efetivar Haddad como seu candidato, não está dizendo aos eleitores que nem mesmo o partido acredita que o ex-presidente conseguirá disputar a presidência?

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