sexta-feira, 16 de março de 2018

LAVA-JATO: Por unanimidade, tribunal torna Picciani, Melo e Albertassi réus na Cadeia Velha

OGLOBO.COM.BR
POR BRUNO ABBUD

Deputados são acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

Jorge Picciani, Paulo Melo e Albertassi deixam o IML escoltados por agentes da Policia Federal - Guito Moreto / Agência O Globo

RIO — A primeira seção especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região aceitou, na tarde desta quinta-feira, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra os deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, presos em novembro passado durante a operação Cadeia Velha da PF. A denúncia foi recebida por unanimidade, transformando os acusados em réus na Justiça Federal.
Acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, os deputados, estão presos há quase cinco meses no presídio de Benfica, em decorrência das delações dos doleiros Álvaro Novis e Edmar Dantas, do empresário Marcelo Traça e do ex-presidente do TCE-RJ Jonas Lopes.
Acompanharam o voto do relator Abel Gomes os desembargadores Messod Azulay Neto, Paulo Espírito Santo, Simone Schreiber e Marcello Granado. A sessão durou cerca de cinco horas.
— É plausível que tenha ocorrido crime de corrupção — disse o relator. — Os acusados integrariam parte da organização criminosa liderada por Sérgio Cabral.
Para o desembargador Messod, revisor do processo, a autoria e materialidade dos crimes estão "plenamente demonstradas" na denúncia.
— A situação é gravíssima — disse o magistrado. — Tem um cheiro muito ruim. Todas as delações batem com as provas apresentadas pelo MPF.
Em sua sustentação oral, o advogado Nélio Machado, que defende Picciani, pediu a transferência do ex-deputado estadual para prisão domiciliar. Segundo ele, Picciani, que completará 63 anos neste mês, "usa dez fraldas por dia e não controla a micção", além de viver inserido em um "odor fétido" numa cela dividida com outros detentos.
— A doença de um dos réus me sensibiliza, mas não posso fazer nada. Que Deus o ajude — disse o desembargador Paulo Espírito Santo, durante o terceiro voto, de cinco magistrados presentes.
Os advogados de Paulo Melo e Edson Albertassi questionaram a competência da turma para julgar o caso e a existência de justa causa para o recebimento da denúncia, o que foi rechaçado pelos desembargadores.
Para justificar a manutenção da prisão dos deputados, o procurador Carlos Aguiar, do MPF, enfatizou que os réus, mesmo presos, mantêm poder sobre a administração pública. Segundo ele, isso se daria pelo controle das nomeações para cargos comissionados no governo estadual. O procurador citou uma planilha encontrada no computador de Albertassi em que o loteamento de cargos públicos está detalhado.
— A planilha inclui pelo menos 60 nomes, a maioria de deputados, que controlam cargos no Detran, na Polícia e em vários setores do Executivo estadual. O Rio de Janeiro é regionalizado — disse.
Segundo Aguiar, Albertassi era o "gestor desses cargos".
— Difícil saber quais foram as contrapartidas para essas nomeações.
Com base nessa planilha, o relator Abel Gomes indeferiu os pedidos de soltura apresentados pelas defesas dos três deputados. "Essas pessoas ainda têm um poder de influência muito grande", justificou.
A defesa de Paulo Melo também pediu o desbloqueio judicial de uma casa em um condomínio em Saquarema, alegando que o dinheiro proveniente da venda ou aluguel do imóvel serviria para financiar uma prótese para o filho do deputado, que teve o braço esquerdo decepado depois de um acidente de trânsito. O pedido foi negado por unanimidade.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |