terça-feira, 3 de novembro de 2015

NEGÓCIOS: Itaú Unibanco espera aumento na inadimplência devido à recessão

OGLOBO.COM.BR
POR RONALDO D’ERCOLE

Maior banco privado do país tem alta de 10% no lucro líquido do terceiro trimestre

Agência do Itaú Unibanco em São Paulo - Patricia Monteiro / Bloomberg News

SÃO PAULO - Maior banco privado do país, o Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 5,9 bilhões no terceiro trimestre, resultado 10% superior ao do mesmo período de 2014. Assim, apesar da piora do ambiente doméstico e do aprofundamento da recessão econômica, no acumulado dos nove primeiros meses do ano o banco acumula ganhos de R$ 17,6 bilhões, um salto de 19,97% na comparação em 12 meses. A empresa, porém, prevê novas altas de seus índices de inadimplência nos próximos trimestres, como reflexo do enfraquecimento da economia.
— (A inadimplência) deve continuar a subir, enquanto esse cenário se mantiver — disse Kopel a jornalistas durante teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre.
O índice de inadimplência medido por créditos vencidos há mais de 90 dias apresentou elevação de 0,1 ponto percentual ao final de setembro na comparação ao mesmo mês do ano passado, passando de 3,2% para 3,3%.
A exemplo do que fizera o Bradesco, o Itaú elevou ainda mais seu índice de cobertura, atingindo 214% — ou seja, para cada R$ 1 em crédito em atraso o banco tem provisionado R$ 2,14. Bem acima dos níveis históricos de cobertura do banco, entre 150% e 180%, e que segundo Kopel reflete o ambiente de recessão e incertezas da economia no momento.
— Temos elevado nosso nível de cobertura gradualmente desde o segundo trimestre de 2014, quando estava em 176%. A tendência é continuarmos ajustando nossos níveis de provisão de forma antecipada. Esse movimento tem um caráter 'antecipatório' por conta da economia mais fraca — disse Kopel, em teleconferência com jornalistas.
A carteira de crédito total ajustada (que inclui, fianças, avais e títulos privados) teve crescimento de 10,1% em 12 meses, alcançando R$ 590,7 bilhões em setembro. Se forem descontados os efeitos da valorização do dólar, que afetam tanto os saldo de parte dos empréstimos corporativos como as operações do banco no exterior, houve um encolhimento de 0,4% no total de operações de financiamento do banco em 12 meses. Em razão disso e do aumento das provisões contra créditos duvidosos, foi que no terceiro trimestre dos R$ 6,1 bilhões de lucro, R$ 3,4 bilhões, ou 55% do total, vieram das receitas de serviços, tarifas e seguridade. As atividades de crédito responderam por 41% dos ganhos, e a diferença resultou de aplicações do “excesso de capital” do banco.
— Evidentemente, quando tivermos um ambiente de economia crescendo a parcela de crédito tende a ganhar maior relevância — disse Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco.
Reflexo da maior cautela na concessão de financiamentos, as carteiras de linhas com inadimplência historicamente menor, como o crédito imobiliário e o consignado, tiveram crescimento de 21,5% e 25,4% sobre os saldos de setembro de 2014, o que assegurou ao banco a liderança nesses segmentos entre os bancos privados.
“Há 3 anos, essas carteiras representavam 19,7% do total emprestado pelo banco a pessoas físicas no Brasil, e hoje representam 42,5%, o que demonstra a migração da carteira para linhas mais seguras”, destacou o banco em seu relatório trimestral.
RENTABILIDADE
A rentabilidade (medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido) caiu ligeiramente, de 24,5% em setembro de 2014, para 23,3%. Em termos recorrentes, quando se desconsidera eventos que não se repetirão nos próximos trimestre, a rentabilidade do Itaú Unibanco permanece em 24%.
“Em um ambiente de desaceleração econômica e menor demanda de crédito, o banco continua focando em receitas de seguros e serviços, menos afetadas pela volatilidade da economia, por meio da oferta de soluções de maior valor agregado aos seus clientes”, destacou o banco em seu balanço.
Nos primeiros nove meses de 2015, as receitas com seguros e serviços cresceram 9,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancarias, contudo, respondem pela maior parte destes ganhos. No terceiro trimestre, somaram R$ 7,68 bilhões, contra R$ 1,7 bilhão do resultado das operações de seguros e previdência.
Além de procurar diversificar as fontes de receita, o banco destaca em seu balanço que “tem direcionado esforços para manter custos sob controle, crescendo abaixo da inflação”.
O índice de eficiência, que representa a relação entre custos e receitas do banco, atingiu 43,5% nos primeiros nove meses de 2015, com melhora de 3,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os ativos totais do Itaú Unibanco alcançaram R$ 1,3 trilhão ao final de setembro, e os recursos próprios, captados e administrados totalizaram R$ 1,9 trilhão nos primeiros nove meses de 2015. O Índice de Basileia, que mede a relação entre o capital do banco e os ativos ponderados pelo risco, foi de 16,1% ao final do trimestre.
“Administramos o banco com visão de longo prazo. Desta forma, adotamos desde 2012 uma estratégia visando reduzir a volatilidade do nosso resultado. Nos últimos anos, focamos em produtos de crédito de menor risco, em receitas de serviços e seguros e no controle de custos, o que deixa o banco menos exposto a ciclos econômicos do que no passado”, afirma Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco.
EXPANSÃO EXTERNA
O Itaú Unibanco informou ainda que a fusão entre sua operação no Chile (Itaú Chile) e o CorpBanca local recebeu a última autorização necessária, do regulador competente no Chile, a Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras (SBIF). A fusão deverá ser concretizada no início de 2016 e o novo banco operará sob a marca Itaú nos mercados chileno e colombiano.
A provisão do banco para perdas com inadimplência, descontando a recuperação de crédito, somou R$ 4,653 bilhões entre julho e setembro, montante 6,1% superior ao do segundo trimestre e 39,2% acima do terceiro trimestre de 2014.
O Itaú Unibanco fechou o terceiro quarto do ano com rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido de 24%, ante 24,8% no trimestre anterior e 24,7% de um ano antes.
BRADESCO LUCROU R$ 4,1 BI
Na semana passada, o Bradesco anunciou que fechou o terceiro trimestre com lucro líquido contábil de R$ 4,1 bilhões, valor 6,1% maior que o do mesmo período de 2014, de R$ 3,87 bilhões. Desconsiderando eventos não recorrentes, o lucro ajustado do segundo maior banco privado do país chegou a R$ 4,5 bilhões no período, alta de 14,8% na mesma comparação.
Nos primeiros nove meses do ano, o lucro líquido (ajustado) acumulado somou R$ 13,311 bilhões, valor 18,6% maior em comparação aos R$ 11,227 bilhões obtidos pelo banco no mesmo período de 2014), correspondendo a uma rentabilidade de 21,2% (lucro líquido sobre patrimônio líquido médio).
Do ganho total, R$ 9,428 bilhões foram provenientes das atividades financeiras do banco, correspondendo a 70,8%; R$ 3,883 bilhões foram gerados pelas atividades de seguros, previdência e capitalização, ou 29,2% do total.

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