segunda-feira, 26 de março de 2018

POLÍTICA: Lula enfrenta confrontos em caravana, e Haddad se movimenta no PT

OGLOBO.COM.BR
POR SÉRGIO ROXO

No Sul, pedrada atinge ex-deputado ao lado de Lula; militantes entram em confronto

Em São Miguel do Oeste (SC), carro da comitiva de Lula é atacado por manifestantes: pedra atingiu ex-deputado petista Paulo Frateschi, que foi ferido na orelha e hospitalizado - Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

SÃO PAULO — O fim de semana da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Sul do país foi marcado por confrontos e atos violentos contra a comitiva do petista. Depois de pedras terem sido lançadas sábado à noite contra o palco em que Lula fazia discurso em Chapecó, Santa Catarina, na tarde de domingo um grupo aguardou a chegada do comboio em Nova Erechim (SC) lançando ovos contra os carros. Para deixar Chapecó (SC), no fim da noite de sábado, a comitiva teve de mudar de rota. Grupos ligados ao PT reagiram às manifestações e partiram para confrontos nas duas cidades.
No sábado, antes mesmo de Lula chegar a Chapecó (SC), houve confrontos na praça da cidade entre militantes petistas e grupos anti-Lula com ovos, pedras e rojões. No ato, Lula reagiu dizendo que não quer briga, mas também não vai fugir dela. A caravana está marcada para terminar na próxima quarta-feira, em Curitiba, onde está marcado um ato de petistas.
Em sua conta no Twitter, após a passagem por Chapecó, o ex-presidente chegou a pedir uma trégua: “Um abraço, Chapecó! Um beijo e até mais se Deus quiser. Um conselho: não vamos ficar raivosos. E fascistas: aprendam a viver em democracia. O ódio não leva a nada”. Ainda em Chapecó, uma pedra atingiu o ex-deputado petista Paulo Frateschi, que estava ao lado de Lula no palco. Ele foi levado a um hospital com ferimento grave na orelha, mas recebeu curativos e passa bem. No domingo, já em Nova Erechim, o protesto contra a caravana tomou corpo assim que petistas chegaram ao município. Foram registrados danos a um dos ônibus que levam a comitiva pelas cidades do Sul desde o dia 19.
Lula fará discursos nesta segunda-feira em duas cidades paranaenses: Francisco Beltrão, de manhã, e Foz do Iguaçu, no início da noite. O PT manterá a agenda de compromissos da caravana até o final. A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), usou a internet para criticar os protestos: “Apesar de incidentes graves em relação à segurança e agressividade de grupos e milícias armadas incentivadas pela extrema-direita, a nossa militância foi aguerrida na defesa do ex-presidente”, disse ela.

HADDAD BUSCA MELHORAR IMAGEM
Haddad cumprimenta Lula: ex-prefeito teve encontros com Dirceu e Dulci para diminuir rejeição no PT - Luciano Claudino/Codigo19/15-2-2017

Enquanto a caravana de Lula enfrenta hostilidades e o ex-presidente se aproxima de virar ficha-suja com a o julgamento, nesta segunda-feira, de seu último recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) se movimenta. Rejeitado por parte do PT, que descarta a sua escolha como plano B caso Lula seja impedido de disputar a eleição, Haddad iniciou uma estratégia para tentar melhorar a sua imagem no partido e tem marcado conversas com figuras históricas da legenda.
No último dia 12, por exemplo, Haddad visitou, em Brasília, o ex-ministro José Dirceu. Apesar de não ter o mesmo poder da década passada, Dirceu ainda influencia o partido, principalmente a base. O ex-ministro foi solto em maio do ano passado, depois de passar um ano e nove meses em prisão preventiva por causa da Lava-Jato. Com tornozeleira eletrônica, aguarda o julgamento dos embargos da sua condenação na segunda instância. Se o recurso for negado, pode voltar à cadeia.
A visita do ex-prefeito chamou a atenção porque ele nunca teve uma relação próxima com Dirceu. Em 2012, no meio do julgamento do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil provocou constrangimento ao aparecer no ato de lançamento da candidatura de Haddad à prefeitura de São Paulo, roubando os holofotes.
Além de Dirceu, Haddad também procurou recentemente uma outra figura histórica do PT: o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Luiz Dulci, um dos mais antigos e fiéis aliados do ex-presidente Lula.
Uma das preocupações de Haddad em conversas com lideranças petistas é mostrar que não está trabalhando para se viabilizar candidato no lugar de Lula. O argumento é que ele só poderia ocupar a cabeça da chapa do PT se o ex-presidente não puder concorrer e indicá-lo para o seu lugar.
Aliados de Haddad minimizam a rejeição no PT. Afirmam que esse sentimento existe apenas num grupo de petistas paulistas, que foi contrariado durante a sua gestão na capital do estado.
Uma outra estratégia usada por Haddad no embate interno do PT é propagar a sua proximidade com Lula. Em fevereiro, quando muitas lideranças especulavam a existência de uma crise na relação entre ele e o ex-presidente, Haddad postou nas redes sociais fotos de uma feijoada preparada por sua mãe, que teve como convidados Lula e os escritores Fernando Morais e Raduan Nassar.
Além de apontarem problemas em sua gestão em São Paulo e criticarem seu mau desempenho eleitoral (em 2016, ao tentar a reeleição, perdeu no primeiro turno), os adversários de Haddad no partido também o acusam de ser arrogante e de só pensar em si próprio. Nos encontros, ele não se preocuparia, por exemplo, em perguntar aos candidatos a deputado como estão tocando suas campanhas.
ESTRATÉGIA ATÉ 20 DIAS ANTES DA ELEIÇÃO
Historicamente, o principal elo de Haddad com o PT sempre foi Lula. O ex-presidente o escolheu para disputar a prefeitura em 2012. Na ocasião, Lula trabalhou para retirar da disputa outros nomes da legenda que pretendiam encabeçar a chapa. Também foi um cabo eleitoral importante nos programas de televisão e comícios.
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner também é apontado como possível plano B. Wagner, porém, teve a imagem arranhada no fim do mês passado, quando a operação da Polícia Federal que investiga irregularidades em obras do Estádio da Fonte Nova teve como um dos alvos a sua casa.
Mesmo com a condenação em segunda instância, que o enquadra na Lei da Ficha Limpa, Lula deve ser registrado como candidato em agosto. A estratégia é só retirá-lo da cabeça da chapa no prazo final (a 20 dias da eleição). Nesse momento, seria escolhido um novo nome, e os petistas tentariam transferir os votos.

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